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21/08/2015

LIÇÃO 08 – APROVADOS POR DEUS EM CRISTO JESUS - 3º TRIMESTRE DE 2015 (II Tm 2.1-18)



INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a definição da palavra “aprovado”; em seguida, analisaremos algumas qualidades do servo aprovado, e ainda, estudaremos algumas virtudes do obreiro Timóteo como um verdadeiro exemplo a ser seguido, e por fim, terminaremos vendo algumas lições de como servir a Deus e ser um crente aprovado.

I – DEFINIÇÕES

Aprovado. O termo no grego “dokimazo” significa: “ser aprovado verdadeiramente”. Já a expressão “dokimos” descreve a “tudo o que foi provado e purificado e que está preparado para o serviço”. O dicionário da língua portuguesa define a palavra aprovado como: “aquele que teve aprovação, admitido, julgado apto, aquele que é julgado verdadeiramente bom”.

II – QUALIDADES DO SALVO QUE É APROVADO DIANTE DE DEUS

·         Fidelidade (1Tm 4.12,13,15). Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. A fidelidade é indispensável na vida de um salvo, pois, envolve todas as áreas da sua vida. Fidelidade com Deus, com o cônjuge e filhos, com a igreja, nos negócios, enfim, em todas as coisas. “... além disso, requer-se... que cada um se ache fiel” (1Co 4.1,2).


·         Vigilância (1Tm 4.16). Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem. O crente que não é vigilante pode tornar a sua vida numa tragédia. É preciso ser vigilante em todas as áreas, para que os nossos adversários, inclusive o diabo, não tenha de que nos acusar. O crente deve ficar sempre de prontidão e nunca dormir em relação ao seu testemunho pessoal; pois o inimigo não dorme, ele trabalha de dia e de noite, procurando uma brecha para entrar e destruí-lo (1Pe 5.8; 1Ts 5.6).

·         Resiliência (2Tm 2.3-5). Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente. Hoje muitos não querem mais sofrer por amor a Cristo. O crente não foi chamado só para viver um evangelho de conforto, mais também de sofrimento e provação. O apóstolo Paulo escrevendo aos filipenses, diz: “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele, tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e, agora, ouvis estar em mim” (Fp 1.29,30; vejamos ainda 2Tm.2.11-13).

·         Verdade (2Tm 4.1-5; Tt 2.1). CONJURO-TE, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. TU, porém, fala o que convém à sã doutrina. O crente aprovado, é verdadeiro porque vive na verdade e prega a palavra da verdade. Só pode pregar a palavra da verdade, aquele que é verdadeiro; quando o apóstolo Paulo disse: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”; isto significa dizer que, para se apresentar a Deus aprovado, é preciso estar vivendo a verdade. Quem vive a verdade tem aprovação de Deus, não é envergonhado por ninguém e tem autoridade de manejar bem a Palavra da verdade.

·         Humildade (1Tm 6.3,4, 11). Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. A humildade é uma virtude que identifica o verdadeiro homem de Deus. O servo aprovado ele não deve ser orgulhoso, soberbo e de olhar altivo; e sim amigo, comunicativo, amável, generoso e humilde (Ef 4.1,2). A palavra de Deus nos diz: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18). “... diante da honra, vai a humildade” (Pv 18.12).

·         Disposição (2Tm 2.15a). Procura apresentar-te a Deus aprovado,. Quando Paulo disse ao seu discípulo Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado", significa "procura estar sempre disponível pra Deus". Nenhuma ocupação terrena pode privar-nos desta disponibilidade (2Tm 2.4). É claro que há crentes que têm suas atividades profissionais, e que delas depende sua sobrevivência. Estes devem buscar se organizar de tal maneira o seu tempo, para que haja maior disponibilidade possível para trabalhar na Obra de Deus.

III – EXORTAÇÕES AO CRENTE TIMÓTEO

A expressão "procura apresentar-te" (2Tm 2.15) significa: "sê diligente, zeloso". Ê traduzida por "depressa" e "apressa-te", em 2Timóteo 4.9, 21 e Tito 3.12, respectivamente. A ênfase desse texto é sobre o fato de que o crente precisa ser diligente em seus trabalhos de modo a não ficar envergonhado quando sua obra for inspecionada. "Manejar bem" também pode ser traduzido por "dividir corretamente" ou "cortar em linha reta" e se aplica a várias tarefas diferentes: arar um sulco reto, cortar uma tábua reta, costurar uma emenda reta. Vejamos:

·         Apresentar-se aprovado (II Tm 2.15-a). A palavra que Paulo emprega para dizer “apresentar-se” é a palavra grega “parastesai”, que significa caracteristicamente “apresentar-se apto para o serviço”, isso desenvolve a ideia de utilidade para e no serviço. Como já vimos, a palavra grega para aprovado é “dokimos” e descreve a tudo o que foi provado e purificado e que está preparado para o serviço. Descreve o ouro ou a prata que foram purificados e limpos de toda liga no fogo. Também é a palavra que se usa para referir-se a uma pedra que foi cortada, lapidada e provada e estar pronta para ser localizada exatamente em seu lugar num edifício. Se existisse uma pedra com uma imperfeição marcava-se com a letra “A” maiúsculo, que representava a palavra grega “adokimastos”, que significava que aquela pedra foi provada e encontrada com falhas. Assim, Timóteo devia ser purificado e provado para que pudesse ser um instrumento adequado para a tarefa de Cristo, e portanto, um trabalhador que não tivesse do que envergonhar-se. Assim, todo crente fiel e aprovado, deve buscar, apresentar-se diante de Deus julgado apto.

·         Manejar bem a Palavra (II Tm 2.15-b). O apóstolo Paulo, orienta Timóteo que: “maneje bem a palavra de verdade”. A palavra grega que corresponde a esta tradução é a expressão “orthotomein”, que literalmente significa “cortar bem”. Relaciona-se com um pai que divide os mantimentos para seus filhos durante a refeição, cortando-os de tal maneira que cada membro da família receba a porção correta, necessária e adaptada e que nenhum fica sem sua porção. Os próprios gregos usavam esta palavra com significados distintos, a saber: primeiramente usavam-na para referir-se a traçar um caminho reto e sem curvas no campo e, em segundo lugar, ao referir-se à tarefa de um pedreiro ao cortar e dar forma a uma pedra de modo que se encaixasse perfeitamente em seu lugar de maneira correta na estrutura de um edifício. Todo servo de Cristo, deve procurar ter intimidade com a Palavra do Senhor, tendo condições de ser apresentado como digno de toda aceitação.

IV - COMO SERVIR A DEUS SENDO UM COOPERADOR APROVADO

·         Bom caráter. O testemunho de Timóteo influenciou os seus conterrâneos de Atenas e Macedônia. Ver Atos 17.15,34; 18:7 e 8. A expressão “caráter” significa: “o conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo que lhe determina a conduta – como a pessoa age”. Paulo escreve a Timóteo dizendo que aquele que almeja cooperar na obra do Senhor, excelente obra almeja (1Tm 3.1). No entanto, estará apto para esse serviço se além de ter a chamada divina, seja irrepreensível no seu caráter “Convém, pois, que... seja irrepreensível” (1Tm 3.2-a). No texto de Atos 16.2 vê-se que ele era reconhecido em sua cidade Listra, e também em Icônio. É muito animador ver que existem pessoas que são capazes de causar uma boa impressão. Porém, no caso de Timóteo, o seu testemunho falava alto, a ponto de pessoas de outra cidade reconhecer a sua fé. Portanto, é imprescindível para aquele que coopera na obra de Deus possuir as qualificações morais que ela exige (At 6.3; I Tm 3.1-16; Tt 1.5-9).

·         Irrepreensível. Paulo mencionou à Timóteo o exemplo de Jesus diante de Pôncio Pilatos “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.” (1Tm 4.12; 6.13-16). Ter um bom testemunho perante as pessoas obedecer aos mandamentos de Cristo e guardá-los sem mácula, com um coração puro, íntegro e sincero perante Deus. Que as pessoas ao nosso redor reconheçam em nós o caráter de Jesus. Ser sal e luz, fazer toda a diferença. Timóteo imitou o modo de vida de Paulo. Escolheu alguém que agradava à Deus e seguia os passos de Cristo. Tirou para si tudo o que havia de bom na figura de Paulo. Todos aqueles que irão viver a eternidade deverão ser encontrados irrepreensíveis antes da volta de Cristo (1Tm 6.6-7; 2Pd 3.14; Mt 5.8).

·         Responsável. O Aurélio define a palavra “responsável” como: “que tem noção exata de responsabilidade; que se responsabiliza pelos seus atos; que não é irresponsável”. O serviço ao Senhor precisa ser feito com muita responsabilidade, visto que aquilo que fazemos e a maneira como realizamos será submetido a análise no Tribunal de Cristo, onde as obras dos salvos serão julgadas (Rm 14.10; 1Co 3.13-15; 1Co 5.10).

·         Conhecedor e pregador da Palavra de Deus. Paulo nos aconselha a pregar Palavra de Deus. Não podemos perder as oportunidades de ministrar a Palavra aos nossos amigos e familiares, mesmo quando sabemos que os confrontaremos. Devemos atender a este mandamento do Senhor e pregar. Não calar os nossos lábios e dizer aquilo que o Senhor tem colocado em nosso coração, é um dever cristão (2Tm 4.1-2; 1Tm 6.17-21). “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.14-15).


CONCLUSÃO

Ser aprovado diante de Deus, é servi-lo fielmente, sendo um exemplo para os que nos rodeiam, e testemunharmos as virtudes de Cristo. Aprendemos também com esta lição, que como servos de Cristo, devemos manter nossa vida plenamente pautada em sua Palavra para sermos tidos como aquele que “maneja bem a Palavra da verdade.


REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

15/08/2015

LIÇÃO 07 – EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO - 3º TRIMESTRE DE 2015 (II Tm 1.3-8; 2.1-4)




INTRODUÇÃO
Nesta lição estaremos comentando de forma introdutória a segunda carta que Paulo escreveu a Timóteo. Destacaremos autoria, data e contexto histórico desta epístola; bem como, pontuaremos a grande afeição que o apóstolo sentia por este jovem cooperador; e, por fim, destacaremos algumas admoestações dadas por Paulo a este obreiro a fim de que continuasse a progredir no exercício do seu ministério.

I – INFORMAÇÕES SOBRE A SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO

“Essa carta foi escrita de Roma para instruir mais ainda Timóteo e explicar os seus deveres pessoais. É a última carta escrita por Paulo, um tipo de último desejo e testamento, e é de grande importância por nos mostrar como ele era profundamente equilibrado e espiritual mesmo prestes a morrer. Tem um tom mais pessoal do que Primeiro Timóteo. Ele deseja ver Timóteo mais uma vez e diz-lhe para que venha encontrar-se com ele depressa (II Tm 4.9). No caso dele não conseguir chegar em tempo, Paulo o aconselha a ser corajoso e operante na obra (II Tm 1.5,7; 2.4-6), e o adverte dos tempos maus que virão (II Tm 3.1-7). Pela sua própria situação todos os seus companheiros, exceto Lucas, o haviam abandonado (II Tm 4.11). Ele agora se encontra numa fria e úmida masmorra e pede a sua capa (II Tm 4.13), e almeja ter companhia (II Tm 4.9,21). Em tudo isso ele encara a morte com triunfo (II Tm 4.7,8)”.

Autoria.
As epístolas pastorais reivindicam a autoria paulina, fato declarado abertamente na saudação de ambas as cartas (I Tm 1.1; II Tm 1.1; Tt 1.1) e as observações autobiográficas se encaixam na vida de Paulo conforme registradas em outros lugares, como por exemplo (I Tm 1.12,13; II Tm 3.10,11; 4.10-11,19-20).

Data.
Esta segunda carta de Paulo a Timóteo foi escrita provavelmente no ano 67 d.C.” (STAMPS, 1995, p. 1875). “O livro de Atos termina com Paulo na prisão em Roma, por volta de 64 d.C. (At 28.16). A crença comum é que ele foi absolvido, voltou a Grécia e a Ásia Menor, mais adiante foi novamente preso, levado de regresso a Roma e executado lá por 66 ou 67 d.C. Esta Epístola foi escrita quando ele aguardava martírio”.

Contexto histórico.
“Nero foi o imperador que governava o império, em 64 d.C., quando grande parte da cidade de Roma foi destruída por um incêndio. Nessa ocasião, a fim de afastar as suspeitas populares de sua pessoa, como provocador da catástrofe, que ele realmente iniciara com a finalidade exclusiva de divertir-se, lançou a culpa sobre os cristãos. Nero ordenou aprisionamentos em massa, e muitos cristãos foram queimados vivos em público” (CHAMPLIN, 2004, p. 488). “Foi ao irromper desta perseguição que Paulo novamente preso, na Grécia ou Ásia Menor, provavelmente em Trôade (II Tm 4.13), é levado de volta a Roma. Desta vez pelos agentes do imperador e não, como da primeira vez, pelos judeus. Agora, como criminoso (II Tm 2.9), não como antes, por alguma violação técnica da lei judaica. Tudo leva a crer que pode ter sido em relação com o incêndio de Roma. Pois não era Paulo o líder mundial do povo que estava sendo castigo por aquele crime? E não estivera Paulo em Roma, por dois anos, antes do incêndio? Seria muito fácil atirar-lhe a responsabilidade desse crime”.

II – O AFETO QUE PAULO DEMONSTRA POR TIMÓTEO NESTA CARTA

Tratando-o com amor (II Tm 1.2-a).
“Era muito apropriado que Paulo chamasse a Timóteo de 'seu filho'. A passagem de Atos 16 mostra-nos que Timóteo já era um discípulo quando Paulo o conheceu; ou, pelo menos, isso fica subentendido. Alguns eruditos tem suposto, portanto, que Timóteo realmente não se convertera pela instrumentalidade de Paulo, mas antes, tendo sido instruído por ele, como seu discípulo especial, com razão pode ser chamado de seu filho, conforme era o costume dos rabinos, em relação aos seus discípulos mais chegados” (CHAMPLIN, 1995, p. 66).

Desejando seu bem estar (II Tm 1.2-b; 3).
As cartas antigas começavam comumente, imediatamente após a saudação, com uma asseveração cortês de oração, ou alternativamente, uma expressão de gratidão, pela saúde e a prosperidade do endereçado. Paulo seguia este procedimento, adaptando os sentimentos à sua linguagem cristã, na maioria das suas cartas. O apóstolo deseja que a “graça” (favor imerecido); a “misericórdia” (compaixão) e a “paz” (quietude interior) sejam sobre Timóteo. Acerca disso asseverou Mathew Henry (2008, p. 705): “estas são as melhores bençãos que podemos pedir para nossos mui amados amigos, para que possam ter graça para ajudá-los em tempo de necessidade, e misericórdia para perdoar o que esta errado, e dessa forma tenham paz com Deus, o Pai, e Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Destacando suas virtudes e herança espiritual (II Tm 1.5).
Segundo Champlin (1995, p. 362), ao falar da fé não fingida de Timóteo, Paulo usa o termo “anupokritos”, que significa “não hipócrita”. Timóteo não fazia o papel de um “ator”. Sua fé não tinha qualquer mácula de hipocrisia - era pura, clara, genuína. “Esta mesma reação caracterizou a atitude da mãe e da avó do jovem. Talvez isso queira dizer que a avó Lóide foi o primeiro membro da família a aceitar Cristo como Salvador e Senhor, e que ela foi instrumento para levar os demais membros a aceitar a fé cristã. Ou, como é mais provável, Paulo está se referindo à atitude de fidelidade e devoção religiosa que vinham caracterizando a família de Timóteo por, no mínimo, três gerações, começando no judaísmo e atingindo sua plenitude e desenvolvimento no reconhecimento de Cristo Jesus como Messias e Senhor” (BEACON, 2006, vol. 09. p. 509).

III – ADMOESTAÇÕES DE PAULO AO JOVEM COOPERADOR TIMÓTEO

A palavra “admoestar” segundo Ferreira (2004, p. 53) significa: “reprender com brandura”; aconselhar, exortar”. No grego é “anamimnesko”, “relembrar”, “pôr na memória”. Trata-se de um “piedoso lembrete”. Todos nós precisamos ser lembrados da nossa herança e responsabilidade cristãs”. Vejamos quais as admoestações que Paulo deu ao jovem cooperador Timóteo no princípio desta segunda carta:

·         Avivar o dom que recebeu (II Tm 1.6,7). Timóteo, como qualquer ser humano estava se abalando diante das oposições em Éfeso. Sabedor disto, o apóstolo Paulo procura animar o jovem cooperador dizendo: “Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos”. “A expressão 'despertes' na (ARA – Almeida Revista e Atualizada) é 'reavives' que no original é 'anadzopureo', 'reacender', 'reinflamar'. O fogo do zelo visto nos dons espirituais pode apagar-se, ou pode tornar-se embotado e ineficaz, se alguém não tem cuidado no exercício apropriado dos mesmos, renovando-os sempre na dedicação a Cristo. Todos os meios espirituais deveriam ser utilizados nesse constante “reavivamento”. Coisa alguma e automática, na vida espiritual. Precisamos “abanar as brasas”, isto é, despertar o dom, mediante o serviço ativo e espiritual, com base na comunhão com o Espirito de Deus. Não será fácil ao cooperador manter seu fervor, conservando acesa a chama eterna, considerando-se os vários tipos de oposição que ele é forçado a enfrentar. Terá de enfrentar lutas internas e externas; tendências pecaminosas de sua própria natureza, além das oposições dos hereges. Mas isso não é causa de temor e covardia, pois a provisão de Deus é adequada para todos”.

·         Não ter vergonha do testemunho de Cristo (II Tm 1.8,9). Nesta época o cristianismo estava vivendo sob condições novas e perigosas. Já não era tolerado como antes, mas era considerado como inimigo do Estado. Dar testemunho franco e aberto da fé que alguém tivesse em Cristo poderia pôr sua vida em risco. Testemunhar destemidamente exigia coragem de determinado tipo. Por isso, Paulo exortou Timóteo a não se envergonhar do testemunho de Cristo e nem dele que estava preso por causa disso. “No grego, o verbo 'vergonha' é “epaischunomai”, que significa 'envergonhar-se'. Sua raiz e 'aischune', que quer dizer 'desgraça', 'opróbrio', 'vergonha'. Em outras palavras, o ministro da Palavra jamais deveria ter o senso de 'desonra' e de 'timidez', em face da oposição de qualquer sorte que seja”. Timóteo foi uma fiel testemunha durante toda a sua vida, dando testemunho da sua fé com seu próprio sangue. Acerca disso asseverou Fox (2006, p. 09) “Timóteo célebre discípulo de Paulo, foi bispo de Éfeso, onde pastoreou a igreja até 97 d.C. Nesse tempo, quando os pagãos estavam para celebrar a festa chamada Catagogião. Timóteo repreendeu-os severamente por sua ridícula idolatria. Exasperado, o povo caiu sobre ele, armado de paus. Terrivelmente espancado, o discípulo de Paulo expirou dois dias depois”.

·         Conservar o modelo do que recebeu (II Tm 1.13,14). No presente texto, o apóstolo Paulo exorta veementemente a Timóteo que conserve o evangelho do modo que recebeu: “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido”. No grego a palavra modelo é 'upotuposis', que significa 'modelo', 'exemplo', 'protótipo', 'padrão'. Tal expressão indica o cristianismo apostólico 'ortodoxo', quer em 'palavras', na 'fé' ou na 'doutrina'. Tais palavras foram proferidas pelo apóstolo dos gentios, e devem ser diligentemente preservadas por todos os ministros do evangelho, em oposição aos falsos mestres e suas doutrinas. Na perspectiva neotestamentária, somente aqueles mestres e líderes cristãos que seguem o modelo apostólico, podem ser reputados verdadeiros crentes e ministros dotados de autoridade espiritual (Ef 2.20; 3.1-5; II Pe 3.2)”.


CONCLUSÃO

As recomendações paulinas transmitidas a Timóteo nas epístolas pastorais são extremamente aplicáveis para todo e qualquer líder cristão. Logo, devemos estar atentos as exortações transmitidas pelo apóstolo a fim de que possamos continuar firmes na fé conservando o modelo do evangelho tal qual nos foi transmitido. Não nos deixemos desviar jamais pelas seduções das heresias contemporâneas.

REFERÊNCIAS
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bìblico Beacon. Vol 09. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol 5. HAGNOS.
FOX, John. O Livro dos Mártires. CPAD.
HALLEY, Henry H. Manual Bíblico. VIDA NOVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TIDWELL, J.B. Visão Panorâmica da Bíblia. VIDA NOVA.