...

Pesquisar neste blog

19/03/2024

LIÇÃO 12 – O PAPEL DA PREGAÇÃO NO CULTO - 1º TRIMESTRE DE 2024 (2Tm 4.1-5)





INTRODUÇÃO


Nesta lição, destacaremos o conceito bíblico do que é pregação; mencionaremos que o ministério terreno de Cristo, foi caracterizado pela proclamação das boas novas com o propósito de alcançar a todas as pessoas; elencaremos também, principais eventos que mostram a pregação sendo colocada como prioridade no dia a dia da igreja primitiva; e por fim, abordaremos quais devem ser as características da pregação no culto e a sua devida importância.


I – DEFINIÇÕES


Definição do termo proclamar.


O verbo grego traduzido como “proclamar”, “kerysso” que quer dizer: “ser um arauto, proclamar como um arauto”, refere-se na prática à: “pregação do evangelho como a palavra autorizada (obrigatória) de Deus, trazendo responsabilidade eterna a todos que a ouvem” (GONÇALVES, 2024). Ainda podendo ser entendido como: “promulgação solene e urgente de um fato importante. Assim é descrito o anúncio do Evangelho em obediência ao ‘ide’ de Cristo” (Mt 28.18-19) (ANDRADE, 2006, p. 305).


Definição do termo pregação.


Andrade define a pregação como sendo: “proclamação da Palavra de Deus, visando a divulgação do conhecimento divino, a conversão dos pecadores e a consolação dos fiéis” (2006, p. 303). Um dos termos usados é “kerygma”, que indica: “a mensagem do evangelho”; essa palavra aparece cerca de oito vezes no Novo Testamento (Mt 12.41; Lc 11.32; Rm 16.25; 1Co 1.21; 2.4; 15.14; 2Tm 4.17; Tt 1.3), indicando a pregação apostólica, que é a mensagem central e o fundamento do Novo Testamento (CHAMPLIN, 2004, p.367)


II – A PREGAÇÃO NO MINISTÉRIO DE JESUS


Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus: “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4.23), essa ênfase na pregação no ministério do Senhor é Jesus, é vista frequentemente nos Evangelhos “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35), “E aconteceu, num daqueles dias, que, estando ele ensinando o povo no templo e anunciando o evangelho, sobrevieram os principais dos sacerdotes e os escribas com os anciãos” (Lc 20.1). Sua importância é ressaltada, quando essa mesma ênfase foi ordenada e confiada à igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18).


III – A PREGAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA


A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.14-17; ver Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (At 17.30; 1Tm 2.4), para tanto percebemos a pregação sendo evidenciada na vida da igreja primitiva.


Vejamos:


No ministério de Pedro.


Após ser revestido com o poder do Espírito Santo, o apóstolo Pedro pregou um sermão bíblico (At 1.16), totalmente cristocêntrico, começando com: “[...] Jesus Nazareno” (At 2.22) e, terminando com: “[...] Senhor e Cristo” (At 2.36), resultando em quase três mil almas para o Reino de Deus. Desde então, seu ministério foi marcado pela proclamação das boas novas, na unção do Espírito. Como se pode ver em vários momentos:


(a) diante do espanto dos que presenciaram o milagre realizado na porta formosa do templo (At 3.12-26);

(b) diante da indagação e da oposição do sinédrio (At 4.8-22); e,

(c) na casa do centurião Cornélio (At 10.34-48).


No ministério de Paulo.


O apóstolo Paulo em razão da sua importância no cenário cristão, destacou-se quanto ao compromisso de proclamar a Palavra de Deus de tal forma que sempre lembrava: “Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto ) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1Tm 2.7; 2Tm 1.11), o que podemos ver com facilidade tanto em seu exemplo (At 9.20,22; 13.5,16; 14.1,21,22,25; 16.13,31; 17.2,3,17;18.4,5,11; 19.8,13; 20.25; 28.31), como em seus ensinamentos (1Tm 4.6-11,13,16; 5.17; 6.3-5; 2Tm 1.13; 2.14,15; 4.2).


IV – CARACTERÍSTICAS DA PREGAÇÃO NO CULTO


O apóstolo Paulo prevendo o fim de seus dias (2Tm 4.6,7), trouxe à tona para o jovem obreiro Timóteo, compromissos que deveriam caracterizar sua conduta como servo de Deus e da igreja do Senhor. Entre esses o de pregar o Evangelho de forma genuína, frente a um tempo de resistência à verdadeira mensagem de Deus (2Tm 4.3,4). Nesse intuito, o apóstolo destaca características que deve ter a pregação no culto:


Seriedade:


“Conjuro-te, pois [...]” (2Tm 4.1-a). A palavra conjuro-te, do grego: “diamarturomai” que indica: “testificar sob juramento, atestar, testificar a, afirmar solenemente”, é enfática e tem peso de afirmação legal. O apóstolo elaborara detalhadamente a responsabilidade que está sobre o ministro cristão. Agora ele incumbe Timóteo de assumir este encargo em plena conscientização de que, no desempenho de suas obrigações, ele é responsável diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo (2Co 5.10). A pregação da Palavra era tão importante para Paulo e para o ministério da igreja que ele ordenou “uma ordem militar” que Timóteo continuasse a pregá-la. Paulo recorre a Cristo como testemunha de sua ordem e lembra a Timóteo que, um dia, o Senhor retornará e testará o ministério dele. O pregador infiel que acrescenta algo à mensagem ou dela subtrai será reprovado no dia do acerto de contas (Ap 22.18).


Fidelidade:


pregues a palavra [...]” (2Tm 4.2-a). Pela expressão “a palavra”, o apóstolo quer dizer a mensagem relativa a Cristo como Redentor, Salvador e Senhor. Este deve ser o teor da pregação cristã. Nenhum sermão é realmente sermão, a menos que deixe explícita a verdade bíblica. O pregador é um arauto de Cristo, não pode mudar a mensagem que lhe foi confiada: “porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.27), não pode alterar a essência da mensagem, na tentação de torná-la palatável aos homens: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus” (2Co 2.17).


Urgência:


“[...] instes a tempo e fora de tempo [...]” (2Tm 4.2). O pregador precisa ter um profundo senso de urgência, o verbo grego “ephistemi”, traduzido por “instar”, significa literalmente: “estar de prontidão”. A tempo e fora de tempo pode ser traduzido por “insista em todas as ocasiões, convenientes ou inconvenientes”. Esta determinação nos mostra o senso de urgência que deve caracterizar nossa pregação (At 8.26-30). Isso acarreta necessariamente a responsabilidade de corrigir e repreender (redarguas e repreendas) e o dever mais positivo de animar (exortes). Temos de provocar em todos que nos ouvem a disposição de reagir em total obediência à Palavra de Deus. Acima de tudo, o servo de Deus deve cultivar a graça da paciência (longanimidade), em seus esforços de levar as pessoas a Cristo e ministrar-lhes o ensino segundo a verdade cristã (doutrina).


V – A IMPORTÂNCIA DA PREGAÇÃO BÍBLICA NO CULTO


Para nosso ensino.


Paulo diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito […]” (Rm 15.4). Segundo Champlin (2004, p. 855):“Paulo faz aqui uma pausa momentânea a fim de relembrar aos seus leitores qual a autoridade e qual o devido uso das Escrituras. Ele também quis dar a entender, que ela está repleta de boas coisas para nossa instrução moral e espiritual, e a igreja tem feito bom emprego dela, quanto a esses propósitos”.


Para aviso nosso.


O mesmo apóstolo assevera acerca da Bíblia que as coisas que estão escritas: “[…] estão escritas para aviso nosso […]” (1Co 10.11). Para exortar os crentes de Corinto, Paulo utiliza-se do mau comportamento do povo de Israel no deserto (1Co 10.1-6). O apóstolo diz que este exemplo negativo serve de aviso a fim de que não caiamos nos mesmos erros (1Co 10.6,11). Segundo Champlin (1995, p. 396) a palavra “aviso” no original grego é: “nouthesia”, que significa: “admoestação”, “instrução”, “aviso”, que é utilizada tanto no sentido positivo quanto negativo, ou seja, uma atitude que pode ser reproduzida ou evitada”. Os bons exemplos quanto os maus exemplos de personagens das Escrituras também foram registrados para nos trazer advertências;


Para nos instruir no caminho certo.


Paulo descreveu para o jovem obreiro Timóteo quais os muitos propósitos da pregação das Escritura em relação ao homem: “Toda a Escritura é […] proveitosa para ensinar, […] redarguir, […] corrigir, […] instruir em justiça” (2Tm 3.16). Tudo que foi escrito, o foi para nos instruir no caminho da justiça. Segundo Champlin (1995, p. 396), no tocante à justiça que no grego é: “dikaiosune”, fica indicado o “treinamento naquilo que é reto”. Porém, no sentido cristão, “praticar o que é reto” consiste em cultivar o caráter moral de Cristo, o qual, por sua vez, reproduzirá a moralidade de Deus Pai”.


CONCLUSÃO


Em razão dos tempos difíceis que marcam os últimos dias da Igreja do Senhor na terra, precisamos reafirmar o valor das Escrituras e da sua proclamação, ocupando um lugar proeminente no culto cristão


REFERÊNCIAS


ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

CHAMPLI, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

GONÇALVES, José. O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. 1 ed. RJ: CPAD, 2024.

VINE, W. E. Dicionário Vine. CPAD

IEADPE - Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

02/08/2023

 LIÇÃO 06 – A DESCONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE BÍBLICA – 3º TRIMES DE 2023 (Rt 4.7-12)



INTRODUÇÃO

Nesta lição estaremos destacando o significado de duas palavras principais para o melhor entendimento do assunto que são: desconstrução e masculinidade; mencionaremos três principais áreas onde a masculinidade bíblica vem sendo descontruída; e por fim, elencaremos características da verdadeira masculinidade à luz das Escrituras.

I – DEFINIÇÕES DOS TERMOS DESCONTRUÇÃO E MASCULINIDADE

Definição do termo desconstrução.

A palavra desconstrução é tem suas origens e tem sido muito popularizado na filosofia e que basicamente quer dizer: “ato ou efeito de descontruir; é destruir ou desfazer; desfazer para reconstruir (o que está construído, estruturado)” (HOUAISS, 2001, p. 970). Quanto a desconstrução da masculinidade ou desmasculinização, entende-se como sendo a inversão dos papéis do homem na sexualidade, na liderança e prática de seus deveres.

Definição do termo masculinidade.

De acordo com o dicionarista Antônio Houaiss, masculinidade é: “qualidade de masculino ou de másculo; que denota por sua vez, qualidades consideradas próprias do homem” (2001, p. 1862). Embora a palavra masculinidade não apareça na Bíblia, o seu conceito é claro nas páginas do Antigo e Novo Testamento. A cultura da masculinidade bíblica é baseada nos princípios e valores da Bíblia, que orientam o modo como os homens devem se comportar e viver suas vidas (Gn 1.26-28; 2.15). A masculinidade bíblica é entendida como o comportamento e as características que são consideradas adequadas apenas para o homem, segundo a perspectiva da Bíblia. Essa cultura valoriza a integridade, a responsabilidade, a honra e a lealdade, e busca formar homens que reflitam a imagem de Deus e sejam um exemplo para os outros (1Rs 2.1,2; 1Co 16.13). O conceito de masculinidade na Bíblia vem do termo hebraico “zakhar” que denota um ser “macho” que é totalmente oposto de “neqêvah” que aponta para a feminilidade, ou seja, “fêmea”.

II – A DESCONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE BÍBLICA

A desconstrução da masculinidade na sociedade.

Alguns estudiosos das ciências do comportamento têm afirmado que o Ocidente experimenta, na atualidade, uma severa crise de masculinidade. A prova disso é vista nos mais variados grupos sociais que, aos poucos, têm desconstruído a ideia do que significa ser homem. Ademais, nossa época também tem sido marcada pela remoção dos marcos judaico-cristãos que nortearam os valores do Ocidente por séculos a fio, de modo a arruinar toda a nossa concepção acerca do significado de masculinidade. Nessa perspectiva, a masculinidade foi relativizada, o comportamento firme comum aos homens (que não deve ser confundido com machismo) foi “suavizado” e, a postura, outrora máscula, foi distorcida; há também uma preocupação exacerbada e incomum com a aparência estética hábito conhecido pelo termo metrosexualidade (uso de cosméticos ditos para homens, sobrancelhas feitas, cabelos estilizados, roupas apertadas), a moda a serviço dessa desconstrução; além de uma nítida inversão de papéis (VARGENS, 2020, pp. 13,14). O que contraria frontalmente o princípio de diferenciação que há nas Escrituras quanto a determinados aspectos entre o homem e a mulher (Lv 18.22; Dt 22.5; 1Co 11.6,13-15; 1Pd 3.1-7)

A desconstrução da masculinidade na família.

Em nome do politicamente correto, a atual geração tem sido bombardeada com conceitos e valores que têm proporcionado certo “desequilíbrio da sociedade”, o que, por conseguinte, tem produzido o enfraquecimento da família. A crise de masculinidade tem gerado homens extremamente sensíveis e inseguros, incapazes de liderar a família e de ser a linha de frente contra os perigos e os males que atacam o lar. Dessa maneira, a ideia bíblica de que o homem é o cabeça do lar (1Co 11.3-12; Ef 5.22-23), tem sido considerada, pelas feministas, um verdadeiro absurdo, fruto de uma sociedade patriarcal e primitiva, algo a que se deve resistir com todas as forças. Uma prova disso é que nosso tempo tem sido marcado pelo conceito de que a esposa, em hipótese alguma, deve submeter-se à autoridade do marido. O que também contraria claramente os princípios de Deus (Ef 5.22- 33).

A desconstrução da masculinidade e o seu reflexo na igreja.

Devido à severa crise de masculinidade vivenciada pela sociedade brasileira, acrescida da omissão masculina em algumas comunidades evangélicas, os papéis de liderança outrora desenvolvidos por homens começaram a ser preenchidos por mulheres. Por causa do marxismo cultural, do feminismo e do empoderamento da mulher, os homens têm sido desestimulados a liderar suas casas e, consequentemente, a igreja. Desde então, tem crescido no Brasil o número de “pastoras”, “bispas”, “presbíteras” e até “apóstolas”; o que contraria frontalmente o padrão bíblico de governo de igreja: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11).

III – A MASCULINIDADE À LUZ DAS ESCRITURAS

A Bíblia é clara ao afirmar que Deus criou o homem (Gn 1.27) e que o fez distinto da mulher, concedendo-lhe atributos particulares que, de forma clara, o distinguem dela. De acordo com Vargens (2020, pp. 34- 38), vejamos, portanto, algumas características do homem segundo as Escrituras:

Ser homem, segundo a Bíblia, é assumir a missão de proteger família.

De Gênesis a Apocalipse, a Bíblia nos mostra que um dos papéis do homem é “sustentar, guardar, proteger e livrar a sua família do mal”. Gênesis nos instrui no sentido de que o Senhor orientou o homem a cuidar do jardim e a guardá-lo, onde, juntamente com Eva, deveria viver (Gn 2.15); mesmo antes de criar a mulher e instituir a família, o Criador definiu que um dos papéis do homem deveria ser o de protetor de sua casa, guardando-a de qualquer ameaça que porventura pudesse aparecer. À luz dessa verdade, aliada ao ensino de Paulo, que nos mostra que o marido deve amar sua esposa da forma como Cristo amou a Igreja, dando sua vida por ela (Ef 5.25), chegamos à conclusão de que uma das responsabilidades do homem é cuidar de sua mulher e toda a sua casa, assim como quem cuida de si mesmo.

Ser homem, segundo a Bíblia, é assumir a responsabilidade de liderar a sua casa nos caminhos do Senhor.

A Palavra do Senhor é clara em ensinar que o homem tem de estar pronto e apto a liderar sua esposa e filhos de um modo que honre a Deus, glorificando, assim, seu santo nome. Deus colocou o homem como o cabeça do lar, e a mulher, como sua auxiliadora (Gn 2.18), e o Senhor em sua soberania, determinou que a condução dos rumos da família deveria ser um dos papéis do marido (Ef 5.23; 1Co 11.9). O homem é chamado para ser o líder, para orientar, proteger e estar à frente de sua família. Deus concedeu-lhe esse mandato, portanto é preciso que entendamos que essa é uma responsabilidade que não pode ser negligenciada (Js 24.15). Assim, o homem deve ser aquele que traz o ensino dentro de casa.

Ser homem, segundo a Bíblia, é entender a responsabilidade de ser o provedor e sustentador de sua família.

As Escrituras nos ensinam que um dos papéis do homem é o de provedor do lar. Paulo ensina que, assim como Cristo cuida de sua igreja, alimenta-a e sustenta-a, o marido tem a responsabilidade de prover à sua esposa o sustento necessário. Em outras palavras, o ensino paulino afirma que um dos papéis do homem é trazer ao lar provisão e sustento, o que nos leva ao entendimento de que, ao criá-lo, Deus lhe concedeu tanto o atributo como a responsabilidade de ser o provedor de sua casa (Ef 5.28-30). Vale a pena ressaltar que foi Adão quem ouviu do Senhor que, do suor do rosto, ele comeria o pão, e não sua mulher (Gn 3.19). O que naturalmente não quer dizer que a esposa não possa em hipótese alguma trabalhar (desde que o casal chegue a um bom senso, e que isso não fira os princípios bíblicos quanto ao cuidado da família). Contudo, o que não dá para negociar é o fato de que o homem é quem deve ser o provedor do lar e da família (Sl 128.1-3).

Ser homem, segundo a Bíblia, é usar de virilidade e coragem.

A Bíblia relata que Davi foi um homem segundo o coração de Deus (At 13.22) e que reunia virtudes fantásticas, inclusive a coragem. Um exemplo claro disso é que, ao perceber que o exército de Israel estava sendo humilhado pelos filisteus, num ato de intrepidez, resolveu enfrentar o gigante Golias (1Sm 17.11-46). Essa ação corajosa de Davi aponta, eminentemente, para uma virtude que caracteriza a personalidade masculina. Após a morte de Moisés, o Senhor chamou Josué, dizendo-lhe que ele deveria ser forte e corajoso: “Não foi isso que eu ordenei? Seja forte e corajoso! Não tenha medo, nem fique assustado, porque o SENHOR, seu Deus, estará com você por onde quer que você andar” (Js 1.9 - NAA). Em 1 Pedro 3.7, as mulheres são apresentadas como sendo a parte mais frágil de um casamento. Portanto, homens são chamados por Deus para serem fortes e úteis à sua família e comunidade. 

CONCLUSÃO

Deus criou o ser humano com dois gêneros: masculino e feminino (Gn 1.27). E a diferenciação dos sexos é um princípio determinado pela criação divina (Gn 2.23). Dessa forma, a sociedade, a família e a igreja anseiam por homens que honrem a sua masculinidade.

REFERÊNCIAS

• BAPTISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o Império do Mal. CPAD.

• BAPTISTA, Douglas. Valores cristãos. CPAD.

• GRENZ, Stanley, J. Pós-Modernismo: uma guia para entender filosofia do nosso tempo. VIDA NOVA.

• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

• VARGENS, Renato. Masculinidade em Crise e seus efeitos na Igreja. EDITORA FIEL.

• IEADPE - Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

28/07/2023

LIÇÃO 05  A DESSACRALIZAÇÃO DA VIDA NO VENTRE MATERNO 3º TRIMESTRE DE 2023  (Lc 1.26-33; 39-45)



INTRODUÇÃO


Nesta presente lição traremos a definição das palavras “dessacralização e aborto”; veremos algumas legislações não cristãs contrárias a prática do aborto; notaremos o que a Bíblia diz sobre esta prática; pontuaremos algumas concepções errôneas para justificar o aborto; e por fim; falaremos o que a Bíblia diz sobre a vida humana.

I DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS “DESSACRALIZAÇÃO”, “ABORTO” E “FETO”

Definição dos termos “dessacralização” e “aborto”. A palavra “dessacralização” significa: “fazer perder o caráter sagrado” (HOUAISS, 2011, p. 1015). O Dicionário Online de Português define dessacralização como: “secularização, desmistificação, fazer com que algo deixe de ser considerado sagrado, divino, inviolável” (www.dicio.com.br/dessacralizacao/). Já a palavra “aborto” é formada por dois vocábulos latinos: “ab”, privação, e “ortus”, nascimento (ANDRADE, 2015, p. 52). “Conceitualmente, o aborto é a interrupção do nascimento por meio da morte do embrião ou do feto. Algumas literaturas identificam o aborto como feticídio cujo significado é a morte do feto” (BAPTISTA, 2023, p. 60). O verbo “abortar” do ponto de vista médico significa: “expulsar naturalmente o feto, ou retirá-lo por meio artificiais […]” (HOUAISS, 2001, p. 1271). O aborto é chamado de feticídio que significa: “crime, no qual através do aborto provocado, ocorre a morte do feto que se presume com vida” (HOUAISS, 2001, p. 1333).

II LEGISLAÇÕES NÃO CRISTÃS CONTRÁRIAS A PRÁTICA DO ABORTO

As civilizações dos sumérios, os babilônios, os assírios, os hititas e os israelitas consideravam o aborto como um crime de maior gravidade (GARCIA, 2011, p. 25 apud BAPTISTA, 2018, 39). Ao contrário do que pensam os pró-aborto que somente os cristãos se opõem a esta prática pecaminosa, o aborto já foi declarado errado por muitas sociedades não cristãs. Vejamos:

Código de Hamurabi (XVIII a.C.) aplicava castigo severo para quem induzisse um aborto (GEISLER, 2001, p. 456);
Tiglath-Pileser rei persa (XII a.C.) punia as mulheres que induziam o aborto (GEISLER, 2001, p. 456);
Hipócrates médico grego (IV a.C.) se opunha ao aborto (PALLISTER, 2005, p. 141). O juramento era recitado pelos médicos ndia da formatura dizia: “Não darei a nenhuma mulher um pessário para provocar um aborto” (KAISER JR, 2016, p. 138);
Lucius Sêneca (II d.C.) elogiou a sua mãe por não ter lhe matado com esta prática (GEISLER, 2001, p. 456);
Código criminal do Império no Brasil. O aborto e o infanticídio eram punidos com prisão e trabalho forçado. A pena era de um a três anos de prisão e trabalho forçado (Art. 198) […], de um a cinco anos de trabalhos forçados no sistema prisional da época (Art. 199) […]. Código de Napoleão (1769-1821) era crime hediondo (BAPTISTA, 2018, p. 40).

III O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O ABORTO

A vida humana é sagrada por tratar-se de um ato criativo de Deus (Gn 2.7; Jó 12.10) […].

O princípio de sacralidade assegura a dignidade da pessoa humana e a inviolabilidade do direito à vida (Sl 36.9; 90.12) […] a militância ideológica não reconhece que a sacralidade da vida está atrelada à santidade da vida […]. Essa falaciosa distinção condena o homicídio de crianças já nascidas, mas defende o assassinato dessas crianças no ventre da mãe (BAPTISTA, 2023, pp. 61,62). Vejamos o que nos diz a Escritura:

O aborto no Antigo Testamento.

Na Lei Mosaica, provocar a interrupção da gravidez da mulher é ato criminoso (Êx 21.22,23). No Decálogo, o sexto mandamento proíbe o homem de matar, o que significa literalmente “não assassinar” (Êx 20.13). Os intérpretes do Decálogo concordam que o aborto está incluso nesse mandamento. Então, quem mata um embrião ou feto atenta contra a dignidade humana e a sacralidade da vida no ventre materno (BAPTISTA, 2023, p. 60). O aborto é um assassinato porque ele termina com uma vida humana, portanto neste mandamento encontramos uma clara reprovação a este ato (Êx 23.7; Dt 5.17). Em Êxodo 21.22-25 dá a mesma pena a alguém que comete um homicídio e para quem causa o aborto. Deus trata o feto como um ser humano (Gn 9.6). A Lei de Deus não faz distinção entre aborto e infanticídio. Tanto faraó que ordena a matança dos infantes hebreus, quanto a mulher que, por motivos fúteis, interromper a gravidez, quebrantam o sexto mandamento (Êx 1.22; 20.13) (ANDRADE, 2017, p. 77).

O aborto no Novo Testamento.

Jesus ratificou o sexto mandamento “Não matarás” (Mt 5.21; 19.18). Os apóstolos também (Rm 13.9; Tg 2.1). Uma das afeições próprias da natureza humana, é que a mãe ame o filho, desde o seu ventre (Is 49.15). No entanto, Pa ulo diz que umas das características do ser humano entregue ao pecado, é que ele pode se tornar uma pessoa “sem afeição natural” (Rm 1.31), uma referência implícita ao desamor que sente, por exemplo, uma mulher que estando grávida, assassina o próprio filho. O mesmo ap óstolo diz que os que tais coisas cometem e também os que consentes são dignos de morte (Rm 1.32 ver ainda Ap 21.8).

O aborto na história da Igreja.

A igreja que mantém o princípio teológico da autoridade bíblica (2Tm 3.16) defende a dignidade humana, a sacralidade e a inviolabilidade da vida desde a sua concepção (BAPTISTA, 2023, pp. 63,64). “O ensino dos dez apóstolos” (séc. I), chamado de “Didaquê”, condena o aborto: “Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido” (Didaquê II,2). O apologista Tertuliano (150-220) ensinou que a morte de um embrião tem a mesma gravidade do assassinato de uma pessoa já nascida e que impedir o nascimento é um homicídio antecipado. O polemista Agostinho de Hipona e os teólogos Jerônimo de Estridão e Tomás de Aquino consideravam pecado grave interromper a gestação e o desenvolvimento da vida humana […]. Jerônimo, autor da vulgata latina, considerou as mulheres que escondiam a infidelidade conjugal com o aborto como culpadas de triplo crime: adultério, suicídio e assassinato (ANDRADE, 2015, p. 58 apud BAPTISTA, 2018, pp. 43,44).

IV CONCEPÇÕES ERRÔNEAS PARA JUSTIFICAR O ABORTO

“Fecundação, embrião e feto são os nomes das três etapas da gestação […]. 

Quanto aos cientistas, muitos concordam que a vida tem início na fecundação, quando o espermatozoide (gâmeta masculino) e o óvulo (gâmeta feminino) se fundem gerando a nova célula chamada zigoto” (BAPTISTA, 2018, p. 44). “De fato, o homem, desde a fecundação, não é ‘um aglomerado de células’, como dizem os cientistas ateus e materialistas. É um ser completo, composto de espírito, alma e corpo” (RENOVATO, 2008, p. 273).

O feto é plenamente humano.

Alegam os pró-abortistas que o feto não é um ser humano em potencial, podendo ser facilmente descartado. No entanto, tanto as descobertas científicas quanto a Bíblia nos mostram que isto é um argumento falacioso. A palavra “feto” segundo o Houaiss (2001, p. 1333) significa: “ser em desenvolvimento no útero […]”. As únicas diferenças entre “um feto” e um ser humano adulto, é a idade e a massa corpórea. Portanto, ele é tão pessoa quanto um ser humano nascido. Do ponto de vista bíblico, Deus não faz distinção entre vida em potencial e vida real, ou seja, entre uma criança ainda não nascida no ventre materno em qualquer que seja o estágio e um recém-nascido ou uma criança. No AT a expressão “yeled” é usada normalmente para se referir a uma criança já nascida. Mas, também é utilizada para se referir a um filho no ventre (Êx 21.22; 25.22). No NT a palavra grega “brephos” é empregada com frequência para os recémnascidos, para os bebês e para as crianças mais velhas (Lc 2.12,16; 18.15; 1Pd 2.2). Em Atos 7.19, “brephos” refere-se às crianças mortas por ordem de Faraó. Mas em Lucas 1.41,44 a mesma palavra é empregada referindo-se a João Batista, enquanto ainda não havia nascido.

O feto tem alma.

Há evidências científicas e bíblicas de que a alma (vida) humana começa na concepção. Norman Geisler (2001, p. 453) citando a Dra Matthew-Roth da Faculdade de Medicina de Harvard diz que: “na Biologia e na Medicina, é fato aceito que a vida de qualquer organismo individual que se reproduza por forma sexuada inicia no momento da concepção, ou da fertilização”. Do ponto de vista bíblico, a origem da vida inicia na concepção (Sl 139.13-16; Jr 1.5; Zc 12.1-b; Lc 1.41). Renovato (2008, p. 274) diz: “cada vez que um gameta masculino funde-se com um feminino, no casamento, ou fora dele, pela lei do Criador, forma-se um conjunto espírito + alma dentro do homem”. Para Deus, o embrião não é “só um punhado de tecidos”; ao contrário, Deus já sentia afeto e amor por nós quando estávamos sendo tecidos dentro do ventre de nossa mãe (KAISER JR, 2005, p. 146). Hoje em dia: “O direito à vida intrauterina é substituído pelo direito incondicional da mulher sobre o próprio corpo, que, por meio do aborto, decreta a morte do fruto do seu ventre” (BAPTISTA, 2023, p. 59).

A mulher tem direito sobre seu próprio corpo.

Este é o principal argumento do movimento feminista: “meu corpo, minhas regras”. No entanto, é necessário fazer algumas considerações. Vejamos:

(a) do ponto de vista jurídico: o aborto ainda é crime no Brasil. A conduta de aborto esta tipificada pelo Código Penal Brasileiro entre os artigos 124 e 126. Trata-se de um crime contra a vida;
(b) do ponto de vista científico: é bom destacar também que o feto não é prolongamento do corpo da mulher. Dados científicos mostram que “a partir da concepção eles tem o seu próprio sexo, que pode diferir da mãe; depois de quarenta dias da concepção tem as próprias ondas cerebrais; a pós algumas semanas já possuem seu próprio tipo sanguíneo, que pode ser diferente da mãe, e suas próprias impressões digitais” (GEISLER, 2017, p. 160). Logo, é um indivíduo dentro de outro;
(c) do ponto de vista de saúde pública: se ignora as complicações, danos e consequências emocionais, psicológicas e físicas desta prática; e,
(d) do ponto de vista bíblico: a violência contra o corpo de outrem é pecado (Gn 9.6; Êx 20.13; Mt 5.21; Rm 13.9; Tg 2.11).

O aborto não é justificável biblicamente.

O aborto é proibido no Brasil, apenas com exceções quando há risco à vida da mãe, quando a gravidez é resultante de um estupro e se o feto não tiver cérebro (anencefalia). Nesses três casos, permite-se à mulher optar por fazer ou não o aborto. No entanto, a Bíblia se posiciona contrária ao aborto mesmo nestas situações, pois nada justifica a morte de um inocente (Dt 19.10; Sl 106.38; Jr 2.34). Não temos o direito de escolher quem deve ou não viver, isto compete exclusivamente a Deus, que é o autor da vida (Gn 2.7; Sl 139.13-16; Jó 33.4). O Código Civil, em vigor desde 2002, ao tratar da “personalidade e da capacidade”, protege a vida desde a concepção ao legislar que “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepçãoos direitos do nascituro” (Art. 2º do CC). Esse dispositivo é interpretado por diversos civilistas do seguinte modo: “[…] ent endemos que na verdade o início legal da consideração jurídica da personalidade é o momento da penetração do espermatozoide no óvulo” (DINIZ, 2012, p. 102). Pode-se [...] considerar o início da vida na concepção e assim caracterizar o aborto como atentado à vida (BAPTISTA, 2018, p. 49).

V - O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A VIDA HUMANA

A vida humana é um dom de Deus.

A vida é um dom de Deus e um feto tem vida. Paulo diz que é Deus “quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (At 17.25). É Ele quem forma o corpo humano no ventre (Sl 139.13). Ana cantou: “O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1Sm 2.6). Veja ainda (Jó 1.21; 33.4; Sl 31.15; Jo 1.3).

A vida humana é sagrada.

A vida quer no estágio inicial ou no terminal, é sagrada aos olhos de Deus (Nm 16.22). Quando Deus fez o ser humano o fez segundo a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Até mesmo depois do pecado esta imagem e semelhança não foi erradicada (Gn 9.6; Tg 3.9). O corpo é templo do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.19; Tg 4.5). O valor da vida não depende dos anos acumulados, nem da capacidade física ou intelectual da pessoa. A vida é um bem pessoal, intransferível e incalculável (Mc 8.37).

A vida humana deve ser respeitada e protegida.

Dos Dez Mandamentos, seis dizem respeito ao nosso compromisso com o próximo (Êx 20.12-17). Portanto, o sexto mandamento “Não matarás” (Êx 20.13), se constitui numa agressão contra a vida alheia. Não podemos furtar o direito do outro de viver. E, em se tratando de um “feto” há ainda muitos agravantes, pois este pequeno ser não pode gritar por socorro, nem pode se defender, tampouco fugir. Acrescenta-se ainda que ele não pediu para vir ao mundo. Em caso de estupro “a adoção e não o aborto é a melhor alternativa” (GEISLER, 2017, p. 165).

CONCLUSÃO

Enquanto as legislações de vários países estão legalizando a prática de aborto, nós cristãos permanecemos sob a égide da Palavra de Deus, que é nosso código de conduta imutável e absoluto. Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana, seja de um ser humano em gestação ou já nascido.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. As novas fronteiras da Ética Cristã. CPAD, 2010.
BAPTISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o Império do Mal: como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. CPAD, 2023.
BAPTISTA, Douglas. Valores Cristãos: enfrentando as questões morais de nosso tempo. CPAD, 2018.
GEISLER, Norman. Ética Cristã: opções e questões contemporâneas. VIDA NOVA, 2015.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA, 2001.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
PALLISTER, Alan. Ética Cristã Hoje. São Paulo: Shedd Publicações, 2015.
KAISER JR, Walter. O Cristão e as Questões Éticas da Atualidade: Um Guia Completo para Pregação e Ensino. Editora Vida Nova, 2022.
IEADP - Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais