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31/07/2010

LIÇÃO 5 - A Autenticidade da Profecia

Texto Base: Isaías 53:2-9

“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2).
INTRODUÇÃO
A autenticidade da profecia bíblica pode ser averiguada através de sua precisão e fiel cumprimento. Se somente uma profecia houvesse falhado, então saberíamos que Deus não seria verdadeiramente Deus, porque o criador de todas as coisas, inclusive do tempo, não pode errar em predizer o futuro. Se uma profecia é autêntica, se vem da parte de Deus, ela deve ter um cumprimento na história. Da abundância de profecias relacionadas ao nascimento, à vida e à morte de Jesus, destacamos, como exemplo, o Salmo 22.16-17: “…
traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos...”. Não há dúvida de que essa passagem fala da crucificação, pois o sofrimento descrito pelo salmista só acontece nesse tipo de morte. Entre os judeus a crucificação jamais foi uma forma de execução de condenados à morte e ainda não era conhecida quando o salmo foi escrito. Bem mais tarde os romanos copiaram dos cartagineses a pena de morte por crucificação. Portanto, seria muito mais lógico se o salmista tivesse descrito a morte por apedrejamento ou pela espada. Numa época tão remota (1000 a.C.), por que ele falou da morte pela cruz, completamente desconhecida dos judeus? A resposta é que o salmista, inspirado pelo Espírito de Deus, era um profeta e apontava a morte futura de Jesus(Lc 23:33). “Mas tudo isso aconteceu para que se cumpram as Escrituras dos profetas” (Mt 26:56).
“Conforme o Dr. Roger Liebi, 330 profecias extremamente exatas e específicas referentes ao Messias sofredor se cumpriram literalmente por ocasião da primeira vinda de Cristo”((Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br). Mas, nessa aula, nos deteremos a analisar apenas as profecias messiânicas registradas em Isaías 53.
I. O DESPREZO DO SENHOR
Neste tópico estudaremos que a autenticidade profética é reconhecida mediante o cumprimento das profecias vetero-testamentárias relativas à apresentação, aparência, rejeição e mensagem do Senhor.
1. A apresentação do Senhor. A apresentação de Jesus como “O Servo Sofredor do Senhor” está exarada em Isaias 52:13 - 53:12. Esta passagem é a mais importante entre todas as profecias messiânicas do Antigo Testamento. Quem, além de Isaias, poderia ter escrito um milagre literário dessa magnitude? E quem, além do Espírito Santo, poderia ter inspirado seus detalhes? Policarpo chamou-a de passagem dourada do Antigo Testamento. Nessa passagem é anunciado e descrito de forma tão clara como se o próprio profeta estivesse parado sob a cruz observando a crucificação. Essas predições foram cumpridas em Jesus Cristo. Assim, o Servo do Senhor não é ninguém mais do que o próprio Filho do Homem. É dessa maneira que o Novo Testamento se refere a Ele(cf Is 53:7-8 com At 8:26-35; cf. também Lc 24:25-27; 44-47). O apóstolo Paulo comenta acerca de Isaias 53 em Filipenses 2:5-11.
2. A mensagem do Senhor. Jesus era Profeta. Ele mesmo assim o disse: “Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém”(Lc 13:13); “Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa”(Mc 6:4). Ora, se Jesus se intitulou como profeta, quem somos nós para desmenti-lo? Jesus, por várias vezes, disse estar a anunciar as palavras do Pai, a revelá-las, a cumprir com aquilo que Lhe havia sido determinado (João 17:14,25,26). E o profeta além de predizer o futuro e operar sinais e maravilhas, anunciava a Palavra de Deus. Jesus pregou o Evangelho, ou seja, as boas novas de salvação (Mc 1:14,16), tendo, por algumas vezes, dito explicitamente que o que falava era por determinação do Pai (João 7:16-18; 14:10; 15:15). Sendo assim, sua mensagem era singular e despertava interesse e admiração entre o povo(Mt 7:14; 7:29); (João 7:46).
Suas mensagens de ensino e os sinais e maravilhas que operava caracterizaram a singularidade do seu ministério profético e demonstravam que Ele não somente era um profeta, mas o Messias prometido, o “Servo Sofredor”. Conquanto Jesus fosse o Messias de Deus, muitos o rejeitariam e, portanto ficariam sem a salvação(ver João 12:38; Rm 10:16). Houve relativamente poucos salvos entre os judeus na primeira vinda de Jesus. Até mesmo os de sua casa não compreenderam o seu ministério (Mc 3.21; Jo 7.5). Essa rejeição da mensagem do Senhor tinha sido previsto pelo profeta Isaias quando diz: “Quem deu crédito à nossa pregação?”(Is 53:1).
3. A aparência e a rejeição do Senhor.
A aparência do Senhor.
Ao longo dos anos, todos, de uma forma em geral, nos acostumamos a “identificar” a figura do Senhor Jesus na forma “tradicional”: olhos azuis (?), cabelos longos em madeixas, barba longa, semblante de um jovem de aparência bonita… Todavia, não há relatos bíblicos suficientes para se ter uma idéia de Sua aparência. Há somente uma profecia de como ele seria quando estivesse sofrendo na cruz: Isaías 52.14 - “Como pasmaram muitos à vista dele, pois a sua aparência estava tão desfigurada, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura, mais do que a dos outros filhos dos homens”. Este versículo descreve os maus tratos que os judeus e os soldados romanos infligiam a Jesus, no seu julgamento e crucificação (cf Sl 22:6-8; ver Mt 26:67).
Em Isaias 53:2, também descreve a aparência do Messias Sofredor: “Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos”. Aqui, demonstra que não havia nada nele majestoso ou de caráter nobre que atraísse a admiração humana. A pergunta nos dias de Jesus era: “Pode alguma coisa boa vir de Nazaré”?
O Messias não teria grandeza terrestre e nem atrativos físicos. Deus sempre contempla mais o caráter, santidade e obediência da pessoa, e não primeiramente a sua condição social terrestre, nem sua beleza física(cf 1Sm 16:7).
A rejeição do Senhor - “Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum“(Is 53:3). Duas vezes este versículo afirma que Ele era “desprezado” e termina dizendo: “não fizemos dele caso algum”. Tal descortesia cumpre-se de forma notória nos Evangelhos (João 1.10,11).
O Criador do mundo, a segunda Pessoa da Trindade, o Deus Filho, estava aqui no mundo, mas este não o reconheceu, conforme descreve João 1:10,11 - “estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu [seu próprio lugar, a Terra que criara], e os seus [seu próprio povo, Israel] não o receberam”. Os herdeiros da aliança, os descendentes físicos de Abraão, não o receberam. Este tema é destaque e percorre todo o Evangelho de João: a rejeição de Jesus. Desde o tempo de seu nascimento em Belém até o dia em que voltou aos céus, ele estava exatamente no mesmo mundo em que vivemos. Ele fez o mundo, sendo seu Proprietário por direito. Em vez de reconhecê-lo como Criador, os homens pensaram que Ele era apenas outro homem qualquer. Eles o trataram como um estranho e réprobo. Especificamente, a nação judaica foi o povo escolhido por Ele; quando veio ao mundo, Ele apresentou-se aos judeus como sue Mestre, mas eles não o rejeitaram.
Quando Jesus pregava, alguns judeus zombavam. Quando Jesus disse: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se”, os judeus na sua incredulidade, retrucaram: “Ainda não tens cinqüenta anos e viste Abraão?” Então Jesus declarou: “Antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.57, 58). Aqui Jesus mostra claramente a sua divindade. Ele não disse: Antes que Abraão existisse, eu era. Isto poderia simplesmente significar que Ele veio a existir antes de Abraão. Antes, Ele usou o nome de Deus: EU SOU. O Senhor Jesus habitou com Deus Pai desde toda a eternidade. Nunca houve um momento em que Ele não existiu. Por essa razão Ele disse: Antes que Abraão existisse, EU SOU. Ele é o Messias prometido, contudo, foi rejeitado pelos judeus, até o dia de hoje.
II. A PAIXÃO E A MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Neste tópico estudaremos que a autenticidade profética é reconhecida mediante o cumprimento das profecias vetero-testamentárias relativas à paixão e sofrimento de Cristo.
1. O sofrimento sem igual de Jesus - “Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores“(Is 53:3). A missão de Jesus envolveria muita dor, sofrimento, desagrado e pesar, por causa dos pecados da humanidade. Seus sofrimentos físicos começaram no Getsêmani. Lá, seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue”(Lc 22:44). Esse homem de dores era - e ainda é - desprezado e rejeitado por muitos. Alguns rejeitam a Cristo ao colocar-se contra Ele. Outros desprezam não só a Ele como a sua grande dádiva: o perdão. Você o aceita, rejeita ou despreza?
Médico francês reconstitui o sofrimento de Jesus
Sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei anatomia a fundo. Posso, portanto escrever sem presunção a respeito de morte como aquela. ‘Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra’.
O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.
Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.
Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).
Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou ma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.
Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: ‘Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem’. Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável!
Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui.
Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: ‘Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?’. Jesus grita: ‘Tudo está consumado!’. Em seguida num grande brado diz: ‘Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito’. E morre. Em meu lugar e no seu”(
Dr. Barbet, médico francês).
2. O silêncio de Jesus - “Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca“(Is 53:7). Cumprimento desta profecia: Mateus 26: 63(diante do sumo sacerdote no Sinédrio); 27:12-14(perante Pôncio Pilatos).
Não abriu a sua boca“. Essa observação do profeta acerca do Sofredor paciente ocorre duas vezes neste versículo. Ele não abriria a sua boca. Em primeiro lugar, Ele não precisava se defender, visto que nenhuma acusação válida foi feita contra Ele. Em segundo lugar, seu julgamento foi apenas uma farsa judicial conduzida por hipócritas sem princípios, reivindicando motivos piedosos, enquanto naquele exato momento estavam violando as leis judaicas da jurisprudência; por conseguinte, nenhuma defesa faria diferença. Ela falou ao Sinédrio somente quando o silêncio significaria uma renúncia da sua divindade e de ser o Messias(Mt 26:63,34). Diante de Pilatos, Ele somente falou quando o silêncio significaria a renúncia da sua realeza. E diante do incestuoso Herodes, o Tetrarca, não falou uma só palavra(Lc 23:9). Como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim o nosso Senhor suportou em silêncio.
3. A crucificação e a sepultura de Jesus
A crucificação de Jesus.
“[…]porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu“(Is 53:12). Cumprimento desta profecia: Marcos 15:27,28,34.
A morte de Jesus Cristo na cruz do calvário foi uma morte vicária, isto é, substitutiva. Ele veio ser a vítima do sacrifício necessário, veio substituir toda a humanidade, morrendo em lugar dos homens (Rm 5:8; 1Ts 5:10), para satisfazer a justiça divina e, por meio do derramamento do seu sangue, permitir que se restabelecesse a comunhão entre Deus e o homem(Ef 2:13-16), algo que só poderia ocorrer mediante a remoção dos pecados e não somente a sua desconsideração por força da morte de animais, como ocorria com a lei (Hb 7:26,27; 9:7-10). Deus, em sua santidade, exigia a penalidade do pecado. Nos sacrifícios do Antigo Testamento era indispensável uma vitima para ser oferecida pelo pecado, mas era uma oferta imperfeita, pois só apenas cobria o pecado, não o extinguia; agora surge o sacrifício perfeito do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(João 1:29). O sacrifício no Antigo testamento era realizado em substituição ao pecador, assim o Cordeiro de Deus, santo, imaculado, assumiu o nosso lugar.
A morte de Cristo na cruz é o ponto central da história. Para lá todas as estradas do passado convergem; e de lá saem todas as estradas do futuro. Somente conhecemos a Cristo vendo-o na cruz. Somente encontramos Jesus se pudermos vê-lo como Cristo crucificado. Não podemos vê-lo antes da cruz somente, nem depois somente. Muitos param antes da cruz. Outros tentam encontrá-lo somente como ressuscitado. Muitos evitam a cruz, e assim fazendo rejeitam a Jesus. É bom ressaltar que não estamos simplesmente falando do madeiro em si mesmo, mas da “cruz” de Cristo que representa a sua obra redentora mediante sua morte substitutiva no Calvário.
A Sepultura de Jesus - “E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca”(Is 53:9). Cumprimento: Mateus 27:57,58,60. O termo: “E puseram a sua sepultura com os ímpios”, pode significar que os soldados romanos pretendiam sepultá-lo juntamente com os dois malfeitores. Sem dúvida, seus inimigos planejavam lançar o corpo no vale de Hinon, para ser consumido pelas chamas da lixeira ou comido pelas raposas. Mas Deus Pai prevaleceu sobre os planos deles usando um homem rico, chamado José, da cidade de Arimatéia, membro do Sinédrio(Mc 15:43) para assegurar que Jesus fosse sepultado com os ricos, ou seja: o Filho de Deus foi enterrado honrada e dignamente. José cedeu seu túmulo novo, que havia aberto em rocha, para que neste fosse posto o corpo do Senhor (Mt 27:57,58,60). Podemos tentar imaginar a surpresa de Pilatos, e a provocação aos judeus, que um membro do Sinédrio se posicionasse publicamente ao lado do crucificado.
III. LIÇÕES DOUTRINÁRIAS DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
Neste tópico estudaremos algumas lições doutrinárias do sacrifício de Cristo: nossas dores, enfermidades, nossos pecados, a humildade e o amor de Jesus Cristo.
1. As nossas dores e as nossas enfermidades. “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades”(Is 53:4). Aqui, o profeta mostra a vicariedade do sacrifício de Jesus Cristo. Isto é, Ele padeceu em nosso lugar, tomando sobre si “as nossas enfermidades e as nossas dores”. O Novo Testamento cita este versículo em Mateus 8:17, com referência ao ministério de Jesus, na cura dos enfermos - tanto física, como espiritualmente(ver 1Pe 2:24). O Messias sofreria o castigo que nos era devido, para nos livrar das nossas enfermidades e doenças, e não somente as doenças do pecado. É, portanto, bíblico orarmos pela cura física. Assim, como Ele levou sobre si os nossos pecados, Ele também levou a doença e a aflição que nos atinge.
A promessa da cura é destinada aos que crêem. Todavia, não devemos esquecer de que o propósito da cura divina não é a saúde física de alguém, mas a glorificação do nome do Senhor, a confirmação da palavra da pregação e a comprovação da presença de Deus no meio do seu povo. Por causa disso, nem sempre Jesus cura, pois a cura tem propósitos que não se confundem com a nossa vontade ou com os nossos caprichos.
2. Os nossos pecados. “[…] quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão. O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.”(Is 53:10,11).
A morte de Jesus, o justo que morreu no lugar dos injustos, o derramamento do seu sangue para satisfação da justiça divina, era uma necessidade. O texto bíblico aponta esta necessidade (Mt 16:21; Mc.8:31; Lc 9:22; 24:46,47; João 12:24). Sem que o justo entregasse sua vida em favor dos injustos, não seria possível a salvação. Para que o pecado fosse removido fazia-se absolutamente necessário que um não pecador morresse em lugar dos pecadores. A morte de Jesus, o derramamento do seu sangue, era absolutamente imprescindível para que houvesse o resgate da humanidade. Por isso, Jesus disse que veio para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10:45).
3. A humildade e o amor de Jesus Cristo (Fp 2:3-11). O Senhor Jesus esvaziou-se de sua glória para assumir a forma humana, viver entre os homens, derrotar Satanás e o pecado, e dar oportunidade para que o homem se reconciliasse com Deus. Em sua encarnação, o Cristo tornou-se em tudo semelhante a nós, exceto quanto à natureza pecaminosa e ao pecado (Fp 2.7,8 - ARA). Tal humildade e amor benevolente servem-nos de exemplo para que possamos agir da mesma forma em relação aos nossos semelhantes (João 3.16; 1João 3.16).
É bom ressaltar que Jesus não deixou de ser Deus quando se tornou homem, mas, por livre e espontânea vontade, para cumprimento da vontade do Pai (Hb 10:5-9), veio a este mundo, despindo-se da sua glória (Fp 2:5-8), cumprindo a lei (Mt 5:17), fez-se oferta e sacrifício ao Pai para a salvação dos pecadores (Is 53:4-9). “Isto não quer dizer que perdeu ou desvencilhou totalmente da sua divindade, mas precisou sujeitar-se ao corpo humano e, portanto, ficou sujeito a certas limitações pelas quais passam os homens. Mas, quando ressuscitou e adquiriu corpo glorioso, voltou a possuir plenamente todos os atributos, como o Pai….” (SILVA, Osmar J. da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.23).
CONCLUSÂO
Profecias cumpridas são uma forte evidência de que Deus é o autor da Bíblia porque, quando se olha a probabilidade matemática de uma profecia ser totalmente cumprida, rapidamente se vê um projeto, um propósito e uma mão guiando os fatos por trás da Bíblia. Quando alguém indagar sobre a inspiração da Bíblia, uma das melhores maneiras de provar a sua inspiração é examinar as profecias. Existem muitos livros religiosos no mundo que dizem muitas coisas boas, mas somente a Bíblia está repleta de profecias — tanto já realizadas, como ainda por realizar. A Bíblia nunca errou no passado, e não errará no futuro. Isto sustenta a sua inspiração por Deus (2Tm 3:16). Tudo está debaixo do Seu controle. Somente Ele, então, sabe ao certo o que acontecerá no futuro.
“A Bíblia contém 6.408 versículos com declarações proféticas, das quais 3.268 já se cumpriram. Não se sabe de nenhum caso em que uma profecia bíblica tivesse se cumprido de forma diferente da profetizada. Esses números equivalem à chance de que ao jogar-se 1.264 dados, todos caiam, sem exceção, com o número 6 para cima. Essa probabilidade é tão pequena que exclui toda e qualquer obra do acaso”(Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br). A única explicação racional para o fiel cumprimento das profecias da Bíblia é que Deus tudo revelou aos seus profetas.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço - Prof. EBD - Assembléia de Deus - Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog:
http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão - CPAD nº 43. Guia do leitor da Bíblia - Isaias. A Teologia do Antigo Testamento - Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon - CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento - William Macdonald

21/07/2010

HERESIA

Heresia é qualquer ensino que se afasta dos ensinamentos normais de uma tradução religiosa. Em particular, isto se refere a grupos dentro do Cristianismo que ignoram alguns de seus elementos básicos - tal como a idéia de que Cristo foi divino. A palavra grega (hairesis), que literalmente significa "escolha", é usada no Novo Testamento para designar uma seita ou facção, Por exemplo, os saduceus eram uma seita dentro doJudaísmo (Atos 5:17), assim como eram os fariseus (15:5). Quando inicialmente muitos judeus creram que Jesus de Nazaré era o Messias, eram conhecidos como "a seita dos Nazarenos" (24:5). Em cada um desses versos, a palavra hairesis não é usada parainsultar - ela significa meramente uma seita, um pequeno grupo dissidente que seseparou do Judaísmo. Depois que a igreja cresceu e se desenvolveu, qualquer grupo faccioso dentro de uma igreja local foi chamado de heresia - isto é, era uma seita quedetinha certas opiniões contrárias às verdades estabelecidas pelos apóstolos. Em vistadisso, Paulo disse à igreja em Corinto que seitas deveriam se desenvolver entre elescomo uma forma de separar o falso do verdadeiro (I Corintios 11:19).Eventualmente, a palavra "heresia" veio a significar o ensino particular que causava a separação de alguns do Cristianismo ortodoxo. Assim, Pedro exortava os cristãos sobre vários falsos mestres que tentariam demover os fiéis com seus ensinos heréticos (IIPedro 2:1). Na era moderna, eta é a forma como a palavra "heresia" é normalmente entendida;é incomum e/ou falso ensinamento aquele que prejudica a fé de certos fiéis e também causa facções distintas dentro da igreja. Algumas heresias famosas incluem o Gnosticismo, a perda de um corpo de idéias que normalmente incluem o ensino de queum ser maligno criou o mundo físico; Docetismo, que ensinava que Cristo não era humano de verdade; e muitas outras, frequentemente tendo a ver com a identidade deCristo ou com a Trindade (dois tópicos muito polêmicos na história da igreja).

15/07/2010

LIÇÃO 3 – AS FUNÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS DA PROFECIA

TEXTO ÁUREO
"Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado" (Pv 29.18).

VERDADE PRÁTICA
O objetivo principal da profecia bíblica é levar o homem a amar a DEUS acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, a fim de que haja ordem e bem-estar social.

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jr 7.2 - Moisés e os direitos humanos
Terça - Jr 7.3 - Ninguém está acima da Lei
Quarta - Jr 7.4 - Governantes que decretam leis injustas
Quinta - Jr 7.11 - A ação social é tema dos profetas
Sexta - Jr 7.12 - O direito do estrangeiro, do órfão e da viúva
Sábado - Jr 7.10 - A profecia apregoa a paz, a harmonia e a justiça social

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Jeremias 34.8-11,16,17
8 A palavra que do SENHOR veio a Jeremias, depois que o rei Zedequias fez concerto com todo o povo que havia em Jerusalém, para lhes apregoar a liberdade:
9 que cada um despedisse forro o seu servo e cada um, a sua serva, hebreu ou hebréia, de maneira que ninguém se fizesse servir deles, sendo judeus, seus irmãos.
10 E ouviram todos os príncipes e todo o povo que entrou no concerto que cada um despedisse forro o seu servo e cada um, a sua serva, de maneira que não se fizessem mais servir deles; ouviram, pois, e os soltaram.
11 Mas, depois, se arrependeram, e fizeram voltar os servos e as servas que tinham libertado, e os sujeitaram por servos e por servas.
16 Mudastes, porém, e profanastes o meu nome, e fizestes voltar cada um ao seu servo, e cada um, à sua serva, os quais já tínheis despedido forros, conforme a sua vontade; e os sujeitastes, para que se vos fizessem servos e servas.
17 Portanto, assim diz o SENHOR: Vós não me ouvistes a mim, para apregoardes a liberdade, cada um ao seu irmão e cada um ao seu próximo; pois eis que eu vos apregôo a liberdade, diz o SENHOR, para a espada, para a pestilência e para a fome; e dar-vos-ei por espanto a todos os reinos da terra.
18 E entregarei os homens que traspassaram o meu concerto, que não confirmaram as palavras do concerto, como eles fizeram diante de mim com o bezerro que dividiram em duas partes, passando pelo meio das duas porções.
19 Os príncipes de Judá, e os príncipes de Jerusalém, e os eunucos, e os sacerdotes, e todo o povo da terra que passou por meio das porções do bezerro,
20 entregá-los-ei, digo, nas mãos de seus inimigos e nas mãos dos que procuram a sua morte, e os cadáveres deles servirão de mantimento às aves dos céus e aos animais da terra.
21 E até o rei Zedequias, rei de Judá, e seus príncipes entregarei nas mãos de seus inimigos e nas mãos dos que procuram a sua morte, e nas mãos do exército do rei da Babilônia, que já se retirou de vós.
34.8 PARA LHES APREGOAR A LIBERDADE. Lhes refere-se a escravos entre os hebreus. A lei de Moisés declara que todos os hebreus, homens ou mulheres, vendidos como escravos por causa de dívidas, deviam ser libertos após seis anos (Êx 21.2-11; Dt 15.12-18). O rei exigiu que todos os governantes e o povo obedecessem a essa lei, e libertassem seus escravos. -Assim, o rei esperava obter a bênção de DEUS; além disso, os escravos libertos estariam mais dispostos a defenderem Jerusalém.
34.11 E OS SUJEITARAM. Quando o cerco babilônico de Jerusalém foi suspenso temporariamente, ante a -ameaça dos egípcios (cf. vv. 21,22), os judeus reativaram a escravidão de seus ex-escravos. Este ato demonstrou que a libertação anterior dos escravos (v. 8) não fora motivada por zelo pela justiça e pela lei de DEUS, mas por egoísmo. Quanto a esses afrontosos violadores da sua lei, DEUS declara: Os cadáveres deles servirão de mantimento às aves dos céus (v. 20).
Deutronômio 15.7-11 O POBRE. A obediência à lei de DEUS devia também significar um propósito resoluto de socorrer os necessitados (cf. 24.19-21; Lv 19.10).
(1) DEUS observa nossa atitude e desejo de ajudar os pobres e necessitados. Devemos usar nossos recursos materiais para ajudar os realmente necessitados. O espírito de cobiça e de egoísmo que não se preocupa com as necessidades dos outros, priva-nos da bênção de DEUS (vv. 9,10).
(2) O NT destaca a necessidade da compaixão, sensibilidade e bondade para com os sofredores e outros que enfrentaram circunstâncias difíceis que os levaram à pobreza ou à penúria (Mt 25.31-36; Gl 6.2,10)15.13 NÃO O DESPEDIRÁS VAZIO. Os israelitas não podiam mandar embora seus escravos sem provisões suficientes (cf. v. 12). O amor ao próximo (cf. Lv 19.18) os compelia a prover alimentos e suprimentos suficientes à sobrevivência deles, até conseguirem trabalho para ganhar a vida. Semelhantemente, o princípio do amor e da justiça no novo concerto, requer que tratemos os empregados com compaixão, eqüidade e justiça.
TRASPASSARAM MEU CONCERTO. Veja o estudo Aliança.

RESUMO DA LIÇÃO 3 – AS FUNÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS DA PROFECIA
Os profetas de Israel combatiam a injustiça social com o mesmo ímpeto com que atacavam a idolatria.

I. O PAPEL POLÍTICO E SOCIAL DA PROFECIA NAS ESCRITURAS
1. O profeta e o povo.
2. O profeta e o rei.
3. O profeta marginalizado.

II. O PROFETA É ENVIADO AO REI
1. O princípio do fim do reino de Judá.
2. Profecia dirigida ao rei (v.2).
3. O destino do rei Zedequias é anunciado (v.3).

III. A QUESTÃO DE ORDEM SOCIAL
1. A liberdade dos escravos hebreus (vv.8-10).
2. A alforria dos escravos é cancelada (v.11).
3. A indignação divina (vv.16,17).

O CUIDADO DOS POBRES E NECESSITADOSAm 5.12-14 “Porque sei que são muitas as vossas transgressões e enormes os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate e rejeitais os necessitados na porta. Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau. Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o DEUS dos Exércitos, estará convosco, como dizeis.”Neste mundo, onde há tanto ricos quanto pobres, freqüentemente os que têm abastança material tiram proveito dos que nada têm, explorando-os para que os seus lucros aumentem continuamente (ver Sl 10.2, 9,10; Is 3.14,15; Jr 2.34; Am 2.6,7; 5.12,13; Tg 2.6). A Bíblia tem muito a dizer a respeito de como os crentes devem tratar os pobres e necessitados.
O ZELO DE DEUS PELOS POBRES E NECESSITADOS. DEUS tem expressado de várias maneiras seu grande zelo pelos pobres, necessitados e oprimidos.
(1) O Senhor DEUS é o seu defensor. Ele mesmo revela ser deles o refúgio (Sl 14.6; Is 25.4), o socorro (Sl 40.17; 70.5; Is 41.14), o libertador (1Sm 2.8; Sl 12.5; 34.6; 113.7; 35.10; cf. Lc 1.52,53) e provedor (cf. Sl 10.14; 68.10; 132.15).
(2) Ao revelar a sua Lei aos israelitas, mostrou-lhes também várias maneiras de se eliminar a pobreza do meio do povo (ver Dt 15.7-11). Declarou-lhes em seguida, o seu alvo global: “Somente para que entre ti não haja pobre; pois o SENHOR abundantemente te abençoará na terra que o SENHOR, teu DEUS, te dará por herança, para a possuíres” (Dt 15.4). Por isso DEUS, na sua Lei, proibe a cobrança de juros nos empréstimos aos pobres (Êx 22.25; Lv 25.35,36). Se o pobre entregasse algo como “penhor”, ou garantia pelo empréstimo, o credor era obrigado a devolver-lhe o penhor (uma capa ou algo assim) antes do pôr-do-sol. Se o pobre era contratado a prestar serviços ao rico, este era obrigado a pagar-lhe diariamente, para que ele pudesse comprar alimentos a si mesmo e à sua família (Dt 24.14,15). Durante a estação da colheita, os grãos que caíssem deviam ser deixados no chão para que os pobres os recolhessem (Lv 19.10; Dt 24.19-21); e mais: os cantos das searas de trigo, especificamente, deviam ser deixados aos pobres (Lv 19.9). Notável era o mandamento divino de se cancelar, a cada sete anos, todas as dívidas dos pobres (Dt 15.1-6). Além disso, o homem de posses não podia recusar-se a emprestar algo ao necessitado, simplesmente por estar próximo o sétimo ano (Dt 15.7-11). DEUS, além de prover o ano para o cancelamento das dívidas, proveu ainda o ano para a devolução de propriedades — o Ano do Jubileu, que ocorria a cada cinqüenta anos. Todas as terras que tivessem mudado de dono desde o Ano do Jubileu anterior teriam de ser devolvidas à família originária (ver Lv 25.8-55). E, mais importante de tudo: a justiça haveria de ser imparcial. Nem os ricos nem os pobres poderiam receber qualquer favoritismo (Êx 23.2,3,6; Dt 1.17; cf. Pv 31.9). Desta maneira, DEUS impedia que os pobres fossem explorados pelos ricos, e garantia um tratamento justo aos necessitados (ver Dt 24.14).
(3) Infelizmente, os israelitas nem sempre observavam tais leis. Muitos ricos tiravam vantagens dos pobres, aumentando-lhes a desgraça. Em conseqüência de tais ações, o Senhor proferiu, através dos profetas, palavras severas de juízo contra os ricos (ver Is 1.21-25; Jr 17.11; Am 4.1-3; 5.11-13; Mq 2.1-5; Hc 2.6-8; Zc 7.8-14).

A RESPONSABILIDADE DO CRENTE NEOTESTAMENTÁRIO DIANTE DOS POBRES E NECESSITADOS. No NT, DEUS também ordena a seu povo que evidencie profunda solicitude pelos pobres e necessitados, especialmente pelos domésticos na fé.
(1) Boa parte do ministério de JESUS foi dedicado aos pobres e desprivilegiados na sociedade judaica. Dos oprimidos, necessitados, samaritanos, leprosos e viúvas, ninguém mais se importava a não ser JESUS (cf. Lc 4.18,19; 21.1-4; Lc 17.11-19; Jo 4.1-42; Mt 8.2-4; Lc 17.11-19; Lc 7.11-15; 20.45-47). Ele condenava duramente os que se apegavam às possessões terrenas, e desconsideravam os pobres (Mc 10.17-25; Lc 6.24,25; 12.16-20; 16.13-15,19-31).(2) JESUS espera que seu povo contribua generosamente com os necessitados (ver Mt 6.1-4). Ele próprio praticava o que ensinava, pois levava uma bolsa da qual tirava dinheiro para dar aos pobres (ver Jo 12.5,6; 13.29). Em mais de uma ocasião, ensinou aos que o queriam seguir a se importarem com os marginalizados econômica e socialmente (Mt 19.21; Lc 12.33; 14.12-14,16-24; 18.22). As contribuições não eram consideradas opcionais. Uma das exigências de CRISTO para se entrar no seu reino eterno é mostrar-se generoso para com os irmãos e irmãs que passam fome e sede, e acham-se nus (Mt 25.31-46).(3) O apóstolo Paulo e a igreja primitiva demonstravam igualmente profunda solicitude pelos necessitados. Bem cedo, Paulo e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carentes da Judéia (At 11.28-30). Quando o concílio reuniu-se em Jerusalém, os anciãos recusaram-se a declarar a circuncisão como necessária à salvação, mas sugeriram a Paulo e aos seus companheiros “que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência” (Gl 2.10). Um dos alvos de sua terceira viagem missionária foi coletar dinheiro “para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém” (Rm 15.26). Ensinava as igrejas na Galácia e em Corinto a contribuir para esta causa (1Co 16.1-4). Como a igreja em Corinto não contribuisse conforme se esperava, o apóstolo exortou demoradamente aos seus membros a respeito da ajuda aos pobres e necessitados (2Co 8;9). Elogiou as igrejas na Macedônia por lhe terem rogado urgentemente que lhes deixasse participar da coleta (2Co 8.1-4; 9.2). Paulo tinha em grande estima o ato de contribuir. Na epístola aos Romanos, ele arrola, como dom do ESPÍRITO SANTO, a capacidade de se contribuir com generosidade às necessidades da obra de DEUS e de seu povo (ver Rm 12.8; ver 1Tm 6.17-19).(4) Nossa prioridade máxima, no cuidado aos pobres e necessitados, são os irmãos em CRISTO. JESUS equiparou as dádivas repassadas aos irmãos na fé como se fossem a Ele próprio (Mt 25.40, 45). A igreja primitiva estabeleceu uma comunidade que se importava com o próximo, que repartia suas posses a fim de suprir as necessidades uns dos outros (At 2.44,45; 4.34-37). Quando o crescimento da igreja tornou impossível aos apóstolos cuidar dos necessitados de modo justo e equânime, procedeu-se a escolha de sete homens, cheios do ESPÍRITO SANTO, para executar a tarefa (At 6.1-6). Paulo declara explicitamente qual deve ser o princípio da comunidade cristã: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10). DEUS quer que os que têm em abundância compartilhem com os que nada têm para que haja igualdade entre o seu povo (2Co 8.14,15; cf. Ef 4.28; Tt 3.14). Resumindo, a Bíblia não nos oferece outra alternativa senão tomarmos consciência das necessidades materiais dos que se acham ao nosso redor, especialmente de nossos irmãos em CRISTO.

A Bíblia.
Livros do Antigo Testamento.
Livros Proféticos

O Profetismo
Com os profetas, o Antigo Testamento alcança o ápice, seja como valor espiritual absoluto, seja como preparação para o Novo Testamento. Os profetas eram homens que DEUS investia diretamente do seu espírito para uma missão espiritual no seio do seu povo, em tempos de perigo ou de necessidade religiosa e moral. Tornavam-se assim, guias espirituais do povo de Israel, pelo mesmo titulo com que outrora os juízes suscitados por DEUS, eram os chefes políticos e militares, os libertadores no tempo de aflição.
Embora tenha havido pessoas dotadas de espírito profético desde as origens do povo hebreu (cf. Gên. 20:7; Núm. 11:25-26; Dt. 34:10), contudo, somente a partir de Samuel esses homens inspirados por DEUS, e por ele enviados ao povo sucedem-se com tal freqüência, que chegam a formar uma cadeia ininterrupta durante cerca de seis séculos (aproximadamente desde 1050 a 450 a.C., Cf. 1 Sam. 3:1).
Considerando o exercício do ministério profético, este longo intervalo de tempo divide-se em dois períodos sensivelmente iguais. Nos três primeiros séculos, isto é, até por volta de 750 a.C. temos os profetas de ação, como, por exemplo, Elias (1Rs-2Rs 2), que pregam energicamente, mas não escrevem, ao passo que os profetas escritores viveram todos nos séculos seguintes: são os profetas cujos vaticínios ou mensagens nos foram transmitidos por escrito. Estes últimos costuma-se dividi-los, com base na extensão de seus escritos, em duas categorias: Profetas Maiores e Menores. Os primeiros são, por ordem cronológica, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel (sobre este último, porém, confronte-se a introdução ao seu livro. Os Menores, em número de doze, foram por algum tempo reunidos num só volume, em ordem aproximadamente cronológica, ou, ao menos, na que era julgada tal.
Objeto da pregação tanto dos profetas de ação como dos escritores, era defender a pureza do monoteísmo javista contra as contaminações ou infiltrações idolátricas, concitar o povo à santidade dos costumes, exigida pela lei divina, combater as desordens sociais, principalmente a opressão dos humildes, opor-se ao formalismo religioso, inculcando o primado do espírito interior sobre os ritos externos, anunciar a cada cidadão e a toda a nação os tremendos castigos de DEUS, em conseqüência das culpas cometidas, como também oferecer a perspectiva de um futuro melhor, fruto do arrependimento, porvir radioso, o mais das vezes compendiado em termos esperançosos e genéricos de paz e de salvação.
Nesta ordem de idéias, própria dos profetas escritores, apresenta-se-nos a majestosa e cativante figura de um descendente de Davi, mediante o qual se realizarão as venturosas promessas. Ele é o Salvador dos povos, o restaurador da religião e da justiça, o soberano de um reino eterno de paz. Os profetas designam-no com diversos nomes ou títulos: Emanuel, Servo de Javé; Rebento de Davi, Davi por antonomásia, Germe divino etc. Somente uma vez (Dan. 9:26) é denominado com o apelativo de Masiah, ou Messias, que mais tarde se tornará termo técnico e pessoal. Compreende-se, assim, como os apóstolos citem freqüentemente no Novo Testamento os vaticínios dos profetas para provar aos judeus que o Messias que eles preanunciaram é o seu Mestre, JESUS de Nazaré.
Esse prenúncio constitui o ponto alto da missão dos profetas. Mas não se limita a isso, como, tampouco, à predição do futuro em geral, se limitaria a missão própria dos profetas, como erroneamente poder-se-ia deduzir deste vocábulo vernáculo, derivado do grego. Em hebraico, o termo correspondente é "nabi," que, propriamente, significa um arauto (da divindade), um mensageiro. Os profetas eram, pois os porta-vozes de Javé, que transmitiam ao povo aquilo que DEUS lhes ordenava transmitir; eram os pregoeiros da mensagem divina à nação ou aos indivíduos. O termo mais comum para indicar a mensagem divina era também o mais amplo: "a palavra de Javé," que no seu objeto desconhece limites.
DEUS, portanto, falava aos profetas, os quais, por sua vez, transmitiam sua palavra aos homens. De que maneira e por quais caminhos chegava a palavra divina a esses espíritos de eleição, é um segredo da mística sobrenatural. Em muitos casos, porém, eles mesmos no-lo revelam em seus escritos. Assim, descrevem-nos as, visões com que foram favorecidos (Is. 6; Ier. 1:11-19; Ez. 1-6; Am. 7-8; Zac. 1-6), mediante uma ação sobrenatural, exercida quer sobre os sentidos exteriores, quer sobre a imaginação e as faculdades interiores. Outras vezes era uma voz que lhes falava, de maneira semelhante, seja sensivelmente, seja mediante uma ação interior. O objeto da revelação podia apresentar-se-lhes na sua realidade direta, como em Is 6, ou por meio de símbolos, como em Am 7-8. Outras vezes a lição era sugerida pela observação de um fato sensível, como em Jer 18. Na maioria das vezes, porém, havia uma iluminação direta da mente do profeta. Sempre, porém, este percebia que DEUS lhe falava, e era da indesmoronável convicção da origem divina do seu mandato que hauria uma força sobre-humana, capaz de vencer qualquer obstáculo (cf. Is. 50:4-8; Jer. 1:17-19; 20:7-12; Ez. 3:8-9; Am. 3:7-8; 7: 12-17).
A mensagem divina era comunicada, em geral, mediante a pregação (cf. Jer. 7:1-15), outras vezes, mediante uma ação simbólica, realizada publicamente, com a finalidade de causar maior impressão sobre o povo (Is. 20; Jer. 13;19; Ez. 4-5). Já no segundo período, as mensagens proféticas passavam mui freqüentemente da pregação viva para o escrito (cf. Jer. 36) e então assumiam facilmente forma mais literária, geralmente mais concisa e muitas vezes eram exaradas ou refundidas em formas poéticas mais apuradas, que juntavam à fascinação da beleza poética a vantagem de imprimir mais facilmente a palavra divina na memória. É até provável que, unindo ao verso a melodia, muitos desses poemas fossem cantados pelas praças e ruas, por zelosos discípulos dos profetas, para fins de propaganda.
Ao passarem, pois, da pregação oral para a escrita, esses "homens de DEUS" (título honroso, reservado por antonomásia aos profetas; cf. 1 Sam. 2:7 ; 9:6; 1 Rs. 13:1; 17:18; 2 Rs. 4:7 etc). recebiam um carisma especial de inspiração, que conferia a seus escritos o valor de livros sagrados, dignos de ser inseridos no cânon das Escrituras divinas. Essa inspiração recebe esse caráter específico do seu termo, a escrita, que faz com que a palavra seja fixa, duradoura e imutável, o que a expressão oral não é. Na sua natureza de oráculo divino não difere, porém, da inspiração profética comum. É por isso que os teólogos, como Sto. Tomás de Aquino (Suma Teológica, 2a-2a, q. 171-178) costumavam tratar da inspiração bíblica juntamente com o carisma profético, e os antigos Padres chamavam freqüentemente "profeta" a qualquer escritor bíblico, porque inspirado.
O profetismo ergue-se, portanto, paralelo à lei e, juntamente com ela, sustém o edifício sagrado da religião hebraica, quer em função social no seio do povo de Israel, quer como monumento literário no Livro divino, a Bíblia. Daí a razão por que em linguagem bíblica, de modo especial no Novo Testamento, é de uso corrente o binômio "Lei e Profetas" para indicar todo o Antigo Testamento (cf. Is. 2:3; 2 Mac. 15:9; Mt. 11:13; Lc. 24: 27 etc.).
O profetismo era uma instituição divina em Israel, prevista e aprovada pela lei (Dt. 18:15-20). O profeta, porém, recebia diretamente de DEUS a investidura de sua missão, independente da aprovação da autoridade civil ou do sacerdócio (cf. 1 Rs. 18:16-18; Jer. 1:17-19; Am. 7:10-17). Testemunha de que DEUS lhe tinha falado e de que o enviava, era o profeta mesmo, e devia ser acreditado na sua palavra. Garantia suficiente da sua sinceridade e da sua vocação divina, era sua pureza de vida e de doutrina, ou, em alguns casos, a realização de seu vaticínio (Dt. 13:1-3; 18:21-22). Foi assim que já no limiar do Novo Testamento apresentaram-se às turbas de Israel, João Batista e JESUS de Nazaré. Continuação e coroamento da antiga mensagem profética foi a mensagem evangélica.

Isaias
Nas Bíblias de língua hebraica e latina, o livro de Isaías costuma figurar em primeiro lugar na série dos livros proféticos. Não tanto por ser o mais antigo entre os Profetas Maiores ou por ser o livro ao qual empresta o nome um dos mais extensos, mas sobretudo porque excede a todos os outros pela quantidade e grandiosidade dos vaticínios messiânicos.
Julga-se que o profeta Isaías tenha nascido em Jerusalém, de família nobre, pois encontramo-lo continuamente em contato com a corte e com pessoas influentes do reino. Era casado e tinha pelo menos dois filhos, aos quais deu nomes proféticos (7:3; 8:3), como, aliás, era o seu próprio nome, cujo significado é "Javé salva." No ano 738 foi chamado ao ministério profético mediante uma célebre visão (cap. 6), que teve imensa repercussão na teologia e na liturgia. A partir de então vemo-lo ao lado dos reis de Judá, Acaz e Ezequias, animando-os na dura crise que atravessava a nação, assegurando-lhes a proteção divina em virtude das promessas feitas a Davi. Após o ano 700 perdemo-lo de vista.
Relativamente às condições políticas, morais e religiosas de Jerusalém e de Judá nos tempos de Isaías, temos notícias abundantes em 2 Rs. 15-20 e 2 Crôn. 26-32, além das reflexões do presente livro. O longo e benéfico reinado de Azarias ou Ozias (cf. 2 Rs. 15:1), que tão grandemente favoreceu a agricultura e o comércio no reino, trouxe com a prosperidade também o luxo e a despreocupação, fatores de corrupção e conseqüentes desventuras. As baixas camadas populacionais eram descuidadas, oprimidas pelos ricos e potentados. A prática da religião exteriorizava-se em numerosos atos públicos de culto, em funções litúrgicas, mas era destituída de sincero sentimento interior e de vida moral correspondente. Pior ainda, ao lado da legítima religião monoteísta, do javismo puro, vicejavam práticas abominadas pela lei, e até mesmo atos de idolatria, especialmente depois que o crescente poderio assírio prestigiou os cultos babilônicos, favorecendo-lhes a penetração entre as populações palestinenses. O reinado de Ezequias promoveu uma ação enérgica e salutar contra essas aberrações. Mas as suas sábias reformas não tiveram grande duração nem penetraram totalmente na sociedade judaica. Durante o reinado de seu degenerado filho e sucessor, Manassés, grassou mais do que nunca a corrupção na religião e nos costumes. À propagação do mal opôs-se em vão a voz enérgica dos profetas; não eram atendidos. Chaga tão maligna só podia ser curada com um tratamento radical. E eis os profetas, especialmente Isaías, a anunciar os castigos divinos, que se sucederiam implacáveis, até quase o aniquilamento da nação culpada. Mas do terrível cadinho sairá um pequeno resto, completamente purificado, germe sagrado de um povo novo. E a nação ressurgida e transformada gozará de paz sem fim e de bem-estar invejável. Esta, em linhas gerais, a mensagem do profeta.
Instrumento da catástrofe, humanamente tão terrível, mas ao mesmo tempo, por disposição divina, tão salutar, devia ser o poderoso monarca do vizinho setentrião, primeiro o assírio, depois o babilônico. Contra a ameaçadora arrancada do temível colosso ergue-se o Egito, seja para defender a própria independência, seja pela saudosa ambição dominar, como outrora, a Palestina e parte da Síria. Espremidos entre os dois poderosos contendores, os pequenos estados do Oriente próximo viam-se na contingência de se arranjarem como podiam. Daí a formação, particularmente em Jerusalém, de dois partidos opostos, um propenso a negociar com a Assíria, outro a formar com a oposição encabeçada pelo Egito. Isaias, em nome de DEUS, pregava a neutralidade, combatia toda a esperança fundamentada nos homens e incitava a pôr toda a confiança em Javé, fundador e protetor da nação. A esta política, ao mesmo tempo prudente e corajosa naquelas circunstâncias, o profeta animava o rei Ezequias, mesmo depois que, com a queda do reino de Efraim (queda da Samaria em 721 a.C). o perigo para o reino de Judá, menor e mais fraco, apresentava-se mais ameaçador. Graças a essa política, o pequeno reino saiu ainda incólume da tempestade (701 a. C.), naufragando em novo embate somente após mais de um século (587).

Jeremias
Jeremias é o mais simpático dos profetas e também aquele de quem possuamos notícias mais abundantes, quase todas transmitidas por seu próprio livro.
Nascido por volta do ano 646 a.C., em Anatot, nas proximidades de Jerusalém, de família sacerdotal e já predestinado ao ministério profético (Jer. 1:5), no décimo terceiro ano do reinado de Josias (626 a.C). foi chamado por DEUS e por ele enviado a levar a sua mensagem aos reinos e às nações, mensagem em que predominam as ameaças e as ruínas, mas que é rica também de promessas de restauração (1:9-10). Apesar da relutância por parte de sua índole bonachona e um pouco tímida, o jovem Jeremias respondeu ao apelo divino com generoso espírito de sacrifício, acrescido em face das oposições que lhe foram preditas (1:17-19) e do celibato que lhe foi imposto por expressa ordem divina.
Sua atividade desenvolveu-se nos momentos mais críticos da nação judaica, num período dos mais convulsionados do antigo Oriente semítico. Conheceu o colapso do poderio assírio e o nascimento do segundo império babilônico, que cedo iria destruir a bruxuleante chama da independência de Israel. No interior da nação, as condições religiosas e sociais não eram menos inquietantes. Ao iniciar Jeremias o seu ministério, perduravam ainda os péssimos efeitos do nefando reinado de Manassés, que abrira as portas às infiltrações idolátricas na prática religiosa do povo de Israel (2 Rs. 21:2-6). Foi contra essas aberrações e contra o formalismo religioso que o profeta teve de bradar, principalmente nos primeiros anos de sua pregação (Jer. 1-6), e não apenas nesses anos. Realmente, embora o piedoso rei Josias tivesse iniciado, a partir do ano 621, com zelo enérgico a purificação do país de todo o vestígio de idolatria, repristinando, com a concentração do culto no templo de Jerusalém, a observância da lei mosaica em todo o seu vigor, todavia, a morte trágica e prematura do próprio Josias (609 a.C). decretou um fim rápido para essa rígida reforma. Durante este decênio, satisfeito com secundar a ação governativa, Jeremias parece conservar-se por detrás dos bastidores (nenhum discurso seu deste tempo nos foi transmitido); depois, deplorada a morte do rei com elegias que infelizmente não chegaram até nós (2 Crôn. 35: 25), ele entra de novo em cena com energia ainda mais vibrante, profligando os vícios renascentes sob os sucessores de Josias, não poupando sequer os poderosos, os sacerdotes, os profetas mendazes, aduladores do povo ou de partidos. Muitos males trouxe-lhe esta pregação desassombrada, porque os poderosos alvejados por ele não lhe pouparam violências, perseguições, vilipêndios, cárceres (Jer. 20:1-3.7; 26:7-24; 32:1-2; 37;38).
No plano político, encontrou-se Jeremias em idêntica posição à de Isaías (cf. p. 796). Renovava-se o contraste entre o Egito e o império oriental, nas mãos dos babilônios ou caldeus. Ante a avançada ameaçadora destes, Jeremias recomenda, em nome de DEUS, a aceitação e a submissão aos novos senhores. Mas o forte partido da oposição incitava à resistência, apoiando-se novamente no Egito, e quis abafar a voz do profeta já malvisto, lançando-o numa escura prisão (Jer. 37:38), donde foi libertado, após a tomada da cidade, pelos caldeus, que, conhecedores dos seus sentimentos, tomaram-no sob a sua proteção (40:1-6). Nem mesmo isto, entretanto, lhe valeu algo contra o cego furor dos egiptófilos, que, conseguindo escapar dos caldeus, asilaram-se no Egito, arrastando consigo, à força, o desditoso profeta (43:1-7). Também ali, fiel à ordem divina, Jeremias continuou a missão de corrigir costumes e pacificar os espíritos entre seus compatriotas (44).
Jeremias possuía um coração extremamente sensível, e o patético, quer do amor quer do sofrimento, atinge às vezes o ápice no seu livro. A ternura de DEUS para com o seu povo e a mágoa de se ver por ele não correspondido, o esmagamento do profeta ante a ruína moral e política de sua amada nação, as alegrias pela reconciliação e o feliz reflorir, fazem vibrar as cordas mais íntimas do seu coração. A alma comovida de Jeremias irrompe então em calorosas estrofes de lirismo sublime e comovedor. Se em grandiosidade de imagens, vôos de fantasia e esplendor de fraseado cede o lugar a Isaías, no que tange à espontaneidade e à intensidade de afeto, Jeremias supera a todos os poetas hebraicos.

Baruc
A respeito de Baruc, associado ao ministério de Jeremias, temos notícias seguras no livro deste profeta, especialmente nos cc. 36,43,45. Sabemos daqui que foi arrastado à viva força pelos judeus rebeldes, juntamente com Jeremias, para o Egito (Jer. 43:5-7), mas do confronto de Jer. 44:28 com 45:5 podemos deduzir que mais tarde retornou à Judéia, donde pôde ir à Babilônia para consolar os exilados. Ali, efetivamente, o encontramos no início do pequeno livro que traz o seu nome. Este compõe-se de três partes, nitidamente distintas:
1a Prece pública, em prosa ritual (1:1-3:8): a nação em peso reconhece ter merecido tantas desgraças e o próprio exílio, por causa dos pecados pessoais e dos antepassados; pede misericórdia e a cessação de tantos males.
2a Elogio da sabedoria, em elevado estilo poético (3:9-4:4): na lei divina, que é concretamente a mais elevada sabedoria, está a verdadeira glória e felicidade de Israel; o exílio foi causado pelo abandono da mesma; cumpre voltar à perfeita observância da lei.
3. Deplorada a amargura do exílio, anuncia-se a alegria do repatriamento (4:5-5:9), em prosa cadenciada, que, pelo fundo, recorda Is. 40-66 e, pela forma, o estilo de Jeremias, oscilando, freqüentemente entre a poesia e a prosa.
Como se vê, as três partes acham-se ligadas entre si pelo fundo histórico do argumento e sucedem-se em certa ordem lógica. No tocante à qualidade literária e à composição diferenciam-se, entretanto, notavelmente, de sorte que o exame intrínseco não oferece razões decisivas que abonem a unidade de autoria de todo o livro. O testemunho extrínseco, dado no texto 1:1, para a atribuição a Baruc, vale somente para a primeira parte, a qual está tão impregnada do fracasso de Jeremias, que, negá-la ao secretário do profeta, é o que de mais irrazoável possa haver.
Menos rica, mas não isenta de contatos com o livro de Jeremias, é a terceira parte. Nada nos diz a respeito o belo poemeto central.
Todas as três partes foram originariamente escritas em hebraico, entre 582 e 540 a.C., aproximadamente. Provam-no as numerosas alusões ao exílio babilônico e os diversos equívocos das antigas versões, explicáveis unicamente por uma leitura ou interpretação incorreta de uma palavra hebraica, coisa que se nota igualmente em todas essas versões. O texto hebraico original, porém, foi perdido. Para nós, toma-lhe o lugar a versão grega dos LXX. Em segundo lugar vem a Pessitta siríaca, que também deriva do hebraico. Na Vulgata temos uma antiga tradução latina feita à base do grego e não retocada por S. Jerônimo.
Os judeus da Palestina excluíram Baruc do rol dos livros sagrados, e nisso foram seguidos também por alguns Padres da Igreja, na antigüidade, e por todos os protestantes. Acolheram-no, ao invés, os judeus da diáspora, anexando-o ao livro de Jeremias no volume dos profetas maiores. Desta crença e costume tornou-se herdeira a Igreja cristã, razão por que vemos, desde o fim do séc. II, os Padres Atenágoras, Irineu, Clemente Alexandrino, citarem as palavras de Baruc com o nome de Jeremias. Nos cânones bíblicos das Igrejas do Oriente e do Ocidente, nos séculos seguintes, o mais das vezes Baruc não é especificado (como também as Lamentações), justamente porque compreendido com Jeremias. O cânon do Tridentino nomeia-o expressamente: "Jeremias com Baruc." Destarte elimina-se qualquer dúvida acerca do caráter divinamente inspirado deste opúsculo, tão breve quão rico de doutrina, não lhe faltando mesmo algumas raras belezas literárias.

Ezequiel
Ezequiel, pertencente à linhagem sacerdotal, viveu, como Jeremias, no período mais tormentoso da história hebraica.
Em 598/97 a.C., antes de ter completado 30 anos, foi deportado de Jerusalém para a Caldéia, juntamente com o rei Joiakim (ou Jeconias) e mais dez mil pessoas entre nobres, guerreiros e artesãos. Permaneceu no exílio até à morte, ocorrida entre os anos 571 a 561 a.C.
Jerusalém não fora ainda destruída, porque o rei Joiakim, tendo sucedido a seu pai Joiaquim (talvez assassinado quando o exército de Nabucodonosor se aproximava da cidade santa), rendera-se ao cabo de três meses de assédio.
Todavia, a deportação da corte e do escol da população enfraqueceu-a sobremaneira, constituindo uma lição tremenda, mas infelizmente inútil. Entre a população deixada no país, sob o governo de Sedecias, nutriam-se veleidades de independência, que explodiram em aberta rebelião no ano 588, causando finalmente a tomada e a destruição de Jerusalém e do seu templo (Jer. 37:39 e 52).
Todas as visões do profeta exilado, como as de Jeremias, que permaneceu na pátria, vendo e vivendo o trágico destino da cidade santa, vinculam-se intimamente a esses acontecimentos. Ambos os profetas vêem e anunciam continuamente, em todas as formas, o futuro imediato, imersos na angústia de ver um povo que não lhes presta ouvidos e se atira ao báratro.
A própria morte da esposa de Ezequiel, lembrada pelo profeta, tornou-se um símbolo da ruína de Jerusalém e do templo, ocorrida na mesma época. Não faltam, porém, alguns clarões que permitem visões longínquas, as quais se multiplicam e até se tornam constantes, quando aos primeiros deportados se juntou a avalanche dos novos, trazendo gravados no espírito os horrores do cerco, do morticínio e da deportação.
Ao contrário de Jeremias, que tem páginas patéticas, transbordantes de extrema sensibilidade, Ezequiel é, muitas vezes, áspero, duro, quase desapiedado. Mas as suas predições e ações simbólicas, bem como as suas mortificações voluntárias, para inclinar, se possível fora, Israel a uma conduta de fidelidade para com DEUS e a uma sabedoria política, são inspiradas por um coração magnânimo e forte ao mesmo tempo, baseado na fé, na dedicação ao seu povo e no amor à pátria.
Em seu estilo abundam as ações simbólicas, originais e mudas, apresentadas como narrações. As partes poéticas são raras e encontram-se quase exclusivamente nas profecias contra as nações. Ezequiel é minucioso nas descrições, preciso e até cansativo às vezes. O projeto da divisão da Terra Prometida, o desenho do novo templo e a indicação das leis ao mesmo atinentes, parecem mais obra de técnico do que de profeta.
Profecias nitidamente messiânicas são os trechos: 17:22-24; 34:11-16; 47:48. Mas toda a terceira parte, do c. 33.em diante, é concebida em termos de expectação messiânica.
Ezequiel é o primeiro representante dum novo gênero literário de mensagem profética, muito desenvolvido, em seguida, na literatura judaica do séc. II a.C. Trata-se do gênero apocalíptico. No Novo Testamento, ele figura no livro do Apocalipse (termo grego que significa "revelação"). O próprio S. João deu ao seu livro o nome de "profecia" (Apoc. 1:3), termo não muito apropriado ao caráter da obra. Eis as características principais do gênero apocalíptico:
1. A mensagem profética limita-se à predição do futuro, especialmente à era messiânica e ao fim do mundo.
2. Esse futuro, ora radiante, ora pavoroso, aparece ao vidente sob a forma de cenas simbólicas em que atuam seres humanos e sobre-humanos, animais e astros, quais outras tantas figuras dos acontecimentos vindouros.
3. A intervenção freqüente de anjos, como guias e intérpretes dos cenários contemplados pelo profeta.
4. Os eventos relacionados com o fim dos tempos, quer messiânicos, quer cósmicos, revestem-se dum colorido empolgante de convulsões cósmicas e telúricas, e isso, de tal maneira, que este motivo, embora acessório, é considerado comumente como propriedade prevalente do estilo apocalíptico.

Daniel
A respeito de Daniel nada mais sabemos além do que nos diz este livro, pois não traz nenhuma novidade a única menção dele, feita no Antigo Testamento (1 Mac. 2:60) e a igualmente única do Novo Testamento (Mt. 24:15).
Descendente de nobre família do reino de Judá, muito jovem ainda (13:45), teria sido deportado cerca do ano 605 a.C. para Babilônia e agregado aos pajens da corte do rei Nabucodonosor, com o nome de Baltasar (1:7). Desde os primeiros atos (cf. 13:45-62) revela-se senhor daquela sabedoria que constitui o fundo de sua figura moral. Modelo e mártir da fidelidade à lei divina, foi enriquecido por DEUS com um dom extraordinário de penetração nos mistérios contidos nas visões e nos sonhos proféticos que DEUS envia a ele e a algumas personagens daquela época (2:17-35; 4:2; 5:13-16).
Em virtude dessas suas capacidades, fez carreira entre os soberanos babilônios, desde Nabucodonosor até Ciro, que o honraram, confiando-lhe cargos. De dois anos destes soberanos são datadas as revelações que ele teve, a última das quais (10:1) se deu no terceiro ano de Ciro. Além dessa data, nada mais sabemos dele.
Nas Bíblias hebraicas o livro de Daniel tem menor extensão do que nas cristãs, e dentre estas, as latinas têm ordem um tanto diversa daquela das gregas. Em hebraico compõe-se de 12 capítulos e de 357 versículos; nas versões gregas e latinas são inseridos (no c. 3) 67 versículos, que constituem a primeira das três partes ditas deuterocanônicas deste livro. Além disso, acrescentaram-se outras partes em dois capítulos distintos, que em grego se acham, o mais das vezes, um no início e outro no fim; nas versões latinas sempre no fim.
No livro a idéia central que predomina, é aquela do reino de DEUS, isto é, do supremo domínio de DEUS sobre a natureza e sobre os eventos humanos, que culmina no estabelecimento do "reino dos santos" (os adoradores do verdadeiro DEUS) sobre as ruínas dos mais poderosos impérios humanos.
As observações críticas, porém, não diminuem o valor do ensinamento religioso e moral do livro. Reduz-se ele a pontos de importância capital. Jamais se lê o nome divino "Javé," mas sempre El ou Eloim (também Eloah, no singular) ou uma circunlocução "DEUS do céu" (8 vezes), "o Altíssimo DEUS" (5 vezes). A tendência de todas as narrações é a de exaltar o DEUS de Israel, donde resulta que somente ele é que tudo pode e tudo sabe; lê nas mentes humanas e vê os acontecimentos futuros; dele é que vem todo o saber humano e em suas mãos estão os destinos dos indivíduos e dos impérios. A ele somente se deve adoração e culto, e para não transgredir sua santa lei, devemos estar prontos mesmo a morrer, se necessário.
O messianismo de Daniel é sumário, de poucos elementos, mas de relevância extraordinária. É um messianismo quase exclusivamente coletivo, isto é, visando antes a sociedade religiosa do que o seu chefe; suas características são todas de origem espiritual: cessação do pecado, triunfo da justiça, inauguração de uma eminente santidade (9:24) ; o reino anunciado será o "reino dos santos," que se poderia traduzir também por "reino de DEUS," tal como foi depois anunciado na primeira pregação do Evangelho (Mc. 1:14). Particularidade de Daniel é que ele anuncia a vinda desse reino, isto é, o seu início, indicando datas e números cerca de 500 anos depois da queda de Jerusalém (9:24) ; daí o lugar de primeira ordem que ocupa este vaticínio na demonstração da doutrina cristã.
O que ele diz sobre a vida futura ou sobre a escatológica é pouco, mas este pouco assinala um progresso da revelação nessa matéria. É ele o primeiro a insinuar um despertar dos mortos no fim dos tempos, um despertar para uma nova existência que será para uns a vida eterna e para outros a eterna condenação. Entre os primeiros, os que tiverem demonstrado zelo pela santificação própria e a dos outros gozarão de esplendor especial (12:2-3).

Profetas menores

Oséias
O profeta Oséias era natural do reino de Israel ou Efraim, como se costuma chamar. Profetizou sob o reinado de Jeroboão II e de seu sucessor, a partir da queda de Samaria e de todo o reino (721 a.C.).
Os três primeiros capítulos do livro de Oséias formam um conjunto todo especial. Sob a forma de drama simbólico é-nos posta diante dos olhos a infidelidade do povo de Israel para com o seu DEUS, representada, figuradamente, na infidelidade duma esposa para com seu legítimo marido; anuncia-se o seu castigo, mas também o seu arrependimento, a sua reconciliação e, enfim, sua vida renovada e mais feliz (2:16-24; cf. 2:1-2; 3:5).
Nos capítulos restantes (4-14) voltam os mesmos motivos, a saber: a culpa de Israel, principalmente as práticas idolátricas, o culto do bezerro de Betel, as alianças com os poderosos pagãos, a Assíria e o Egito, a falta de confiança e de apelo ao único DEUS; daí os castigos proporcionados às culpas. Nem faltam vislumbres dum retorno a DEUS e dum futuro melhor. Nesta sucessão de quadros, o mais das vezes obscuros, pode-se notar certo progresso. No c. 7 os acontecimentos políticos que, entre 745 e 725 a.C. elevaram tantos reis ao trono e outros tantos derrubaram dele, aparecem como fatos já passados; no c. 13 o castigo do povo ingrato é anunciado já como sentença irrevogável de uma destruição total do reino, e no último, o 14, com cores mais ricas e suaves promete-se a salvação definitiva.
No estilo de Oséias sucedem-se, em breves sentenças, pinceladas rápidas, imagens ousadas, passagens bruscas e como por saltos. Seu vocabulário é rico, e seu estilo característico, devido, talvez, às particularidades do dialeto de sua região. Por estas mesmas razões o seu texto, maltratado pelos copistas, conservou-se num estado assaz deplorável. Desse complexo de causas origina-se a obscuridade desmesurada deste livro. Escrito no reino de Israel, foi-nos conservado e transmitido por mãos judaicas, através das quais é verossímil que tenha sofrido retoques lingüísticos e talvez também algum acréscimo, como a menção do reino de Judá nalguns contextos onde menos se esperariam (cf. 5:5; 6: 11).
Das páginas de Oséias transparece um caráter impressionante, ardente e patético a um só tempo, mas sensível sobretudo às ternuras e às fogosidades do amor. Sob este aspecto é um precursor de Jeremias. Particularmente suas são as muitas reminiscências da antiga história do povo de Israel, sobretudo do patriarca Jacó, que tornam duplamente precioso o seu livro, cuja extensão supera, em três ou quatro partes a maioria dos doze profetas menores.
O método de Oséias se destaca pela descrição das relações entre DEUS e Israel propostas sob a figura do amor conjugal. Ele é o primeiro profeta que recorre a esta comparação tão fecunda e repetida pelos profetas seguintes. A bem dizer, ele insiste mais no aspecto negativo do matrimonio, nas infidelidades e nas rupturas, do que no amor propriamente dito. A descrição deste amor será reservada ao Cântico dos Cânticos. A Oséias, pelo contrário, DEUS faz sentir as suas amarguras de esposo traído, ameaçando e executando os duros castigos que o caso reclama. Tudo termina com a expectativa da reconciliação dos esposos a da restauração.

Joel
O nome de Joel (hebr. Jõ'el = Javé é DEUS) ocorre umas quinze vezes no Antigo Testamento. Discute-se até agora a respeito da época em que teria vivido o profeta Joel; mas pouco nos adianta examinarmos sua vida, pois chegaremos às mais desencontradas conclusões. Com maior atenção devemos, por isso, entregar-nos à leitura do próprio texto.
Distingue-se Joel pela amplitude e vivacidade das descrições, que constituem quase toda a matéria do seu livro. Ao contrário dos grandes profetas, Joel jamais especifica as faltas censuradas por ele; contenta-se com a exortação geral: "Voltai a DEUS de todo o coração" (2: 12). Além disso, jamais menciona rei ou reino. Isso induziu a maior parte dos modernos a situar o profeta numa época posterior ao, exílio, à qual parecem convir melhor as condições sociais e históricas próprias de sua mensagem. Joel conhece a dispersão do povo de Israel entre as nações e descreve sumariamente os seus horrores (3:1-6). Na sua mensagem já não se dirige aos reis, mas somente aos anciãos (1:2) e aos sacerdotes (1: 13). São indícios que mostram que a organização pré-exílica acabou, e, que, portanto, o livro não é dessa época.
Importante é o "Dia de Javé" (em nossa tradução "Dia do Senhor"), na primeira parte, referência a um castigo grave, mas transitório. Na segunda parte, com cores sombrias e insistência, refere-se ao castigo definitivo dos infiéis.

Amos
Os críticos modernos consideram Amós, e com razão, como o primeiro dos profetas escritores (cf. Am. 1:1 com Os. 1:1 e Is. 1:1). O seu livro, por raros méritos de estilo e de substância, é realmente digno de abrir a inestimável literatura profética de Israel. Acrescentam valor às suas mensagens as humildes origens do profeta e sua vocação, na qual brilha tanto mais intensamente a força do seu espírito sobre-humano.
Ò profeta Amós é distinto de Amós, pai do profeta Isaías (Is. 1:1: os dois nomes são de grafia diferente no hebraico). O livro fornece-nos bastante pormenores sobre sua vida. Natural de Técua, aldeia situada a uns 8 km ao sul de Belém, tirava o seu sustento do pastoreio de rebanhos e do cultivo de sicômoros, cujos frutos constituíam o alimento da gente pobre (Am. 1:1;7:14). Corriam os tempos dos longos e prósperos reinados de Ozias, em Judá (cf. 2 Rs 15:2.5) e de Jeroboão II, em Israel (783-743 a.C.), que davam à nação poder e riqueza de que há muito tempo não gozava. Daí que a própria religião auferia vantagens, pela abundância das vítimas imoladas nos altares e pela pompa dos ritos. Mas ficaram prejudicadas a moral e a piedade sincera, os costumes pioravam, e os israelitas, deslumbrados pela prosperidade, caminhavam alegres e inconscientes para a ruína. Crescia, para infelicidade deles, o poderio assírio. Nesta altura, o humilde pastor de Técua sente-se chamado a pregar o arrependimento aos desavisados, revelando aos culpados os castigos iminentes. E ei-lo a percorrer, vaticinando, as cidades de Israel. Enfrentou corajosamente a oposição dos sacerdotes de Betel, o principal santuário do reino (Am. 7:10-17); depois, não se sabe qual tenha sido o seu fim. Uma tradição conservada pelo ignoto autor das "Vidas dos profetas" e acolhida no Martirológio Romano a 31 de março, narra que, ferido na têmpora com uma maçã, pelo filho do sacerdote Amasias, foi levado agonizante à própria aldeia, onde morreu pouco depois.
O livro de Amós nos apresenta, mais do que qualquer outro dos profetas, uma disposição clara e uma bela ordem das mensagens.
O estilo simples e não obstante cheio de dignidade, a forma escorreita, a pureza e o vigor da linguagem fazem do livro de Amós um modelo de literatura hebraica. Para torná-lo mais atraente, acrescenta-se a feliz circunstância de que o texto geralmente foi bem conservado como poucos outros.
Acima dos méritos literários, porém, estão a elevação de pensamento, a doutrina moral e religiosa. O monoteísmo ético puro atinge o auge. O DEUS de Israel não é somente o único verdadeiro DEUS, criador e governador de todo o Universo, mas por sua santidade essencial é também o autor e guarda zeloso de uma lei moral, cuja observância ele exige de todos os povos, e pune o delito onde quer que sua onisciência o descubra. A escolha especial e gratuita do povo de Israel não é nenhum privilégio sob este aspecto (3:2, 9:7-10). Para lhe tributar as honras á que tem direito, é necessária antes de mais nada a santidade de costumes, sem a qual nada valem os atos dum culto cerimonioso e os sacrifícios de numerosas vítimas (5:21-24). Amós condena a moleza, o luxo, a ambição (6:4-6, 8:5-7), e também com mais energia e maior freqüência, a injustiça e a crueldade para com o próximo, seja ele quem for, a opressão dos pobres.

Abdias
Com o nome de Abdias, que quer dizer "Servo de Javé," temos o mais breve escrito do Antigo Testamento: consta de um só e não longo capítulo de 21 versículos.
É todo ele uma mensagem dirigida contra os edomitas ou idumeus, dos quais se recriminam:
1. O orgulho e a ousada confiança que depositam na posição geográfica, defendida pelos fortes baluartes naturais de seu país (vv. 2-9).
2. Sua cumplicidade e alegria feroz a quando da desgraça dos hebreus (vv. 10-15).
3. O castigo até o aniquilamento, em contraste com a restauração de Israel em suas possessões e até no predomínio deste sobre a Iduméia (vv. 16-21).
Muito se tem discutido sobre a desgraça nacional de Israel a que se alude nos vv. 10:14; comparando-se esta passagem com Sl. 13:6-7; Ez. 25:12; 35:5 e Jer. 49:7-18, não resta dúvida de que se trata da queda de Jerusalém nas mãos dos caldeus em 587 a.C.
Com isso temos a época aproximada em que o autor viveu. Escreveu talvez quando os acontecimentos aos quais alude eram ainda recentes, isto é, na primeira metade do séc. VI a.C. Era, portanto, um contemporâneo de Jeremias e de Ezequiel. Não se pode, pois, identificá-lo, como fizeram outrora judeus e cristãos, com Abdias, mordomo do rei Acabe, que tanto se esforçou em favor dos profetas.

Jonas
Um "profeta Jonas, filho de Hamitai, nascido em Gad-Heber" (na Galiléia, cf. Jos. 19:13), é mencionado em 2 Rs. 14:25, referindo-se a uma predição verificada sob o reinado de Jeroboão II de Israel (783-743 a.C). Esse profeta deve ter vivido no início do séc VIII a.C., e trata-se, sem dúvida, do Jonas do presente livro.
Com isso não está ainda afirmado que o próprio Jonas tenha escrito o livro que traz seu nome. Diferentemente de todos os demais livros proféticos, o presente tem a singularidade de ser apenas uma narração, e seu objeto não é a transmissão de uma mensagem profética, e sim apresenta, na prática, na narração do acontecimento, uma elevada lição de doutrina religiosa. Propriamente, pertence ao gênero narrativo.
Duas coisas ressaltam nesta narração: a mesquinhez do espírito humano (nos temores e nas iras do profeta) e a infinita bondade e clemência de DEUS. Não menos importante é, porém, o universalismo religioso. Temos o caso único de um profeta de Israel ser enviado a pregar a gentios, e vemos o DEUS de Israel dispensar tanto cuidado a uma nação idólatra. Pressentimos já o conceito universalista do cristianismo (Rom. 3:29-30; Co1. 3:11). Largueza de espírito e de coração da segunda parte.
Outro aspecto de grande alcance na história religiosa apresenta-nos a primeira parte. No episódio de Jonas saindo vivo do ventre do peixe, depois de passar três dias ali, JESUS viu uma figura de sua ressurreição dos mortos, prova máxima da sua divindade (Mt. 12:38-40). Daí também o renome de Jonas na literatura e na arte cristã. O mesmo divino Mestre intima os ninivitas convertidos pela pregação de Jonas, a deporem contra os judeus que não acreditam na palavra dele, que é muito mais que Jonas (Mt. 12:41; Ls. 11:52). Sem dúvida não é necessário mais do que isso para compreender a importância religiosa deste livro.
Bastaria isto também para provar-lhe o caráter histórico? Notamos que a sua finalidade é dar uma lição moral quanto à largueza de espírito e à bondade de coração. Ora, um ensinamento pode ser dado também, e não em último lugar, com uma construção imaginária. O próprio divino Mestre disso nos deu o mais ilustre exemplo com as suas parábolas. Seria, portanto - pode-se perguntar - o livro de Jonas uma parábola, e não o relato de fatos realmente ocorridos? É o que pensam hoje muitos, fora da Igreja católica e também alguns de seus membros. Mas não se apresentam razões decisivas para essa afirmação. Aquilo que a obra nos conta de maravilhoso, não constitui dificuldade para quem admite, como se deve admitir, a possibilidade do milagre. O fim didático funda a possibilidade, não a necessidade de uma ficção literária. Os fatos reais têm igualmente força para instruir a mente e maior eficácia para mover a vontade. Estando assim neste ponto as conclusões, não é de prudência cristã duvidar da realidade histórica dos fatos, levada em conta pelo próprio JESUS.

Miquéias
Miquéias profetizou sob os mesmos monarcas que Isaías, exceto sob o primeiro, Osias, em cujo último ano de reinado e de vida Isaías foi chamado ao ministério profético. Miquéias era, portanto, contemporâneo de Isaías, florescendo entre 738 e 700 a.C., mais ou menos. A idade, a terra natal, o livro de Miquéias nos são confirmados (felicidade única para um escritor bíblico) pela citação pública dum célebre vaticínio seu, (3:12), feita apenas um século depois (608 a.C). e conservada no livro canônico de Jeremias (Jer. 26:18). Nasceu o profeta numa obscura aldeia a sudoeste da Judéia, a atual Bet-Gibrin e parece que na mesma região tenha desenvolvido o seu ministério profético (cf. 1:10-12) com feliz resultado, como se pode deduzir do que lemos em Jer 26:19. Mais do que isso não sabemos a respeito dele. O autor das Vidas dos profetas, que o dá como martirizado sob o reinado de "Jorão, filho de Acab," mostra tê-lo confundido com outro profeta homônimo, filho de Jemla; mais antigo, pelo menos de um século (1 Rs. 22:9-28), e por isso não merece fé.
O livro de Miquéias, ainda que lhe falte a bela ordem de Amós, e se aproxime antes do estilo patético de Oséias, apresenta, todavia, seções bastante nítidas.
O argumento dos vaticínios de Miquéias é, portanto, semelhante aos de Isaías, especialmente Is cc. 1-12. Os dois profetas têm até mesmo em comum um dos mais belos vaticínios messiânicos (Is 2:2-4 = Miq. 4:1-3). Em Miquéias, porém, o lado positivo da mensagem, isto é, a promessa de um futuro melhor, ocupa um lugar relativamente mais amplo. Notável é também que entre as culpas exprobradas por Miquéias aos hebreus de seu tempo, têm grande prevalência as faltas de justiça e de humanitarismo para com o próximo, os crimes contra a boa ordem social. Redunda em honra singular para o profeta e o seu livro o fato de que duas das suas mais insignes predições sejam expressamente citadas à letra, quer pelo Antigo Testamento (3:12: em Jer. 26, como já foi dito), quer pelo Novo (5:1: em Mt. 2:5-6; cf. Jo. 7:42), e que o próprio JESUS, na instrução aos seus apóstolos, expressou um ponto do seu programa (Mt. 10:35-36) com as palavras de Miquéias (7:6).

Naum
O livro do profeta Naum é a única fonte que a ele se refere. Dá-nos a conhecer tão somente a terra natal do profeta, Elcos, lugar jamais citado em outra passagem da Bíblia. Os informantes judeus de S. Jerônimo (Prefação ao seu comentário) o situam na Galiléia. Outra tradição, menos antiga, e acolhida pelo autor das Vidas dos Profetas, localizava-o na Judéia, próximo de Eleuterópolis ou Bet-Gibrin. A época de Naum deve ser posta entre a queda de Tebas, no Egito, sob as armas do assírio Assurbanipal, em 663 a.C., e a queda de Nínive, sob os golpes conjugados dos babilônios e dos persas, em 612. A primeira é recontada no seu livro (3:8-10) como acontecimento passado; a segunda constitui o objeto quase único de sua mensagem profética.
Em confronto com os demais profetas menores, o conteúdo ideal de Naum não é novo, mas a todos supera em lances líricos e na expressão. Infelizmente, o texto em muitos lugares está corrompido, deixando por vezes o sentido incerto.

Habacuc
Na Bíblia hebraica o nome Habacuc (Habaqquq) encontra-se somente nos títulos dos cc. 1 e 3 deste livro a ele atribuído, o qual, outra notícia expressa não nos oferece, além daquela que se refere ao nome pessoal do profeta. Resta-nos unicamente o conteúdo para deduzirmos a época em que viveu e o espírito que o animava.
O livro versa todo sobre um ponto crucial da doutrina religiosa: o problema de saber se há uma justiça que governa o mundo e por que os bons são dominanados pelos maus. O tema é desenvolvido em três seções: duas queixais em forma de diálogo e um canto final à maneira de contemplação.
A mensagem de Habacuc tem em comum com a de Jeremias, o fato de pôr em discussão o problema moral dá prosperidade dos maus (Jer. 12:1-3), e com a de Isaías o pensamento de que DEUS se serve das ambições humanas, da tirania estrangeira, para castigar os pecados do seu povo, sem, porém, deixar impunes os excessos dos tiranos (10:3-19). Especial em Habacuc é o grande princípio, promulgado com insólita solenidade (2:4), de que a fonte da vida é a fé, em DEUS, que São Paulo fará um dos pontos básicos da sua doutrina religiosa.
Na Bíblia grega o nome deste profeta é "Ambacum," e da mesma maneira está grafado o nome daquele "profeta na Judéia," que, agarrado pelos cabelos por um anjo, levou a refeição a Daniel na cova dos leões, em Babilônia (Dan. 14:33-39). Por razões cronológicas, quando não por outras, as duas personagens são consideradas distintas.

Sofonias
De oito dos dezesseis profetas escritores não conhecemos sequer o nome do pai, ao qual se restringe na maior parte a genealogia dos outros (Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel. Jonas). De Zacarias, além do pai, cita-se também o avô. Sofonias, singular entre todos, prolonga a cadeia ascendente até ao trisavô, chamado Ezequias (cf. 1:1). Pensou-se que este Ezequias se identificasse com o conhecido rei de Judá, filho de Acaz, que reinou de 720 a 690 a.C., mais ou menos. Visto que Sofonias profetizou durante o reinado de Josias, o terceiro sucessor e bisneto de Ezequias (ib.), a cronologia não opõe dificuldades insuperáveis a essa opinião. O silêncio, porém, quer da história, quer do próprio profeta em torno dessa sua relação com a dinastia régia, torna-a de todo improvável. Além disso, esse nome não é raro na Bíblia.
O tempo em que vaticinou Sofonias pode ser deduzido da sua mensagem. Pregando sob Josias e entre outras coisas acusando os jerosolimitanos de perversões idólatras e práticas gentilícias em religião (1:4-6), isso deve ter acontecido antes da célebre reforma religiosa de Josias, que se iniciou em 621 a.C. (cf. 2 Rs. 22:3-23:20). Diremos, portanto, que Sofonias exercitou o seu ministério profético pelo ano 625 a.C, quando surgiu também o profeta Jeremias no mesmo ministério.

Ageu
Afora o que nos refere o seu breve escrito, que ocupa o décimo lugar na série canônica dos profetas menores, a respeito do profeta Ageu sabemos apenas que foi contemporâneo do profeta Zacarias, com o qual compartilhou a missão de assistir os repatriados na obra de construção do templo.
A atividade do profeta Ageu desenvolveu-se durante poucos meses, no segundo ano de Dario I (cf. Ag. 1:1; 2:11), rei da Pérsia, de 521 a 485 a.C.
Sem valor especial quanto ao estilo ou à poesia, o escrito de Ageu recebe sua eficácia e interesse da grande paixão do profeta pelo templo. Animada pela recordação do esplendor do antigo templo, contemplado talvez numa juventude muito remota, esta paixão é alimentada sobretudo pela certeza de que a reconstrução do templo é a premissa indispensável para um renascimento seguro da vida nacional. A isso acrescenta-se a visão sobrenatural daquilo que o novo templo é destinado a simbolizar e como que a preludiar: a gloriosa construção espiritual do futuro reino messiânico. Certo deste destino, o profeta encontra palavras inflamadas para sacudir o povo de seu letargo, torna-se ousado diante dos tímidos representantes oficiais da nação e arrasta todos a um grande fervor.

Zacarias
Do profeta Zacarias (em hebr. "Javé se recordou") fala também Esdr 5:1; 6:14. Era filho de Baraquias (Zac. 1:1-7) e neto de Ado (Zac. 1:1-7; Esdr. 5:1; 6:14), provavelmente o mesmo citado entre os sacerdotes que voltaram de Babilônia com Zorobabel, no ano 537 (cf. Ne. 12:4). Isso pareceria confirmado também pela indicação de Ne 12:16, segundo a qual um certo Zacarias era chefe da família sacerdotal de Ado, no tempo do sumo sacerdote JESUS, contemporâneo de Zorobabel (cf. Zac. 4:14; Ag. 1:1; Esdr. 3:2).
Como a Ageu, coube também a Zacarias a missão de apoiar os repatriados na obra de reconstrução do templo.
Zacarias iniciou a sua atividade profética alguns meses depois de Ageu (cf. Ag. 1:1 e Zac. 1:1-7), no mesmo segundo ano do rei persa Dario I (520 a.C.), mas a estendeu por mais tempo. Ao menos, pelo que se narra nos oito primeiros capítulos do seu livro, alcançou-se o quarto ano do reinado do mesmo soberano (cf. Zac. 7:1).
Pertence o livro por inteiro ao profeta do qual traz o nome? A maioria dos críticos estima a segunda parte como uma compilação, feita em época mais recente, de escritos de autores diversos e desconhecidos. Segundo alguns, os escritos, seriam de origem helenista (séc. IV a.C.); segundo outros, do tempo da revolta dos macabeus (175-161 a.C.) ou de ambas as épocas.
Não obstante as múltiplas diferenças de argumentos, de perspectiva, de gênero literário e de estilo entre a primeira e a segunda parte, os católicos geralmente aderem hoje também à opinião tradicional que atribui todo o livro ao profeta Zacarias.
O livro inteiro é perpassado por uma profunda espiritualidade. Ressalta nele a doutrina sobre os anjos, que velam pela sorte do reino de DEUS e desempenham, cuidadosos, a missão de intermediários entre o céu e a terra. Expondo os diversos motivos sobre o Messias e o seu reino futuro, Zacarias realça o elemento interior da santidade e o da luta contínua contra o mal até o surgimento de seu último estádio, glorioso e sem fim.

Malaquias
O último escrito profético traz na Bíblia grega o título, mais comum entre nós, de Malaquias, que em hebraico quer dizer "Anjo [ou mensageiro] de Javé," e como nome próprio se encontra alhures no texto bíblico. A Bíblia hebraica intitula-o de Malaqui, que pode ser forma abreviada do precedente, ou significar, por si, "Anjo (mensageiro) meu."
Para determinar a época da atividade profética de Malaquias, não estamos melhor informados; devemos contentar-nos exclusivamente com os dados fornecidos pela análise interna do seu escrito. A semelhança, e às vezes a identidade, entre os abusos que Malaquias repreende e aqueles contra os quais tiveram de lutar freqüentemente Esdras e Neemias, nos levam a supor, com bastante fundamento, que também o presente profeta viveu durante o período persa, numa época mais ou menos próxima da dos dois grandes reformadores do séc. V.

CONCLUSÃO
Há somente um que tem poder para transformar essa expectativa profética em realidade,
Ele se chama Senhor JESUS CRISTO, o Príncipe da Paz (Is 9.6).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Bibliológico
Zedequias Era um governador fraco e inseguro. Em uma audiência com Jeremias, confessou seus temores e apelou ao profeta que não comentasse o assunto com quem quer que fosse (38.14-28). Todavia, aparentemente, ele tomou a iniciativa de persuadir o povo a que concordasse com a libertação dos escravos hebreus, após o período legal de sete anos. DEUS o recompensara por este ato de piedade, independentemente de sua motivação.
Escravidão
Em Israel, esta instituição era diferente da praticada em outras sociedades do mundo antigo. Um jovem hebreu podia ser comprado, mas somente seria mantido como escravo por um período de sete anos. Ao final deste tempo, seu senhor deveria libertá-lo, suprindo-o generosamente com recursos suficientes para iniciar uma nova vida. Em suma: na lei mosaica, a escravidão era mecanismo social destinado a proteger o pobre, habilitando-o a alcançar a condição de auto-sustento. Em Judá, entretanto, a escravidão fora corrompida, pois as pessoas ricas escravizaram para sempre seus patriotas judeus. A intenção inicial de uma provisão caridosa ao pobre se desvirtuara ao se transformar numa instituição opressora
(RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 1.ed. RJ, CPAD, 2005, p.469).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
"O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por DEUS. E DEUS não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! DEUS fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como "um corpo-alma em sociedade". Portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amamos nosso próximo como DEUS o criou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar do seu corpo, da sua alma e da sua sociedade. [...] É verdade que o Senhor JESUS ressurreto deixou a Grande Comissão para a sua Igreja: pregar, evangelizar e fazer discípulo. E esta comissão é ainda a obrigação da Igreja. Mas a comissão não invalida o mandamento, como se 'amarás o teu próximo' tivesse sido substituído por 'pregarás o Evangelho'. Nem tampouco reinterpreta o amor ao próximo em termos exclusivamente evangelísticos. Ao contrário, enriquece o mandamento amar o nosso próximo, ao adicionar uma dimensão nova e cristã, nomeadamente a responsabilidade de fazer CRISTO conhecido para esse nosso próximo"
(STOTT. John R. W. Cristianismo Equilibrado. Rio de Janeiro, CPAD, pp.60-1).


Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev.. Luiz Henrique de Almeida Silva

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