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29/06/2012

Lição 1 - NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES




Fonte: PortalEBD

Iniciamos mais um trimestre letivo da Escola Bíblica Dominical, triImestre “temático”, visto que estaremos a analisar as aflições desta vida terrena, que serve como que complemento para o tema do primeiro trimestre, em que estivemos a verificar, como os amados irmãos se recordam, a falácia da “teologia da prosperidade”.
Naquela ocasião, vimos que o mote “pare de sofrer” que alguns têm adicionado ao Evangelho de Jesus Cristo não corresponde à realidade bíblica. Muito pelo contrário, as Escrituras mostram-nos, com absoluta clareza, que ao justo, ao salvo está destinado viver neste mundo sob o impacto de aflições e de sofrimentos, aflições e sofrimentos, entretanto, que não são para comparar com a glória que será revelada a todos quantos crerem em Jesus e permanecerem fiéis até o fim (Rm.8:18).
 Por isso, aliás, de forma muito feliz, escolheu-se como subtítulo do tema deste trimestre Salmo 34:19, onde Davi canta ao Senhor após ter passado por um dos momentos mais angustiantes de sua vida, quando foi levado até Gate, a terra de Golias, até a presença do rei Abimeleque, quando teve de se fazer de doido para não morrer.
Naquela oportunidade, Davi aprendeu uma lição que lhe seria valiosíssima em todo o restante de sua vida, qual seja, a de que o Senhor nem sempre livra o justo DA aflição, mas que Se faz companheiro, amigo e protetor NA aflição. Por isso, não podemos esperar que a salvação em Cristo Jesus nos livre dos problemas desta vida, nem tampouco das dificuldades, mas, sim, que venha a estar conosco para que, em tais situações, sejamos vencedores e instrumentos para a glorificação do nome do Senhor.
A capa da revista deste trimestre traz-nos uma armadura típica dos soldados romanos dos dias apostólicos, armadura esta que foi utilizada pelo apóstolo Paulo para figurar a verdadeira batalha espiritual que se trava entre os salvos e as hostes espirituais da maldade.
Em Ef.6:10-18, Paulo mostra a realidade de nossa peregrinação terrena, qual seja, a de uma vida em que, apesar de estarmos em comunhão com o Senhor e, na verdade, por causa disto, nos encontramos em intermitente  conflito contra o diabo e seus anjos, batalha esta que, inclusive, se estende tanto para o mundo, que se encontra no maligno (I Jo.5:19), como para o nosso próprio interior, uma vez que, enquanto não passarmos para a eternidade, livres ainda não estamos do “corpo desta morte”, ou seja, da natureza pecaminosa, da carne, que quer nos fazer pender para a morte (Rm.7:18-24; Gl.5:16,17).
LIÇÃO 1 – NO MUNDO TEREIS AFLIÇÕES
Jesus só nos deu uma certeza em nossa vida terrena: as aflições.

 INTRODUÇÃO

- Neste trimestre, estudaremos como vencer as aflições desta vida terrena.
Jesus só nos deixou uma certeza em nossa vida terrena: as aflições.

I – A SALVAÇÃO NÃO ELIMINA AS AFLIÇÕES DA VIDA TERRENA

- Damos início a mais um trimestre letivo, trimestre este em que estudaremos como vencer as aflições desta vida, quase que um complemento do primeiro trimestre deste ano, quando verificamos o que é a verdadeira prosperidade bíblica, prosperidade esta que não significa, em absoluto, imunidade contra as dificuldades desta vida.
- Quando verificamos o que o Senhor disse ao primeiro casal, por ocasião da sua queda, a respeito do que significava a salvação, que Deus solenemente prometia providenciar ao homem, bem percebemos que não se poderia, mesmo, conceber uma salvação que livrasse o homem das agruras desta vida.
- O Senhor, no juízo que fez sobre o primeiro casal, foi bem claro ao afirmar que a salvação representaria o restabelecimento entre a amizade entre Deus e o homem, impossibilitada por causa do pecado, o que representaria, “ipso facto”, a inimizade com a serpente, ou seja, com o maligno (Gn.3:15).
- A salvação implicaria em se pôr “inimizade entre o ser humano e a serpente”, ou seja, o homem passaria a ser inimigo do diabo e, por conseguinte, inimigo do mundo, já que, quem é amigo de Deus se torna inimigo do mundo (Tg.4:4). Por isso, o Senhor Jesus disse que nada tinha com o príncipe deste mundo (Jo.14:30) e, se somos participantes da natureza divina (I Pe.1:4), igualmente nada temos com ele, até porque o mundo está no maligno (I Jo.5:19).
Surge, pois, em virtude da salvação na pessoa de Jesus Cristo, uma dissociação, um conflito entre o salvo e o maligno, circunstância esta que, de pronto, nos leva a uma vida de conflito, de embate espiritual, uma luta contínua, intensa e incessante, o que, por si só, impede que tenhamos sossego, tranquilidade ou uma situação de quietude enquanto peregrinarmos nesta Terra.
- Jesus, mesmo, disse que, neste sentido, não tinha vindo para trazer paz para a terra, mas, bem ao contrário, trouxera divisão e conflito, uma verdadeira guerra (Mt.10:34-36; Lc.12:49-53), uma vez que a Sua vinda trouxe a possibilidade de salvação e resgate do homem que, livre do maligno, passou a ser inimigo deste que, com todas as suas hostes espirituais (Ef.6:12), tenta, de todas as formas, impedir que o salvo persevere até o fim e alcance a glorificação.
- Este conflito, trazido pela salvação em Cristo Jesus, começa em nós mesmos, uma vez que, com a salvação, nosso espírito é vivificado e, assim, passamos a dominar sobre a natureza pecaminosa, a carne, que continua em nosso interior. Passa a existir, assim, uma luta entre a carne e o espírito em nosso interior (Gl.5:16,17), luta incessante e que somente findará quando passarmos para a eternidade.
- Esta constante luta, que se inicia no próprio interior do salvo em Cristo Jesus, é a própria origem das aflições. “Aflição”, diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “estado daquele que está aflito; sentimento de persistente dor física ou moral; ânsia, agonia, angústia; profundo sofrimento”. Vem da palavra latina “afflictio,onis”, cujo significado é “aflição, inquietação, opressão”. A raiz da palavra é “-flig-”, que tem o sentido primordial de “bater, chocar, golpear”, mostrando, assim, que toda “aflição” é um golpe, um ataque, algo que abala a estabilidade de alguém.
- Na maior parte das vezes, no Antigo Testamento, a palavra “aflição”, na Versão Almeida Revista e Corrigida, é tradução da palavra hebraica “ ‘oniy” (עני), cujo significado é “problema”, “pobreza”, “miséria”. Já a palavra “aflições”, nas duas vezes em que aparece nesta versão no Antigo Testamento, é tradução, em Sl.34:19 de “ra’” (רע), cujo significado é “mal, maligno, adversidade” (também traduzida por “aflição” em outras passagens, como Sl.107:39) e em Sl.132:1, de “ ‘anah” (ענה), cujo significado é “aquilo que abate, humilha, intimida, amedronta” (em Hc.3:7, há uma variação desta palavra traduzida por “aflição”, a saber, “ ‘aven” – אןז).
- Notamos, pois, que, no Antigo Testamento, a ideia de “aflição” está vinculada, precisamente à ideia de um confronto, de uma oposição, de algo que se põe contra alguém e que lhe traz abatimento, opressão e adversidade.
- Em o Novo Testamento, a palavra “aflição” ou “aflições” é tradução de duas palavras gregas. A primeira, usada, v.g., em Mt.24:21 e em Jo.16:33, é “thlipsis” (θλιψις), cujo significado é de “tribulação”, “aquilo que mói, que tritura”; a outra é “pathema” (πάθεμα), usada, v.g., em Rm.8:18, com algumas variações, cujo significado é de “sofrimento”. Ambas as palavras falam-nos, pois, de algo que se apresenta contra cada um de nós, que nos constrange, que nos abate, que nos faz sofrer.
- Nas Suas últimas instruções, o Senhor Jesus foi claríssimo ao dizer que, neste mundo, nós teríamos aflições (Jo.16:33). O Senhor poderia ter dito que, neste mundo, os salvos seriam abençoados, curados, batizados com o Espírito Santo, mas, como Ele é a verdade, a única coisa que nos garantiu, com absoluta certeza e de modo geral, é que os salvos teriam aflições. Nem todos são curados, nem todos são batizados com o Espírito Santo, mas, certamente, desde o instante em que recebemos a Cristo como nosso único e suficiente Senhor e Salvador, passaremos a ter aflições neste mundo, visto que nos tornamos inimigos do mundo e amigos de Deus.
- Por isso, o próprio Senhor Jesus disse que quando tudo estivesse bem em nossas vidas, quando todos estivessem a dizer bem de nós, seria um momento para pararmos e refletirmos sobre a nossa vida espiritual, pois isto será um sinal de que as coisas não andam bem, visto que estaremos sendo tratados como os falsos profetas (Lc.6:26).
- Não estamos aqui a dizer que os salvos em Cristo Jesus devem ser masoquistas, ou seja, desejarem sofrer, quererem o sofrimento. Jesus disse-nos que as aflições são inevitáveis, não que devem ser desejáveis. Nenhum crente gosta de sofrer, nenhum crente tem prazer na aflição, na angústia ou no sofrimento, mas não deve se esquecer que, enquanto estiver neste mundo, não podemos esperar senão aflições, angústias e sofrimentos. É uma realidade da qual não podemos escapar.
Dizer que a salvação nos faz imunes a todo e qualquer sofrimento é uma mentira e, como toda mentira, algo proveniente diretamente as hostes espirituais da maldade, cujo chefe é o próprio pai da mentira (Jo.8:44). Somente haveremos de ficar livres das aflições deste tempo presente quando nos encontrarmos com o Senhor nos ares, quando, então, na glorificação, não mais teremos de sofrer.
- Não bastasse esta realidade de que a salvação não elimina as aflições desta vida terrena, temos, também, de compreender que, com o pecado, toda a terra se tornou maldita (Gn.3:17-19), maldição esta que a criação geme, aguardando a sua redenção (Rm.8:19-22), redenção esta, entretanto, que somente advirá no reino milenial de Cristo.
- Deste modo, não há como esperarmos que se construa um “paraíso terrestre”, pois a terra se encontra maldita pelo pecado e, deste modo, não pode nos trazer benesses nem estar ao nosso lado em nosso embate espiritual. Pelo contrário, o próprio Deus a pôs a terra como um adversário a se contrapor aos interesses humanos.
- A salvação não nos tira deste mundo. Apesar de salvos, disse-nos o Senhor Jesus, continuamos neste mundo (Jo.17:11) e, inclusive, o Senhor não pede para que dele sejamos tirados (Jo.17:15), sinal de que teremos de enfrentar todas as adversidades existentes por causa da entrada do pecado.
- Embora resgatados do pecado, somos mantidos nesta terra que, para os salvos, passa a ser, de modo consciente, “a terra de aflição e de angústia, donde vem a leoa, o leão, o basilisco e a áspide ardente voadora”, cujos tesouros não nos pode aproveitar em coisa alguma (Is.30:6). Mas é necessário que, para nosso próprio bem, aqui continuemos, para que alcancemos a varão perfeito, a medida da estatura completa de Cristo (Ef.4:13).

II – O PAPEL DAS AFLIÇÕES DESTE TEMPO PRESENTE EM NOSSA VIDA ESPIRITUAL

- Diante da realidade de que, neste mundo, teremos aflições, precisamos verificar como elas são apresentadas nas Escrituras Sagradas, a fim de que possamos enfrentá-las corretamente, vez que o Senhor nos garante a vitória sobre elas, garantia esta que está bem demonstrada na Sua própria vitória sobre este mundo (Jo.16:33).
A primeira vez que a Versão Almeida Revista e Corrigida fala em “aflições” é no Sl.34:19, quando Davi afirma que “muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas”. Devemos entender, nesta passagem que, como já dito na introdução supra, foi proferida pelo salmista num momento extremamente angustiante de sua vida, não há como fugirmos de muitas aflições.
A vida do justo sobre a face da Terra é uma sucessão de aflições. Como costumava dizer o saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012), “depois de uma tempestade, vem outra tempestade” na vida do cristão. O apóstolo Paulo disse que a vida do crente é “de fé em fé” (Rm.1:17), algo que somente é possível precisamente porque, a cada instante de nossas vidas, temos de confiar em Deus para superar as dificuldades e obstáculos que diuturnamente se apresentam em nossa caminhada rumo ao céu.
As aflições não são poucas. Diz a Bíblia que são muitas. Por isso, ainda mais quando estamos a atravessar o período que Jesus denomina de “princípio de dores” (Mt.24:8), ou seja, o tempo que já prenuncia o pior período da história humana, não é para estarmos atrás de “sombra e água fresca”, mas, sim, tempo de termos consciência de que atravessamos um período extremamente difícil, em que servir a Deus será cada dia mais difícil e angustiante.
- No entanto, o Senhor também inspirou Davi para dizer que, apesar de serem muitas as aflições do justo, o Senhor o livra de todas. Aleluia! Deus está conosco para nos garantir o livramento. Jamais teremos de suportar sofrimentos, angústias ou adversidades maiores que as que podemos suportar. O Senhor está conosco e tem condições de nos manter libertos do pecado e do mal, garantindo que todas as dificuldades sempre contribuirão para o nosso bem espiritual (Rm.8:28).
- Desta realidade, aliás, dá-nos testemunho o apóstolo Paulo, que, ao falar de todas as suas aflições para o seu filho na fé, Timóteo, disse, sem qualquer dúvida, que o Senhor o havia livrado de todas elas (II Tm.3:11) e, por isso mesmo, concitava aquele jovem obreiro a não ter medo, mas, antes, assumir que, como evangelista que era, deveria igualmente sofrer aflições em sua peregrinação terrena (II Tm.2:3; 4:5).
- O justo não fica imune às aflições, mas, se se mantiver justo, ou seja, se se mantiver obediente ao Senhor, temente a Deus e guardador da Sua Palavra, certamente será liberto das dificuldades, será vencedor nos embates contra o maligno, porque o Senhor assim o prometeu. Por isso, o salmista podia dizer: “Olha para a minha aflição e livra-me, pois não me esqueci da tua lei” (Sl.119:153). Crê nisto, amado(a) irmão(ã)? Se sua fé não é suficiente para crer nesta promessa, ore como os discípulos do Senhor: “Acrescenta-nos a fé” (Lc.17:5 “in fine”). E, muitas vezes, a fé é aumentada através da aflição, como vemos no caso de Israel (Ex.4:31).
- No Sl.132:1, o salmista, na vinda da arca para Jerusalém, num momento de júbilo e de alegria, inicia seu cântico com uma assertiva até certo ponto intrigante: “Lembra-Te, Senhor, de Davi e de todas as suas aflições”. Mesmo num instante grandioso em que o rei Davi levava a arca para Jerusalém, voltando a fazer o povo de Israel a pôr no centro de sua vida o culto ao Senhor, depois de tantos anos de menosprezo, o salmista (que bem pode ter sido o próprio Davi), pede ao Senhor que Se lembrasse de Davi e de todas as suas aflições.
As aflições, como se percebe, têm um caráter pedagógico importantíssimo, qual seja, o de impedir que o homem, nos momentos felizes de sua vida sobre a face da Terra, entenda que é um deus, que é dotado de poderes extraordinários, que independe de Deus. Este sentimento, insuflado no gênero humano pelo próprio Satanás (Gn.3:4,5), é uma das grandes armadilhas que fazem com o que o homem venha a se perder eternamente.
- No momento de júbilo e glória, Davi é lembrado, no salmo que era entoado enquanto se levava a arca a Jerusalém, que tinha passado por muitas aflições, mas que estava naquela situação favorável por causa exclusivamente da mão do Senhor. As aflições permitem-nos revigorar a memória e lembrar quem somos e que, sem o Senhor, nada podemos fazer (Jo.15:5 “in fine”). É precisamente o que diz o salmista no Sl.119, quando afirma que foi bom ter sido afligido, pois isto fez com que ele guardasse a Palavra e aprendesse os Seus estatutos (Sl.119:67,71). Não é por outra razão, também, que o escritor aos hebreus rememora àqueles crentes, que estavam titubeantes quanto ao prosseguimento na jornada da fé, do seu passado de grande combate de aflições (Hb.10:32).
- Por isso, aliás, o Senhor mandou que Israel celebrasse anualmente a páscoa com ervas amargas e pães asmos, símbolo da aflição que passaram no Egito (Nm.9:11; Dt.16:3), para que, na Terra Prometida, jamais viessem a se esquecer que tinham sido escravos no Egito (Dt.24:18,22), lembrança, inclusive, que os levaria a ter um tratamento digno ao órfão, à viúva e ao estrangeiro. Na nova aliança, não é diferente, pois temos sempre de comemorar a morte do Senhor, para nos lembrarmos das Suas aflições, aflições estas que nos deram a salvação (Lc.22:19; I Co.11:24,25).
A aflição, muitas vezes, é o remédio usado por Deus para levar os homens ao arrependimento de seus pecados e à conversão(I Rs.8:35; Sl.25:18). Por intermédio da aflição, o Senhor faz-nos lembrar dos compromissos que com Ele assumimos e, deste modo, afigura-se como uma oportunidade que temos de nos arrepender e de voltarmos aos Seus pés (Sl.38:18).
- Esta é a razão pela qual Moisés, em seu salmo, pede ao Senhor que nos alegre pelos dias em que fomos afligidos (Sal.90:15), pois as aflições revelam a fidelidade do Senhor, ou seja, o Seu compromisso de nos fazer o melhor (Sl.119:75). Que jamais caiamos na mesma situação dos ninivitas que, por sua grande impiedade, não seriam mais afligidos pelo Senhor (Na.1:12) e, por causa disto, foram inteiramente destruídos. Que Deus nos guarde, amados irmãos!
- As aflições apresentam-se, também, como uma forma de nos levar nossa mente e coração ao exemplo de Jesus. Quando o Senhor nos disse que, no mundo, teríamos aflições, também disse que para que tivéssemos bom ânimo porque Ele havia vencido o mundo (Jo.16:33).
- Através das aflições desta vida, somos levados a observar, com mais cuidado, o exemplo de Jesus e isto só nos faz bem em nossa vida espiritual, visto que devemos, neste mundo, olhar para Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hb.12:2). As aflições não permitem que nos distraiamos e percamos o foco de nossa vida espiritual, o que é uma grande bênção para todos os que estão caminhando para o céu.
- Quando somos afligidos, a fim de ganharmos forças para vencermos, temos de olhar para o Senhor Jesus e, assim, lembrando que Ele venceu o mundo, adquirimos o necessário bom ânimo para também enfrentarmos as dificuldades e, por conseguinte, pela graça de Deus, vencê-las em nome do Senhor.
- Neste passo, aliás, as aflições fazem-nos sentir que, realmente, vivemos, já neste mundo, em comunhão com o Senhor, pois passamos a participar, inclusive, das Suas aflições (Fp.3:10; Cl.1:24). Ao sofrermos como Ele sofreu, temos mais um alento: a de que também seremos glorificados, como Ele foi glorificado (Rm.8:17). Por isso, os apóstolos se regozijaram quando se viram dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus (At.5:41), algo que também ocorreu com Paulo (Cl.1:24) e que deve também ocorrer conosco, como nos ensina o apóstolo Pedro (I Pe.4:13).
As aflições, ainda, promovem o desencantamento do mundo e introduzem o anelo pelo lar celestial. O apóstolo Paulo diz que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada (Rm.8:18). Assim, quando sofremos neste mundo, deixamos de tê-lo como algo atraente, algo desejável e começamos a entender que, neste mundo, nada há de tão bom que nos permita trocá-lo por aquilo que o Senhor Jesus tem nos prometido.
- Diante de um colorido cada vez mais intenso do mundo, com suas atrações, as aflições permitem-nos lembrar que tudo aqui é ilusão, que este mundo é um mundo de ilusões e que a verdade está reservada para nós no lar celestial para onde estamos caminhando. Não fossem as aflições desta vida, certamente seríamos seduzidos por este mundo e perderíamos a nossa salvação.
- Um exemplo disso temos na vida de José. O Senhor fê-lo passar por muitas aflições no Egito para que, quando se tornasse governador daquela terra, não a desejasse. Assim é que, ao ter seu segundo filho, José deu-lhe o nome de “Efraim”, que significa “aumento”, “crescimento”, porque reconheceu que Deus o fizera crescer na terra da sua aflição (Gn.41:52), mas agora governador do Egito, nem por isso passou a desejar aquele lar, a ponto de ter feito seus irmãos jurarem que levariam seus restos mortais para a terra de Canaã (Gn.50:25). As aflições têm o condão de nos fazer desprender das coisas desta vida e foi esta uma das razões pelas quais sobreveio a aflição sobre Israel no Egito, para que os israelitas tivessem o mesmo sentimento que José tivera (Ex.3:17).
- Mas as aflições também nos permitem desfrutar do consolo divino. Assim como nós sofremos as aflições, também, por causa delas, temos acesso à consolação divina (II Co.1:5-7). São as aflições que nos permitem sentir a companhia de Deus, a Sua presença em nós através d’Aquele que sempre está ao nosso lado, o Espírito Santo. São as aflições que nos permitem experimentar que Jesus cumpriu a Sua promessa de não nos deixar órfãos (Jo.14:18).
- As aflições permitem-nos, também, lembrar da humanidade de Cristo Jesus e, deste modo, fazer-nos com que nos aproximemos mais ainda d’Ele, compreendendo que tudo que passamos, Ele também passou, com o fim de ser o Príncipe da nossa salvação (Hb.2:10).
- Ao passarmos pelas aflições desta vida, temos a oportunidade de olhar para Cristo e vê-l’O não só como autor e consumador da nossa fé, mas como alguém que também participou de todas as aflições deste mundo e foi vencedor e que, portanto, nos entende, nos compreende e nos ajuda a superar todas as dificuldades. Esta experiência da companhia e da presença do Senhor junto a nós nesta peregrinação terrena é sentida, ainda na antiga aliança, pelo salmista (Sl.22:24; 31:7; 106:44).
- As aflições permitem-nos sentir a humanidade de Cristo, o que nos é fundamental pois é como homem que o Senhor Jesus é nosso mediador diante do Pai (I Tm.2:5). Pelas aflições, desfrutamos daquela comunhão direta com o Senhor e a experimentar a Sua intercessão diante do Pai. Por isso, aliás, não têm razão alguma os romanistas quando dizem que é preciso requerer a intercessão de santos ou de Maria, como “ajuda” a chegarmos a Cristo, visto que as aflições nos fazem conformes à morte do Senhor, nos aproximam d’Ele, pois Ele não é um inacessível e alguém que não nos pode entender, visto que, nas aflições, Ele é coparticipante de tudo quanto estamos a sofrer, pois Ele tudo padeceu para este mesmo fim. Aleluia!
As aflições, ainda, fornecem autoridade aos ministros na casa do Senhor. Pedro identificou o presbítero como aquele que era “testemunha das aflições de Cristo e participante da glória que se há de revelar” (I Pe.5:1). Um obreiro é, antes de mais nada, alguém que foi devidamente experimentado nas aflições, para, através delas, mostrar o seu testemunho, que se constituirá em sinal de sua autoridade diante dos irmãos.
- Um dos grandes problemas que encontramos nas igrejas locais, na atualidade, é a presença de obreiros que ainda não experimentaram as aflições deste mundo, que não foram devidamente provados para, então, ser aprovados para o ministério, como, aliás, exige a Palavra de Deus (I Tm.3:10). Hoje em dia, há um sem número de neófitos, ou seja, pessoas que são espiritualmente imaturas, novatos, que ainda não foram devidamente provados pelas aflições deste mundo, a fim de que demonstrem o seu testemunho e, desta maneira, tenham condições de estar à frente do rebanho do Senhor. É preciso sermos purificados e provados na fornalha da aflição (Is.48:10)!
As aflições, por fim, também permitem o desenvolvimento da nossa vigilância espiritual. São elas que nos permitem perceber que o maligno está a nos enfrentar, que estamos numa batalha espiritual e que, portanto, não podemos pestanejar, não podemos dormir, pois corremos risco de sermos mortos se assim agirmos.
- Por esta razão, o apóstolo Pedro disse que, ao percebermos a aproximação do diabo que, como leão, vem bramando buscando a quem possa tragar, devemos resistir-lhe firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os irmãos no mundo (II Pe.5:9).
- Esta vigilância não só nos faz ficar alerta com relação ao inimigo, como também nos traz a consciência de que somos o corpo de Cristo e que, portanto, tudo que estamos a passar é também algo que os demais irmãos estão a sofrer. As aflições, desta maneira, produzem em nós um sentimento de fraternidade, de amor fraternal, que é um sentimento fundamental para que tenhamos crescimento espiritual, visto que só há como crescermos espiritualmente quando os crentes mutuamente se ajudam e se relacionam.
- Este crescimento espiritual, inclusive, decorre da própria aflição do irmão, pois, quando o vemos suportar todas as adversidades com fidelidade e paciência, isto também nos encoraja a seguirmos um tal exemplo, temos um fortificante espiritual para as nossas próprias vidas, como, aliás, os tessalonicenses produziram no apóstolo Paulo (II Ts.1:4).

III – AS AFLIÇÕES DESTE TEMPO PRESENTE

- Assim que o homem ingressa neste mundo, passa ele por aflições, uma vez que o pecado entrou neste mundo (Rm.5:12) e o homem não foi feito para pecar. Antes mesmo que o ser humano venha a respirar o ar deste planeta, ele já sente “o cheiro de morte” exalado pelo sistema maligno que acorrenta a humanidade(II Co.2:16) e passa por aflições e dificuldades em virtude do pecado. Basta vermos a escalada satânica em prol do assassinato de seres humanos antes mesmo de seu nascimento, como a destruição de ovos (por meio das “pílulas do dia seguinte”), de embriões humanos (através da permissão de pesquisas com células-tronco embrionárias) ou de fetos (através do aborto), sem falar nas más formações a que todos estamos sujeitos uma vez concebidos.
- O primeiro drama, pois, que se apresenta ao ser humano é o que poderíamos chamar de “dramas biológicos”. Feitos para viver eternamente e ter saúde perfeita, por causa do pecado, nosso tempo de vida torna-se “tempo que falta para morrer”, pois somos destinados ao pó de onde fomos tirados (Gn.3:19). Destarte, vivemos sempre sob o problema existencial da morte, que nos causa, à evidência, aflição, já que não foi para morrermos que fomos criados. É tanta esta angústia trazida que houve filósofos, inclusive, que entenderam que a este problema existencial se circunscrevia toda a humanidade (os filósofos chamados “existencialistas”, como Martin Heidegger e Jean Paul Sartre).
- Ao lado desta aflição que é a certeza da morte física, temos, também, a dura realidade das enfermidades, que nos acometem ao longo de nossa existência, tanto a justos como a injustos. A enfermidade, que nos faz sentir a proximidade da morte física, apresenta-se, pois, como outro drama biológico, que nos traz aflições.
- Não é, entretanto, a morte física a única consequência que temos em virtude do pecado. O próprio Deus disse ao primeiro casal que haveria um relacionamento nada fraterno entre os seres humanos, visto que eles estavam alijados do amor, que é o próprio Deus (I Jo.4:8).
- Por isso, em razão do pecado, os homens odeiam-se mutuamente, pensam somente em si próprios, são egoístas e, como se verificou logo no limiar da história da humanidade decaída, não pensam duas vezes em eliminar o seu irmão (Gn.4:8). Por isso, logo o homem se vê afligido, também, pela violência social, pelo conflituoso relacionamento com o próximo, que faz gerar um sem número de barbaridades, como inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, homicídios, parte das chamadas “obras da carne”, descritas exemplificativamente pelo apóstolo Paulo em Gl.5:19-21.
- Ao lado desta violência social, que causa traumas, cada vez mais intensos e frequentes, eis que estamos no “princípio de dores”, onde esta violência aumenta consideravelmente (Mt.10:35,36; 24:5,6; II Tm.3:1-4), temos, também, como resultado a desigualdade social, a injustiça na distribuição da riqueza produzida, gerando a exclusão social, a extrema carência de recursos materiais para a própria sobrevivência, fazendo com que muitos se aflijam grandemente apenas para conseguir sobreviver a cada dia, excluídos estes que são apresentados, na lei de Moisés, na figura das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros.
- Nesta mesma linha, há de se acrescentar a estes fatores criadores de aflições a angústia decorrente das dívidas, que já eram fator de desestabilização das pessoas na antiguidade, quando elas, inclusive, perdiam a liberdade por causa do inadimplemento de suas obrigações civis, como também a perda dos bens terrenos, notadamente quando se coloca nestes bens a sua esperança e confiança.
- O pecado, também, ingressa como uma motoniveladora de alta capacidade de destruição sobre a família, esta obra-prima de Deus, que, por ser uma criação divina, é alvo especial das hostes espirituais da maldade que comandam o sistema maligno mundano. Assim, às aflições já existentes se somam a questão da divisão espiritual no lar e a rebeldia dos filhos.
- Como se isto fosse pouco, em decorrência deste egocentrismo decorrente do pecado, ainda se tem o problema terrível da inveja, que causou, aliás, o primeiro homicídio da humanidade e cujo efeito deletério é tanto que a própria Bíblia diz que se trata de “podridão dos ossos” (Pv.14:30).
- Cada uma destas aflições sempre estudadas durante este trimestre letivo, dificuldades grandes que temos de enfrentar a cada dia mas que, estando em Cristo, venceremos pela Sua graça.

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL – EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO

16/06/2012

Lição 12 - O JUIZO FINAL




Comentário feito pelo Irmão Evangelista Caramuru Afonso Francisco da Assembleia de Deus Min. Do Belém Sede / São Paulo

                                       
O final da história da humanidade é o instante em que o homem, constituído para ser o mordomo sobre a criação na Terra, terá de prestar contas para o seu Criador.

INTRODUÇÃO

- Deus fez o homem dotado de livre-arbítrio, ou seja, o homem foi feito com poder de escolha, com liberdade para fazer o bem ou o mal. Entretanto, a liberdade tem um outro lado: a responsabilidade. Desta forma, todas as escolhas feitas pelo homem trazem consequências, que devem ser suportadas pelo próprio homem. O homem, queira ou não, é responsável pelos seus atos e deverá prestar contas ao seu Criador.
- A responsabilidade é, portanto, um traço da humanidade, uma característica ínsita à natureza humana e, por isso, todos os homens, salvos ou pecadores, têm de ser julgados diante d’Aquele que é o Senhor de todas as coisas, do nosso Deus. O último destes julgamentos é o chamado “julgamento final”, ou “juízo final” ou, ainda, “juízo do trono branco”,que é, propriamente, o tema de nossa lição.

I – OS JULGAMENTOS PREVISTOS PARA OS HOMENS

- Na continuidade do terceiro e último bloco de nosso trimestre, em que estamos a ter uma visão superficial e muito breve do livro do Apocalipse, a partir do capítulo 4, estudaremos hoje o julgamento do mal, que se mostra a partir do capítulo 16 do livro do Apocalipse.
- O homem é livre e, portanto, responsável pelas suas escolhas. Isto é consequência da sua natureza humana. Deus o fez assim e, portanto, cada ser humano, independentemente de obedecer a Deus ou não, tem de responder pelos seus atos. A prova disto é que a responsabilidade do homem lhe foi anunciada antes mesmo que tivesse pecado. Ao colocar o homem no jardim que havia formado no Éden, Deus disse ao homem que ele poderia comer de todas as árvores do jardim, com exceção da árvore do conhecimento do bem e do mal, tendo, então, estabelecido a responsabilidade: “…no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn.2:17b). Quando julgou o primeiro casal, Deus invocou esta responsabilidade (cfr. Gn.3:11) e, em virtude disto, sentenciou-os à expulsão do Éden e à separação entre Deus e o homem.
- A partir de então, Deus estabeleceu o primeiro julgamento a que deve se submeter cada homem: o juízo após a morte física. Em virtude do pecado, Deus ordenou que os homens morressem fisicamente, o que não lhes havia sido determinado ao princípio: “…até que se tornes à terra, porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gn.3:19 “in fine”). A morte física é o primeiro julgamento que é feito ao homem em virtude dos atos que praticou durante a sua existência terrena. É o que vemos em Hb.9:27: “ e, como aos homens, está ordenado morrerem uma vez, vinde depois disso o juízo.”
- A morte física é o primeiro instante do processo de julgamento de cada ser humano. Cada homem (ou seja, ser humano, homem ou mulher) foi constituído como mordomo da criação na Terra, ou seja, foi constituído por Deus para dominar sobre a Terra e sobre tudo o que nela existe, tendo de prestar contas ao Senhor após o término de seu trabalho, assim como se ilustra na parábola dos talentos (Mt.25:14-30) ou das minas (Lc.19:11-27). Com a morte física, temos o que, na atualidade, denominaríamos de “juízo preliminar” ou “juízo provisório”.
- Neste julgamento, é decidido onde o indivíduo aguardará o julgamento definitivo, que se dará em momentos diferentes, conforme as opções feitas pelo homem durante sua vida. Dois são os locais onde os homens, atualmente, aguardam o julgamento: o Paraíso e o Hades. É oportuno observar que, enquanto os homens já mortos não são submetidos a julgamento, mantêm-se plenamente conscientes, como nos ensina Jesus na história do rico e Lázaro (Lc.16:19-31) ou nos mostra o próprio livro do Apocalipse, ao falar das mártires na Grande Tribulação (Ap.6:9-11).
- O primeiro julgamento definitivo que ocorrerá será o julgamento da Igreja, daqueles que creram em Jesus e Lhe foram fiéis até o fim, pois, como nos diz o apóstolo Pedro, o julgamento começa pela casa de Deus (I Pe.4:17). Este julgamento faz-se necessário porque a Igreja, embora tenha alcançado a salvação pela fé em Jesus, é formada de seres humanos e todos os homens devem responder pelo que fizeram em sua existência, independentemente da sua condição espiritual, pois isto decorre da própria natureza humana e Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; Cl.3:25).
- O julgamento da Igreja é o chamado “tribunal de Cristo”, que ocorrerá logo após o arrebatamento da Igreja, antes das bodas do Cordeiro. Neste tribunal, os crentes serão julgados pelas obras que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (Rm.14:10; II Co.5:10). Este julgamento não envolve salvação ou perdição, pois todos os crentes que forem arrebatados estarão salvos,porque lhes foi dada a “pedra branca da absolvição” (Ap.2:17), mas serão julgadas as obras com vistas à entrega de recompensas, do “galardão” (Ap.22:12).
- Nesta oportunidade, muitos serão surpreendidos, pois Deus conhece o coração do homem (I Sm.16:7) e sabe a qualidade de tudo o que está sendo feito em Sua obra, não atentando para a aparência, como sói ocorrer conosco. Diante disto, muitos que, aparentemente, terão feito muito pela obra do Senhor, nada receberão, porquanto suas obras serão consideradas como palha, como madeira, sem condição de resistir ao crivo divino e outros, que, aparentemente, nada teriam feito pelo Senhor, receberão galardões, pois trabalharam em silêncio, sem alarde, mas com dedicação e real devoção. Os critérios do julgamento e o seu tratamento são descritos em I Co.3:12-15.
- O segundo julgamento é o julgamento de Israel, o povo escolhido de Deus. A Grande Tribulaçãoserá o instante em que Deus tratará com a nação israelita e, ao término da Grande Tribulação, Deus terá provado este povo e só o remanescente será salvo.
- Aqui, de imediato, vemos uma diferença entre quem fez parte do arrebatamento e quem não fez: enquanto que o julgamento da Igreja não envolve salvação ou condenação eternas, os demais julgamentos têm em vista o destino eterno dos indivíduos. Na casa de Deus, na Igreja vitoriosa e glorificada, os crentes não correm risco de perder a vida eterna, conquistada pela fé em Cristo Jesus, mas, tanto em Israel quanto entre os gentios, o julgamento divino envolve a possibilidade concreta e bem provável de se viver eternamente sem Deus e sem salvação.
- Por isso, aproveitemos enquanto é dia, enquanto o Senhor está perto, na atual dispensação, para ouvirmos ao chamado do Senhor e O aceitarmos como nosso único e suficiente Salvador! Estamos ainda no ano aceitável do Senhor e não percamos esta oportunidade, a fim de fugirmos do dia da vingança do nosso Deus (Is.61:2). Não desprezemos o refrigério que nos é oferecido pelo Senhor (At.3:19).
- O julgamento de Israel e das nações se dará ao final da Grande Tribulação. Quem aceitar a Cristo e rejeitar a besta alcançará a salvação em Israel. É o remanescente que será salvo (Rm.9:27), porque se arrependerão de seus pecados e aclamarão a Jesus como o Messias (Zc.12:10). Os que, entretanto, se deixaram levar pelas promessas do Anticristo e cerraram fileiras ao lado dele, estarão irremediavelmente perdidos.
- Os mortos que morreram pela causa de Cristo durante a Grande Tribulação ressuscitarão e reinarão com Cristo durante o milênio, juntamente com a Igreja, após terem sido julgados pelas suas obras, no juízo que se estabelecerá logo após a batalha do Armagedom, o chamado “julgamento das nações” (Ap.20:4). Este julgamento terá como finalidade apartar os bodes das ovelhas, ou seja, decidir quem passará com Cristo o reino milenial e quem não passará o milênio, ficando a aguardar o julgamento final e definitivo. Neste julgamento, serão ressuscitados apenas aqueles que desfrutarão o milênio com Cristo, os bem-aventurados que completam o número daqueles que tomam parte da primeira ressurreição (Ap.20:6). Os demais indivíduos, com exceção do Anticristo e do Falso Profeta, que já terão sido lançados vivos no lago de fogo e de enxofre, que será inaugurado naquela oportunidade (Ap.19:20), aguardarão o julgamento que ocorrerá somente ao término do Milênio.
- O terceiro e último julgamento previsto para a história da humanidade é o chamado “julgamento final” ou “juízo final” ou, ainda, o “juízo do trono branco”, que terá lugar depois do término do reino milenial de Cristo, em seguida ao juízo que porá fim a esta dispensação. Logo após os rebeldes serem devorados pelo fogo do céu que cairá sobre os exércitos que estarão a cercar o lugar santo em Israel (Ap.20:7-10), terá findado a história humana. O tempo deixará de existir (Ap.20:11) e Deus chamará à Sua presença todos os seres humanos que foram criados e que ainda não tinham sido julgados até então, ou seja, todos os homens que não pertencem nem à Igreja, nem ao Israel salvo nem ao grupo dos mártires da Grande Tribulação, que já terão sido julgados. Estes outros homens são os que serão levados a julgamento neste último grande tribunal da história.

II – O LANÇAMENTO DO JUÍZO DIVINO SOBRE A HUMANIDADE NA GRANDE TRIBULAÇÃO; O JULGAMENTO DAS NAÇÕES E A EXECUÇÃO DO JUÍZO SOBRE O DIABO E SEUS ANJOS

- Conforme vimos na lição anterior, após ter sido dada a última oportunidade para a humanidade se arrepender, através da pregação do evangelho eterno por três anjos evangelistas, iniciar-se-á a “hora de segar”, o instante da colheita, o momento de os homens receberem o que merecem por não terem aceitado a Cristo Jesus como seu Senhor e Salvador (Ap.14:14,15).
- Sabemos todos que, em virtude do pecado, o homem se encontra irremediavelmente perdido e destituído foi da glória de Deus (Rm.3:23) e, sem Cristo, não lhe resta senão sofrer a ira de Deus, que sobre ele permanece desde o momento em que pecou (Jo.3:36).
- No entanto, desde o instante em que Cristo veio ao mundo, iniciou-se o tempo da graça de Deus, que, tendo trazido a salvação aos homens, não permitiu que o juízo fosse lançado enquanto o homem vivesse sobre a Terra, dando-lhe oportunidade para que se arrependesse dos seus pecados. Assim foi que, durante largo tempo na história da humanidade, manteve aqui a Igreja, com a missão de pregar o Evangelho a toda a criatura por todo o mundo (Mc.16:15), testificando de Cristo até os confins da Terra (At.1:8), além de, por sinais, prodígios e maravilhas, confirmar a palavra de salvação que fora pregada (Mc.16:20; Hb.2:3,4).
- Mesmo após o arrebatamento da Igreja, consoante estudamos na lição passada, o Senhor, na Sua infinita misericórdia, fez com que os 144.000 (cento e quarenta e quatro mil) e as duas testemunhas pregassem o Evangelho do reino, que levou à conversão de muitos, todos estes, como também vimos, inevitavelmente mortos pelo Anticristo.
- Mas, desde que a Igreja foi arrebatada, o Senhor, também, ao lado da pregação do Evangelho do reino, não deixou de demonstrar o Seu desagrado para com os impenitentes, iniciando a demonstração do juízo divino, numa paulatina e longânima diminuição do exercício da Sua misericórdia.
- Ao permitir a ascensão do Anticristo, fez com que um rastro de destruição e morte acompanhasse a falsa paz propalada pela besta, como se vê no tocante à abertura dos seis primeiros selos(Ap.6), sendo que, no sexto selo (Ap.6:12-17), temos a evidência da soberania divina, quando uma série de fatos da natureza revelam aos homens, sem qualquer dúvida, de que o Anticristo não era um deus, nem tampouco poderia ser adorado.
- Em seguida à abertura do sexto selo, que é seguido pela proclamação do Anticristo como um deus, no auge de seu reinado, o Senhor dá prosseguimento o derramamento de Sua ira sobre o mundo, mas o faz ainda parcialmente, através das sete trombetas (Ap.8,9 e 11:15-19), ainda abrindo a oportunidade para que os homens se arrependam através da pregação angelical.
- Terminada esta pregação, porém, chega o momento da ceifa, da colheita, pois “…Deus não Se deixa escarnecer, porque tudo o que homem semear, isso também ceifará” (Gl.6:7). Este tempo da colheita, aliás, foi anunciado tanto por João Batista (Mt.3:12; Lc.3:17) como pelo próprio Jesus (Mt.13:40-42).
- Esta ceifa será determinada pelo próprio Senhor Jesus(Ap.14:14-16), que, aliás, desde o início do livro do Apocalipse, é apresentado, glorificado, não só como sumo sacerdote mas, também, como o supremo juiz.
- Esta ceifa começa com o lançamento das sete taçasque consumam a ira de Deus sobre a humanidade impenitente (Ap.15:1), as sete últimas pragas em que o Senhor completa o juízo iniciado com as sete trombetas. Eis um breve sumário das sete taças:
a) primeira taça– uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem (Ap.16:2);
b) segunda taça– morte de todas as criaturas marinhas (Ap.16:3), terminando-se, assim, o que havia sido iniciado com a segunda trombeta (Ap.8:8);
c) terceira taça– as águas doces tornam-se em sangue, ou seja, deixam de ser potáveis (Ap.16:4), completando-se, assim, o juízo da terceira trombeta (Ap.8:10,11);
d) quarta taça– os homens são abrasados com grandes calores, o verdadeiro “aquecimento global” (Ap.16:9);
e) quinta taça– o reino da besta torna-se tenebroso (Ap.16:10);
f) sexta taça– secam-se as águas do rio Eufrates e espíritos de mentira convencem os governantes do mundo a guerrear contra o remanescente de Israel para destruí-lo totalmente (Ap.16:12-16);
g) sétima taça– o maior terremoto de todos os tempos (Ap.16:17-21).
- Por ocasião do grande terremoto, quando as nações da Terra já estarão reunidas no vale de Josafá (Jl.3:2), também chamado de vale do Armagedom (Ap.16:16), sob o comando do Anticristo, para a destruição do remanescente fiel de Israel, que, tendo rompido com o Anticristo logo após ter ele se declarado deus e profanado no templo, fugiu para esta região da Judeia (Mt.24:15-22), terá início a destruição do sistema gentílico rebelde contra Deus, a “Babilônia” de que fala o texto do livro do Apocalipse (Ap.17,18).
- Na batalha do Armagedom, o próprio Jesus, acompanhado da Igreja, aparecerá em glória nas nuvens dos céus e será reconhecido como o Messias pelos judeus que estarão na iminência de serem destruídos (Is.63:1-6; Ap.1:7; 19:11-19) e, mediante o reconhecimento dos judeus de que Jesus é o Messias, serão eles salvos e sobre eles se derramará o Espírito Santo, tornando-os o reino sacerdotal para o Milênio (Zc.12, 14; Jl.3).
- O Senhor vencerá o Anticristo e o Falso Profeta, como também os seus exércitos, e as duas bestas serão lançadas vivas no lago de fogo e enxofre(Ap.19:20), inaugurando este terrível local, que foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt.25:41).
- Após o lançamento das bestas no lago de fogo e enxofre, o Senhor Jesus fará o julgamento das nações, ou seja, determinará quem participará do milênio e quem não o fará, separando, assim, os bodes das ovelhas (Mt.25:31-46). Todos que se levantaram contra Israel e creram nos espíritos de mentira que saíram da boca da trindade satânica, congregando-se contra o povo de Deus no vale do Armagedom (Ap.16:13,14), serão mortos (Ap.19:14).
- Somente serão poupados, para participar do reino milenial de Cristo o remanescente de Israel e as nações que não se aliaram ao Anticristo, que não aceitaram pôr o sinal da besta em suas testas e mãos, que creram na mensagem da pregação angelical do evangelho eterno.
- Em seguida a esta seleção, um anjo descerá do céu e aprisionará o diabo, que já terá sido precipitado na Terra por ocasião do início da manifestação da ira de Deus (Ap.12:7-9), lançando-o no abismo, lugar temido por todos os demônios (Lc.8:31; Jd.6), para que fique mil anos sem poder tentar a humanidade (Ap.20:1-3). “…O Senhor Jesus Cristo, o supremo juiz, já sentenciou Satanás a mil anos de prisão no abismo e não há advogado deste ou de qualquer outro mundo que possa anular ou mesmo atenuar esta sentença. Este abismo não é o inferno, o lago de fogo. O lago de fogo será inaugurado pela besta e pelo falso profeta (Ap.19:20). A prisão de Satanás terá duração de mil anos.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. Desvendando o Apocalipse: o livro da revelação, p.128).
- Ao término do milênio, o diabo será solto e voltará a enganar as nações, levando-as a se rebelar, uma vez mais, contra o Senhor. Os rebeldes se reunirão e cercarão Jerusalém, mas a rebelião será desfeita mediante a descida de fogo do céu que a todos devorará (Ap.20:7-10), ocasião em que o diabo, então, será, juntamente com seus anjos, lançado no lago de fogo e enxofre, onde já terão estado, há mil anos, as bestas.
- “…A queda de Satanás nesta secção [Ap.20, observação nossa] alude, profeticamente, à queda de todos os poderes do mal, conforme se depreende da secção seguinte. Ele tinha já passado mil anos no abismo, mas isso foi uma ação intermediária. Agora, entretanto, ele sofrerá a sua derrota final e irá para seu destino. Finalmente, a cabeça da serpente é ferida para sempre (Gn.3:15). A vitória conseguida sobre o diabo no Calvário agora recebe operação completa. Sua queda será gradual. Ele será expulso dos ares para a terra e o mar no período da Grande Tribulação (Apo.12:9 e s.). Será aprisionado por mil anos (Ap.20:2 e s). E então, no texto em foco, derrotado completamente pela ação poderosa e imediata de Deus, mesclada de ira. Este capítulo do Apocalipse é a consolidação no que diz respeito a toda e qualquer revolta ou rebelião do ser humano ou de hostes espirituais do mal. O bem triunfará e o Cordeiro de Deus tirará definitivamente ‘…o pecado do mundo’ (Jo.1:29) e só existirá no Universo a semente do bem…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.258).
- Temos, então, a execução do julgamento de Satanás e de seus anjos. Falamos em execução, pois o diabo e seus anjos já foram julgados no instante mesmo em que pecaram contra Deus. O próprio Jesus, em Seu ministério terreno, já afirmara que o príncipe deste mundo já estava julgado (Jo.16:11). Aqui haverá a execução, o cumprimento deste julgado.

III – O JUÍZO DO TRONO BRANCO

- Como temos visto, Deus dotou o homem de liberdade e, portanto, o homem deve responder pelos seus atos. Esta responsabilidade exige um julgamento e Deus, como é justo, determina que todos os seres humanos sejam julgados pelos seus atos. Se entre os homens, tão falhos e imperfeitos, há a ideia de que é necessário fazer justiça, que podemos dizer de Deus, cujo caráter e natureza são em muito superiores aos dos homens?
- Deus, então, não poderia, mesmo, em vista de Seu caráter, encerrar a história da humanidade sem que chamasse à responsabilidade cada ser humano pelos atos que tenha praticado durante a sua existência, a fim de definir se, na eternidade que se seguirá à história, poderá, ou não, desfrutar da convivência eterna com o seu Criador, que é o objetivo precípuo de todo o plano estabelecido por Deus ao homem (Ap.21:3).
- O julgamento final é chamado de “juízo do trono branco”porque a narrativa bíblica se inicia com a visão de um “grande trono branco”, seguida da fuga da presença da terra e do céu (Ap.20:11). Ocorrerá depois do término do reino milenial de Cristo e, na Bíblia, este julgamento é explicitamente mencionado, pela primeira vez, por Daniel (Dn.7:9,10), sendo algo que era de pleno conhecimento dos judeus, como mostra Marta, irmã de Lázaro, quando se dirigiu ao Senhor quando Este chegou a Betânia quatro dias após a morte de Seu amigo (Jo.11:24).
- Antes mesmo da profecia de Daniel, a ideia de que Deus julgará os homens não era desconhecida dos judeus. O Antigo Testamento já nos permite vislumbrar esta realidade de um julgamento divino em relação ao homem, como se vê, por exemplo, em alguns salmos, como os de número.50, 75 e 94.
- O juízo do trono branco é o “último dia” da crença dos judeus, o dia em que todos irão ressuscitar e comparecer perante o Senhor para prestar contas do que tenham feito, entendido que não serão julgados nesta oportunidade nem a Igreja, nem os mártires da Grande Tribulação, nem o Israel salvo, que já terão sido julgados anteriormente, pois se constituem na “casa de Deus” (I Pe.4:17).
OBS: “…no último dia…se referia à noção judaica acerca do fim do mundo, isto é, do presente sistema mundano, quando o Messias chegasse a fim de estabelecer uma nova ordem neste mundo, restaurando a glória ao reino de Israel, ocasião em que haveria uma ressurreição geral dos justos, porquanto, segundo as ideias que os judeus faziam a respeito, os injustos ordinariamente não eram considerados dignos de fazer parte da ressurreição. O cristianismo, por outro lado inclui uma ressurreição geral para toda a humanidade, segundo se pode ver nos trechos de João 5:28,29 e Apo.20:4-6.…” ( CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado, com. Jo.11:24, v.2, p.468).
- Jesus também menciona este julgamento, quando profere o Seu sermão escatológico, como vemos em Mt.25:31-46, onde, explicitando o que já havia sido predito em Dn.7:13, ou seja, de que Ele próprio, o Filho do homem, haveria de efetuar o julgamento, diz que este julgamento se iniciará logo após a Sua vinda triunfal em glória (o “julgamento das nações” mencionado supra) e terminará com o “juízo do trono branco”, quando, então, serão separados definitivamente aqueles que irão para o gozo eterno e os que padecerão o tormento eterno para todo o sempre (Mt.26:46). Este processo, iniciado no “julgamento das nações”, somente se findará no “juízo do trono branco”.
- Este ensino de Jesus foi, depois, confirmado pelos apóstolos e pelos escritores do Novo Testamento. Paulo afirma que Jesus há de julgar os vivos e os mortos (II Tm.4:1), assim como Pedro (I Pe.4:5). Tiago, também, alerta para o fato de que todos serão submetidos ao julgamento divino (Tg.2:12,13; 3:1;4:12), assim como João (II Jo.8) e Judas (Jd.15).
- A ideia de que Deus julgará os homens, aliás, é uma ideia que perpassa por todos os povos e civilizações, sendo uma demonstração de que se trata de um conhecimento dado ao homem desde as mais priscas eras, algo que o inimigo não conseguiu apagar da memória do ser humano, pois há certos aspectos da divindade que não podem ser eliminados, até porque os homens comparecerão diante de Deus sem condição alguma de se desculpar (Rm.1:18-20). Já entre os egípcios, havia uma crença a respeito do julgamento a que são submetidos os mortos, crença esta que alguns estudiosos entendem tenha até influenciado a concepção judaica a respeito do tema. De qualquer maneira, é uma daquelas noções que se encontram em todos os povos, a mostrar, claramente, que não há como alguém escapar do juízo divino.
- Aliás, pelo que vemos nas Escrituras Sagradas, desde Enoque (Jd.14), o mundo tem sido confrontado com o julgamento divino, não tendo sido outro, aliás, o teor da mensagem de grandes homens de Deus ao longo da história da humanidade, como Noé (“o pregoeiro da justiça” – II Pe.2:5), Jonas (Jn.3:4 “in fine”) e João Batista (Lc.3:7-9).
IV – OBJETIVOS DO JULGAMENTO FINAL
- Deus terá encerrado a história humana. Com o devorar dos últimos rebeldes com fogo descido do céu e a execução da sentença lançada sobre o diabo quando de sua rebelião contra Deus, dizem-nos as Escrituras que a terra e o céu fugirão da presença do Senhor (Ap.20:11), ou seja, chega-se ao clímax, ao término da existência do Universo relativo, da criação que o Senhor havia feito e posto sob o domínio do ser humano.
- Assim, deixando de ter razão de ser a existência de todas as coisas que haviam sido criadas em função do homem, é chegado o instante de todos os seres humanos que já existiram e que ainda não foram julgados serem levados à presença do Criador, a fim de que prestem contas da mordomia de que foram investidos. Sem que isto ocorra, não é possível que sejam criados novos céus e nova terra, pois nosso Deus não é injusto nem Deus de confusão e a criação de novos céus e terra exigem a resolução de todas as questões morais pendentes na atual criação. Uma das finalidades do juízo final, portanto, é a de eliminar as pendências ainda existentes e, deste modo, ultimar e concluir a dimensão física hoje presente no Universo relativo.
- Com o julgamento final, Deus, também, mostrará que é o Senhor de todas as coisas. Todo julgamento, nos nossos dias, é uma expressão de soberania, ou seja, de domínio e de poder. Toda vez que alguém é julgado por um tribunal, este tribunal está dizendo que o governo ou a organização a que ele pertence tem poder, tem supremacia, é superior a quem está sendo julgado, que, assim, lhe deve obediência. Não é por outro motivo, por exemplo, que os Estados Unidos têm se recusado a assinar o Tratado de Roma que criou o Tribunal Penal Internacional, uma corte que julga os crimes contra a humanidade, ligado à Organização das Nações Unidas, porque não aceitam a ideia de que a ONU possa lhes dizer o que devem fazer ou deixar de fazer com relação à segurança das nações.
- No julgamento final, portanto, Deus irá mostrar que é o Senhor dos céus e da terra, que a terra Lhe pertence (Sl.24:1). É sintomático observar que a Bíblia diz que, ao se estabelecer a Corte Divina, terra e céu fogem da presença de Deus, porque “não se achou lugar para eles” (Ap.20:11), ou seja, não há quem possa sequer ter posição, lugar ou existência diante deste Deus, que é o Senhor de todas as coisas, o Eterno, Aquele que deu existência a tudo o mais.
- Também é importante verificar que Deus Se instala como Soberano para julgar já tendo sentenciado o diabo e seus dois principais agentes (o Anticristo e o Falso Profeta), para nos ensinar, a nós que ainda estamos na dispensação da graça, de que só Ele é Soberano e que ninguém, nem mesmo o diabo, pôde, em algum momento, competir com Ele a respeito do controle e do domínio do mundo. O diabo nada governa nem nada tem, sendo apenas um ser atrevido e que tem agido única e exclusivamente por permissão divina, porque sua ação serve aos sublimes propósitos do Senhor. Assim sendo, não aceitemos os pensamentos, doutrinas e ensinos que procuram criar um falso dualismo entre Deus e o diabo no universo, pois “nosso Deus é Soberano, Ele reina desde a fundação do mundo”.
- Mas, além da prova da Sua soberania sobre tudo e todos, o julgamento final também tem por finalidade fazer justiça. Deus tem exercido a Sua misericórdia e a Sua bondade desde o momento em que o homem pecou. Com efeito, expulsou o homem do jardim do Éden, mas não permitiu que ele tomasse do fruto da árvore da vida, impedindo-o de ter um destino eterno irremediável, como ocorreu com o diabo e seus anjos. Mas, apesar de ser bom e de Sua misericórdia alcançar todas as gerações (Ex.20:6; Dt.5:10), chegará o momento em que deverá executar a Sua justiça, pois Deus, além de ser amor, também é justo (Sl.11:7) e a justiça é a base do Seu trono (Sl.89:14; 97:2). Assim, se o julgamento final serve para mostrar a Soberania de Deus, também serve para mostrar a Sua justiça, pois, como indagou o próprio amigo de Deus, Abraão: “…não faria justiça o Juiz de toda a terra ?” (Gn.18:25).
- A propósito, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) demonstrou a existência de Deus precisamente pela necessidade de que haja um julgamento que restabeleça a ordem moral no universo. Como todos os homens são responsáveis, diz o filósofo, e, nesta vida, perduram situações de injustiça, em que as pessoas não respondem pelos danos e males cometidos, é evidente que tenha de haver um outro mundo em que se faça justiça e, naturalmente, que exista um Juiz, superior aos demais, que execute esta justiça. Vemos, portanto, que o julgamento final cumpre o propósito de demonstrar não só a existência divina, mas o Seu caráter justo, que nem sempre ficou evidenciado ao longo da história humana.
- Ao fazer justiça, Deus irá mostrar a cada ser humano que há, sim, diferença entre o homem que serve a Deus e o que não O serve. Muitas vezes, no mundo, somos levados a ilusões e nos embaraçamos com as aparências, achando, como Asafe, que não há qualquer vantagem em se servir a Deus e se chega, mesmo, a invejar os ímpios (cfr. Sl.73). Entretanto, o julgamento final, de forma pública, notória e diante de todos os seres humanos que já existiram sobre a face da Terra, será mostrada a verdade patente, nua e crua de que vale a pena servir a Deus. Nesse dia, como profetizou Malaquias, “…vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não O serve.” (Ml.3:18).
- O julgamento final também tem o propósito de encerrar o cumprimento das promessas de Deus. Após ter restaurado todas as coisas, mostrando o Seu poder sobre o mal e o pecado, que é o objetivo precípuo do reino milenar de Cristo, o Senhor promoverá o cumprimento de tudo aquilo que prometeu e disse a cada ser humano que existiu: promessa de salvação àqueles que Lhe serviram e de condenação àqueles que não Lhe deram crédito, que contra Ele se rebelaram. É o momento do acerto de contas, da chamada à responsabilidade de todos os homens que, tendo recebido de Deus o livre-arbítrio, a liberdade, dela usaram como quiseram. Deus estará, então, finalizando o cumprimento da Sua Palavra para esta dimensão histórica.
- O julgamento final é o triunfo do bem sobre o mal, a determinação da vida eterna para quem creu em Deus e O serviu e da morte eterna, a chamada “segunda morte” (Ap.20:14), para quem rejeitou a Deus e contra Ele se rebelou. Todos aqueles que se rebelaram contra Deus serão definitivamente julgados e lançados no lago de fogo e de enxofre, onde já estarão o diabo, o Anticristo e o Falso Profeta e os anjos caídos que, nesta oportunidade, terão, também, sido julgados (Jd.6), num julgamento que deverá ocorrer pouco antes da execução da sentença já lançada sobre Satanás e do qual participarão os santos do Altíssimo (cfr. I Co.6:9). O mal será extirpado e, então, terra e céus serão substituídos por nova terra e novos céus onde habitará a justiça (II Pe.3:13). Somente depois que a iniquidade, o pecado, a injustiça for retirada é que se poderá ter novos céus e nova terra, como nos ensina a Bíblia Sagrada e esta retirada se fará mediante o julgamento final.

V – OS FUNDAMENTOS DO JULGAMENTO FINAL

- Todo julgamento tem de se basear em normas e regras que sejam claras e conhecidas de todos. Ninguém pode ser julgado sem que haja uma lei que sirva de critério e de base para este julgamento. É por isso que, na ciência jurídica, é sempre dito que a função de julgar nada mais é que “a atuação da vontade concreta da lei”, ou seja, a aplicação do que diz a lei para um caso concreto.
- Os julgamentos divinos não fogem a este princípio, até porque este princípio adotado e acolhido pelos juristas é decorrência do que o próprio Deus estabeleceu para o homem, ao criá-lo e ao mundo onde ele vive.
- O primeiro fundamento dos julgamentos divinos é a própria racionalidade humana, ou seja, a capacidade de entendimento de que o homem foi dotado por Deus, para ter consciência de si mesmo e do próprio Deus. Deus fez o homem um ser pensante, um ser racional precisamente para que ele pudesse saber que é um ser, que, enquanto ser, ocupa uma posição de inferioridade em relação a Deus e de superioridade em relação à criação na Terra, bem como que tem o poder de escolher entre obedecer a este Deus ou não. Consciência de si, de Deus, de sua posição na ordem universal e de sua liberdade, são os pontos da racionalidade humana e que são a primeira base para os julgamentos divinos.
- Esta racionalidade e consciência geram uma liberdade que, como já vimos supra, traduz-se numa responsabilidade. Por mais que os homens possam ludibriar e enganar os seus semelhantes, conseguindo escapar aos julgamentos humanos, seja porque os homens não conseguiram obter provas suficientes para responsabilizar alguém, seja porque não houve interesse ou empenho dos julgadores em promover a responsabilização, o fato é que sempre o réu culpado sabe que está errado e que agiu contra a lei. Assim, ainda que seja absolvido, isto é, não seja responsabilizado num julgamento humano, o réu sabe muito bem que a solução correta e justa não seria esta, mas a sua condenação. Por quê? Porque a consciência recebida de Deus lhe mostra que ele está errado e que deveria ser condenado.
- Vemos, portanto, o primeiro fundamento dos julgamentos divinos: o homem é livre e consciente e, portanto, responsável pelos seus atos. Sabe Deus, pois foi quem criou todos os homens, que não há um homem igual a outro em toda a história da humanidade. O Senhor conhece a estrutura de cada um (Sl.103:14) e, por isso, determinou que os julgamentos divinos sejam individuais. É importante observar que todos os julgamentos divinos são individuais: tribunal de Cristo – cada crente será julgado pelas suas obras; julgamento das nações – cada indivíduo de Israel e das nações gentílicas será julgado pelas obras apresentadas durante o período da Grande Tribulação para que se veja se é, ou não, digno de ingressar no milênio; julgamento final – cada um  dos seres humanos não incluídos nos julgamentos anteriores será julgado segundo as suas obras. Os julgamentos são individuais porque Deus avaliará o grau de consciência e de responsabilidade de cada um, a fim de que os julgamentos sejam justos.
- Mas, além da consciência e da responsabilidade de cada indivíduo, Deus, também, usará a Sua revelação como fundamento para o julgamento. Vimos que todo julgamento tem de se basear em uma lei e, além da consciência e responsabilidade, que são regras, normas inseridas por Deus em cada ser humano, há, também, a revelação do próprio Deus ao homem ao longo de toda a história da humanidade.
- Deus, conhecendo a fragilidade do homem, mormente depois que caiu e se apartou do seu Criador, sempre teve interesse e desejo de Se revelar ao homem, fazendo-o seja pela natureza, seja por Israel, seja pela Sua Palavra, seja pelo Seu Filho (em carne, pela Igreja, pelos pregadores da Grande Tribulação, pelos anjos do evangelho eterno). Deus não quis deixar apenas sob um aspecto subjetivo, interno, pessoal de cada indivíduo o critério para alicerçar uma responsabilização, um julgamento, mas, por meio de elementos puramente objetivos, externos a cada ser humano, mostrou-Se ao homem, a fim de que ele pudesse conhecer qual era o caráter de Deus e ao que deveria se assemelhar. Esta revelação divina, portanto, será o critério e um dos fundamentos dos julgamentos divinos.
- Aqui, também, se explica porque cada julgamento será individual. Deus irá tratar a cada indivíduo conforme a revelação divina que teve. É, aliás, este o sentido da expressão de Rm.2:12, onde Paulo diz que os que sem lei pecaram, sem lei serão julgados e os que conheceram a lei, pela lei serão julgados. Nesta passagem, Paulo nos mostra, com a clareza que lhe era peculiar, que Deus levará em conta, no julgamento, o tipo de revelação que a pessoa teve de Deus, a fim de que, segundo esta revelação, seja verificado se houve, ou não, observância e obediência ao Senhor. Lembremos, desde já, embora venhamos a tratar do assunto amiúde mais abaixo, que nenhum homem poderá se desculpar e dizer que não teve como perceber a revelação de Deus a si (cfr. Rm.1:18-20).
- Mas, um julgamento justo não se baseia apenas nas normas e regras abstratas, mas, como deve ser a aplicação da lei ao caso concreto, é preciso que se apresentem, também, fatos, provas que demonstrem ter ocorrido a observância, ou não, da lei. É por isso que os julgamentos divinos não têm apenas a consciência, a responsabilidade do indivíduo que está sendo julgado ou a revelação divina a este indivíduo, mas também os registros de tudo aquilo que ele fez enquanto existiu sobre a face da Terra. É este o sentido dos “livros” mencionados em Ap.20:12 “in fine”. Não pensemos que haja um cartório no céu, com livros e mais livros, como os nossos cartórios judiciais e extrajudiciais, onde fisicamente haja registros das obras de cada indivíduo que já viveu sobre a face da Terra. Trata-se, evidentemente, de uma figura, de um símbolo, mas, sem dúvida alguma, estão registrados diante de Deus todos os atos praticados por todos os indivíduos e estes atos serão apresentados no momento do julgamento, diante de cada réu. O justo juiz mostrará a justiça julgando sempre com provas.
- Abrimos aqui um parêntese no assunto da lição apenas para lembrar a todos nós que, sendo servos do Senhor e tendo de ser a Sua imagem e semelhança, de modo algum podemos proceder de forma diversa da que procede o nosso Deus. Se Deus que é onisciente, ou seja, sabe de todas as coisas; onipresente, ou seja, está em todos os lugares ao mesmo tempo e onipotente, pode todas as coisas, não dispensa a existência de provas para julgar alguém, por que eu e você, muitas vezes, aceitamos e julgamos as pessoas sem que tenhamos qualquer prova ou o menor indício? Por que confiar no “ouvir dizer” ou nas aparências, muitas vezes vindas de meios de comunicação altamente comprometidos e sem qualquer compromisso com Deus e, portanto, com a verdade? Pensemos nisso e mudemos nosso comportamento o quanto antes, porque, se continuarmos a agir erradamente, isto, sim, estará devidamente provado naquele dia…
- Outro fundamento dos julgamentos divinos e, portanto, do julgamento final é o direito de defesa. Todos os julgamentos somente se justificam por causa do direito de defesa. Deus irá julgar um por um dos indivíduos que existiram sobre a face da Terra (e isto literalmente, se considerarmos os três julgamentos), única e exclusivamente para dar oportunidade aos julgados para se manifestar e ter acesso às provas e à aplicação das normas ao caso concreto. Não fosse este o motivo, o Senhor teria lançado os ímpios, de imediato, no lago de fogo e de enxofre, assim como fez com o Anticristo e o Falso Profeta, que assim serão tratados porque desafiaram abertamente a Deus e se deixaram dominar pelo diabo, num nível de rebeldia igual ao de Satanás, de plena consciência e rejeição ao senhorio divino. Com relação aos outros homens, porém, Deus lhes mostrará a Sua justiça, permitindo-lhes que se manifestem, assim como fez com os nossos primeiros pais (Gn.3:8-11).  Tanto assim é que vemos os julgados, mesmo condenados, manifestando-se no julgamento final, como, por exemplo, em Mt.7:22 e Mt.25:44. Teremos um efetivo direito de defesa, inclusive com direito ao uso de palavra. Que Deus justo é o nosso Deus!
- Não é por outro motivo que os juristas costumam chamar o direito de defesa de sagrado, já que o primeiro registro de sua criação e exercício remonta ao próprio Deus, neste episódio do Jardim do Éden. Aqui, aliás, abrimos um outro parêntese: se Deus que é Deus dá a cada ser humano na face da Terra a oportunidade de defesa, por que nós, muitas vezes, queremos suprimi-lo de nosso semelhante? Seríamos mais justos do que o Senhor, do que o Juiz de toda a Terra?
- Outro fundamento dos julgamentos divinos é a sua publicidade. Todos os julgamentos divinos são públicos, são feitos à vista de todos os envolvidos. O tribunal de Cristo é feito diante de toda a Igreja arrebatada; o julgamento das nações e o julgamento final são vistos diante de tronos, numa típica cerimônia pública, onde todos os homens de todos os tempos estarão reunidos para se submeter ao Senhor dos senhores e Rei dos reis. Tanto assim é que Paulo afirma que, nesta oportunidade, ocorrerá a suprema exaltação de Cristo e todo o joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp.2:9-11).
- Se Deus faz as coisas publicamente, à vista de todos, por que muitos insistem, inclusive na Igreja, que é o corpo de Cristo, em promover julgamentos às ocultas, às escondidas? Não devemos agir assim, até porque, se os membros da igreja local não veem, saibam todos que tudo o que se passa é visto pelo Senhor e, como diz o escritor aos Hebreus, “não há criatura alguma encoberta diante d’Ele, antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos d’Aquele com quem temos de tratar.”(Hb.9:13). Abramos nossos olhos e sigamos a publicidade demonstrada pelo caráter justo do Senhor, porque “…nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto, que não haja de saber-se” (Mt.10:26b), a fim de que não recebamos o mesmo juízo lançado sobre Davi, a saber: “porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol” (II Sm.12:12).
- Logicamente que, quando dizemos que os julgamentos nossos devem ser públicos, a exemplo dos julgamentos divinos, devemos manter a mesma sobriedade e dignidade que o Senhor manterá nestes julgamentos. Em momento algum, mesmo quando vemos o Senhor condenando os homens, vemo-l’O humilhando ou retirando a dignidade humana de qualquer julgado. A própria sentença de condenação do Senhor não tem sequer uma palavra de injúria ou de ofensa aos condenados. Diz o Senhor tão somente o necessário, sem humilhar quem quer que seja. “Nunca vos conheci, apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt.7:23). “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos, porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e enfermo e na prisão, não Me visitastes.” (Mt.25:41b-43). Qual diferente é o Senhor de certos indivíduos que, por se acharem autoridades eclesiásticas, sob a desculpa da publicidade, ao invés de darem a sentença, preferem ofender e injuriar as pessoas!
- Por fim, outro fundamento dos julgamentos divinos é a imparcialidade e retidão do julgador. Dizem as leis humanas que um julgamento, para que seja justo, deve ser exercido por um juiz que seja imparcial, ou seja, não tenha qualquer inclinação para uma parte ou outra, como também que seja um juiz correto, uma pessoa de que tenha ilibada reputação. Nestes dois requisitos, vemos que os julgamentos divinos trazem o que de mais excelente há nesta matéria. Deus é imparcial, é a própria imparcialidade personificada, pois, para Ele, não há acepção de pessoas (Dt.10:17; Cl.3:25). Deus estará tratando a todos os homens igualmente, pois o julgamento final, inclusive, é para que prevaleça esta regra da imparcialidade, pois, com este episódio, todos os indivíduos terão tido a oportunidade de defesa antes de terem selado o seu destino eterno. Com respeito à reputação do Senhor, Ele é santo (Lv.11:45; I Pe.1:15) e terá demonstrado todo o Seu poder e fidelidade ao longo da história humana. Por isso, até, o julgamento final se realizará no final da história, para que o Senhor demonstre, cabalmente, a Sua dignidade para julgar os vivos e os mortos.
- Vemos, portanto, que os julgamentos divinos têm como fundamentos os princípios mais límpidos e seguros de toda a justiça, possuindo todos os requisitos que, há séculos, os próprios homens tentam, sem êxito, impor aos seus próprios julgamentos. Indubitavelmente, todos aqueles que se submeterem ao julgamento final estarão sendo justa e retamente julgados.

VI – COMO SE DARÁ O JULGAMENTO FINAL

- Lançado o diabo no lago de fogo e de enxofre, cessará o tempo histórico e será instalado o grande tribunal, a ser presidido por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Filho do homem que se apresenta ao ancião de dias na visão do profeta Daniel (Dn.7:13).
- Instalado o tribunal, ante o grande trono branco, onde estará assentado Aquele que julgará os vivos e os mortos, ou seja, Jesus Cristo, serão chamados os réus, que são todos os homens e mulheres que ainda não tiverem sido julgados até então, ou seja, aqueles que não tomaram parte na primeira ressurreição e os que não foram submetidos ao julgamento das nações antes do início do Milênio (os que ficaram vivos no início do Milênio, sobreviventes da Grande Tribulação).
- Neste instante da chamada dos acusados, haverá a ressurreição geral dos mortos, ou seja, a chamada “ressurreição do último dia”, mencionada por Marta quando abordada por Jesus no dia da ressurreição de Lázaro em Betânia e que é a ressurreição que é sempre mencionada nos rituais católicos romanos. Esta ressurreição será uma ressurreição em carne, ou seja, Deus promoverá a reunião da matéria e restabelecerá os corpos daqueles que, durante toda a história da humanidade, viveram sobre a face da Terra. Esta é uma das provas bíblicas de que ressurreição não se confunde com reencarnação, pois se Deus irá retomar toda a matéria de que foram criados os homens que viveram durante toda a história da humanidade dos locais em que eles morreram (Ap.20:13), isto é uma demonstração de que se morre apenas uma vez sobre a face da Terra, ao contrário do que afirmam os reencarnacionistas. Ainda mais, não há notícia de que venha a ser ressuscitado qualquer corpo que venha de outro planeta, a comprovar, também, que a teoria reencarnacionista, que sustenta a vida em outros planetas para justificar o crescimento populacional, não tem qualquer fundamento bíblico.
- Esta ressurreição difere da primeira ressurreição, porquanto, nesta, como se vê em Ap.20:6, há uma bem-aventurança, enquanto naquela, o texto sagrado silencia, a indicar que sua ocorrência não traz, a princípio, qualquer benefício. Na primeira ressurreição, os que ressurgem, é verdade, não escapam do julgamento divino, mas escapam da condenação, estão salvos e ressurgem para reinar com Cristo. Os que ressurgem por conta do julgamento final, porém, além de não escapar do julgamento divino, não têm, por força da ressurreição, qualquer garantia de salvação. Por fim, na primeira ressurreição, o Paraíso, onde ficavam os que morriam no Senhor, será esvaziado, pois, depois do arrebatamento da Igreja e da complementação da primeira ressurreição, não haverá mais qualquer alma naquele local; já na outra ressurreição, promover-se-á o esvaziamento do Hades, onde estarão aqueles que não dormiram no Senhor e que estarão, por isso, esperando o julgamento definitivo sem ter a certeza da salvação.
- É importante observar que a Bíblia diz que Jesus julgará os vivos e os mortos (II Tm.4:1; I Pe.4:5), pois, além dos mortos de todas as épocas que serão ressuscitados nesta oportunidade, também serão levados a julgamento as pessoas que estiverem vivas e assim se mantiverem por ocasião do término do Milênio, pois não serão todos os homens que se rebelarão contra o Senhor e contra Israel na rebelião final. Estas pessoas não terão morrido e compõem os vivos mencionados nos textos sagrados referidos.
- Operada a ressurreição e a eles congregados os que estiverem vivos naquela oportunidade e não tiverem sido ainda julgados, que é a chamada dos acusados, o Juiz passa, então, a julgar um a um os indivíduos. Este julgamento terá, como já vimos, a apresentação das normas e regras aplicáveis a cada caso, a apresentação das provas, ou seja, dos atos cometidos pelo acusado, a oportunidade para a sua manifestação e a sentença final, que não terá recurso, vez que se trata da mais alta autoridade do Universo que está proferindo o julgamento e isto à vista de toda a humanidade e, quando dizemos toda a humanidade, não estaremos usando qualquer força de expressão, pois ali estarão presentes não só os acusados, mas também todo o povo dos santos do Altíssimo (cfr.Dn,7:27: Igreja, os que tomaram parte na primeira ressurreição e o Israel salvo).
- Neste momento, é importante salientar que, ao contrário do que muitos afirmam, este julgamento não terá apenas condenação. Muitos entendem que o juízo do trono branco será apenas para condenação, mas não podemos extrair isto das Escrituras Sagradas. O texto bíblico afirma que, na análise das normas e das provas, isto é, da abertura dos livros, inclusive do livro da vida (Ap.20:12), os mortos são julgados segundo as suas obras, não diz, portanto, que são condenados segundo as suas obras, o que nos permite inferir legitimamente que não haverá sempre condenação, como muitos advogam por aí. A Bíblia diz apenas que aquele que não foi achado no livro da vida será condenado (Ap.20:15), livro da vida este que não é o mesmo livro da vida do Cordeiro que é mencionado em Ap.21:27.
- O livro da vida do Cordeiro é o livro onde estão escritos os nomes daqueles que vão ingressar na Nova Jerusalém, ou seja, na cidade santa que descerá aos novos céus e terra no Estado Eterno e que será o objeto de nosso estudo na próxima lição (Ap.21:27). É uma espécie de passaporte, de visto, de “green card” para a cidade santa. Sendo assim, neste livro estarão tanto o povo dos santos do Altíssimo quanto aqueles que serão absolvidos e declarados salvos no julgamento final. Este livro só será aberto por ocasião do julgamento final e, mesmo não conhecendo seu teor até lá,  sabemos que, deste livro, já estão fora, de antemão, todos aqueles que adorarem a besta na Grande Tribulação, porque esta adoração importará numa consciente e deliberada rejeição de Jesus (Ap.13:8 e 17:8).
- O livro da vida mencionado em Ap.20:12, porém, é um outro livro, onde estarão apenas aqueles que serão julgados e absolvidos no julgamento final. Do livro da vida não consta o povo dos santos do Altíssimo, porque eles já terão sido julgados e não o serão novamente por ocasião do julgamento final e, o que é relevante, segundo muitos estudiosos, já terão, inclusive, entrado na Nova Jerusalém. Desta maneira, não sendo réus no julgamento final, não há como serem vistos no livro da vida, mas, por estarem ou terem direito de estar na Nova Jerusalém, terão seus nomes inscritos no livro da vida do Cordeiro, o que prova que se trata de dois livros diferentes, que não podem ser confundidos.
- Daí temos a convicção de que, no julgamento final, haverá, sim, pessoas que se salvarão do lago de fogo e de enxofre e que ingressarão na nova Jerusalém. É precisamente aqui se resolvem muitas dúvidas a respeito da salvação de pessoas que não tiveram qualquer oportunidade de ouvir falar de Jesus (como os índios que moravam no Brasil até a época do descobrimento) ou das pessoas que viveram antes de Jesus e não tiveram como aceitá-l’O nem de chegar ao conhecimento da promessa messiânica (como os chineses do tempo de Confúcio ou Lao-tsé e os indianos do tempo de Buda). A Bíblia é clara ao afirmar que estas pessoas serão julgadas segundo as suas obras e estas obras terão de mostrar se, à luz da revelação que tiveram de Deus, foram, ou não, capazes de Lhe obedecer. Caso tenham sido obedientes a Deus, diante da revelação que tiveram de Deus, suas obras o demonstrarão e, assim, seus nomes estarão escritos no livro da vida e, portanto, serão achados dignos de ingressar na nova Jerusalém. Se, porém, não tiverem sido obedientes a Deus conforme a revelação que tiveram, seus nomes não estarão inscritos no livro da vida e, assim, serão condenados e lançados no lago de fogo (Ap.20:15).

- É importante ressaltar, aqui, que Deus tem várias formas de revelação, mas que todo e qualquer ser humano terá tido a oportunidade clara de conhecer a Deus e à Sua vontade. Escrevendo aos Romanos, Paulo é bem categórico ao dizer que nenhum homem poderá se desculpar diante de Deus, dizendo não ter podido perceber a revelação do Senhor. A própria natureza, diz o apóstolo, é uma manifestação divina para que os homens fiquem inescusáveis, isto é, sem desculpa (Rm.1:18-20). A combinação das normas a serem utilizadas no julgamento (consciência, responsabilidade, formas de revelação divina) bem como os fatos registrados, ou seja, os atos praticados devidamente registrados, não deixam qualquer margem para que se tenha qualquer injustiça.
OBS: “…Existe uma pergunta no meio da cristandade e até fora dela baseada nos versículos 11-15 que temos nesta seção [Ap.20:11-15, observação nossa]: ‘ como serão julgados aqueles que morreram sem ouvir o Evangelho ?’. Essa pergunta, quando dentro da lógica da visualização do homem, pode ultrapassar qualquer possibilidade de entendimento da mente humana. Mas é evidente que Deus tem falado e vem falando ao homem de ‘muitas maneiras’ (Hb.1:1). Paulo diz que o Evangelho foi ‘pregado a toda criatura que há debaixo do céu’ (Cl.1.23). Deus pode alcançar, através de seus métodos, a todos os homens. Vejamos alguns dos métodos de Deus: (a) Deus fala através do Universo(…) Sl.19.1-4; (b) Deus fala através da percepção(…) Rm.1.19-20; (c) Deus fala través da consciência(…) Rm.2:14-16; (d) Deus fala através da vida dos animais(…) Jó 12:7-9; (e) Deus fala através dos meios geográficos (…)At.17.30-31(f) Deus fala através de sonhos (…) Jó 33.14-18; (g) Deus fala através dos anjos (…) Ap.14.6; (h) Deus fala través de Seu Filho (…) Hb.1.1; (i) Deus fala através de sinais e milagres (…) Hb.2.4a.(…) Perguntamos agora: havendo Deus falado tanto e de tantas maneiras, chegará alguém inocente diante do Grande Trono Branco?…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo.2.ed., p.260-1).
- Feito o julgamento, proceder-se-á à imediata execução, pois não se estará mais no instante da misericórdia divina ou da Sua longanimidade, manifestada ao longo de toda a história, mas no instante final da execução, da retirada dos obstáculos morais para a instalação dos novos céus e nova terra. Assim, terminado o julgamento, segue-se à imediata execução dos julgados, com o lançamento no lago de fogo de enxofre dos condenados (Ap.20:15). 
- Além dos condenados, a Bíblia também diz que, no lago de fogo, serão lançados tanto a morte quanto o Hades (Ap.20:14). Aqui temos, evidentemente, uma figura de linguagem, pois nem a morte nem o Hades são pessoas e, portanto, não se equiparam a elas para ser julgadas e sentenciadas. O fato é que, com o julgamento definitivo de todos os seres humanos, a morte física e o Hades, lugar onde ficavam os mortos aguardando o julgamento definitivo (lembremos que, desde o arrebatamento da Igreja e a primeira ressurreição, o Paraíso, onde eram colocados os que dormiam no Senhor, esvaziara-se), perdem completamente a sua razão de ser. Com efeito, os homens já foram definitivamente julgados e ninguém mais nascerá ou morrerá a partir de então, de modo que a morte física deixará de cumprir o seu papel, pois terá findado a dimensão surgida com o pecado do primeiro casal e, de igual modo, o Hades não terá porque existir. Por isso, dizem as Escrituras, eles serão lançados no lago de fogo, ou seja, serão simplesmente eliminados, não mais existirão.
- Deus terá, então, cumprido plenamente o Seu plano para o homem neste Universo relativo, pendência alguma terá ficado e, assim, poderá instituir os novos céus e nova terra onde habitam a justiça e trazer, para eles, a cidade já há muito preparada para conviver eternamente com a sua criação: a Jerusalém celestial.

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
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